19 - abril - 2024
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Alzheimer: o que você precisa saber sobre a doença

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Esquecimento sempre significa Alzheimer?

alzheimer
Crédito: Freepik

A redução da memória é um sintoma intrínseco ao envelhecimento. Assim como a pele, o cérebro também sente o passar dos anos. Mas o esquecimento deve ligar o nosso alerta quando passa a atrapalhar a vida do idoso, diz a neurologista Jerusa Smid, secretária do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). “Ele passa a ser um problema quando interfere nas atividades diárias, como a conta bancária”, exemplifica. E esse problema pode ser a doença de Alzheimer.

Se atrapalha a vida do idoso, a resposta pode ser sim; neurologista dá dicas de prevenção e fala sobre os fatores de risco.

Aproveito este 21 de setembro, quando se comemora o Dia Mundial de Doença de Alzheimer, e reúno aqui no Papo no Consultório algumas informações que podem ajudar a entender melhor um pouco essa doença neurodegenerativa de causas ainda desconhecidas. Em tempo, a data foi escolhida em 1994 pela OMS para conscientizar a população sobre o problema.

O alerta da Associação Internacional de Alzheimer já é conhecido entre os médicos: a doença é a principal causa de demência no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, só no Brasil, ela atinge cerca de 1,2 milhão de pessoas. Mas a tendência é esse número crescer com o aumento da população idosa. Jerusa Smid explica que a prevalência da demência duplica a cada cinco anos depois dos 65 anos de idade.

Fases do Alzheimer

De acordo com a ABN, a doença pode ser dividida em pelo menos três estágios: leve, moderado e avançado. No início, os sintomas de esquecimento são atribuídos ao envelhecimento. Mas, aos poucos, ocorre piora da memória, com repetitividade excessiva, dificuldade em se guardar recados e se manter atualizado. Surgem, ainda, dificuldades para realizar tarefas complexas, como cuidar de finanças, como Jerusa Smid explicou.

Na fase moderada, passa a ser necessária a ajuda em atividades corriqueiras, como se vestir e sair de casa. Na etapa final, quando o Alzheimer está em estado avançado, o paciente já não consegue mais tomar banho, comer sozinho nem cuidar da higiene. Como o Alzheimer é uma doença sem cura, o tratamento pode ajudar a controlar e a reduzir os sintomas. As alternativas incluem medicamentos, reabilitação cognitiva, terapia ocupacional e atividade física regular, além dos controles de pressão alta, diabetes e colesterol.

Como principal recomendação, fica o alerta: se a pessoa perceber que a memória piorou em um intervalo de seis meses a um ano, deve procurar fazer avaliação com um especialista. Isso vale também para o familiar do idoso. “O importante é prestar atenção em cada sinal e procurar imediatamente o médico, pois o Alzheimer é uma doença progressiva e não tem cura. E é responsável por 50% a 60% dos casos de demência”, orienta Michelly Siqueira, presidente da Associação Brasileira de Alzheimer, regional Minas Gerais (Abraz-MG).

8 fatores de risco

  1. O principal fator de risco é a idade. São raros os casos que ocorrem antes dos 60 anos e que têm causas genéticas.
  2. Escolaridade. O risco aumenta duas vezes para o analfabeto.
  3. Perda auditiva adquirida no adulto de 45 a 65 anos.
  4. Tabagismo.
  5. Diabetes.
  6. Sedentarismo.
  7. Depressão.
  8. Sexo feminino.
Fonte: Neurologista Jerusa Smid,  secretária do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN)

 Dez sinais que podem ajudar no diagnóstico

  1. Perda de memória, especialmente de acontecimentos mais recentes.
  2. Dificuldade em executar tarefas do cotidiano, como usar o telefone ou cozinhar.
  3. Desorientação, não identificando a data, a estação do ano nem o local onde se encontra.
  4. Problemas de discernimento, como dificuldade em se vestir de acordo com a estação do ano, por exemplo.
  5. Problemas de linguagem, como esquecimento de palavras simples associado à dificuldade de compreensão da fala e da escrita.
  6. Repetir conversas ou tarefas, devido ao esquecimento constante.
  7. Trocar o lugar das coisas, como colocar o ferro de passar roupa na geladeira, por exemplo.
  8. Alteração brusca do humor sem razão aparente.
  9. Alteração na personalidade de modo a se identificar na pessoa apatia, confusão, agressividade ou desconfiança.
  10. Perda de iniciativa, com características de desinteresse pelas atividades habituais, apresentado apatia.

Fonte: Alzheimer’s Disease Internacional

5 dicas de prevenção

  1. Cuide de seu coração. Prevenindo os fatores de risco para as doenças cardiovasculares – como colesterol alto, diabetes e hipertensão arterial -, você também ajuda o seu cérebro.
  2. Faça uma atividade física como rotina.
  3. Siga uma dieta saudável. Já está comprovado que a dieta mediterrânea, rica em ômega 3, previne a demência.
  4. Estimule seu cérebro. Tenha sempre estímulos cognitivos. Aprenda um novo idioma, a tocar um instrumento, a dançar. E faça palavras cruzadas.
  5. Mantenha-se socialmente ativo. Não se isole do mundo. Participe das festas de família, das reuniões de condomínio. Circule nos meios sociais.
Fonte: Neurologista Jerusa Smid,  secretária do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN)

Veja as principais dúvidas

Doença

É transmitida geneticamente?

Existem estudos que mostram mutações genéticas e a história familiar pode ser um fator de risco. Entretanto, devem-se considerar outros aspectos. O fato de ter pai/mãe com a doença não quer dizer que se terá a doença. Isso, pois, é considerado apenas um fator de risco. Isto é, se o pai teve, não necessariamente o filho terá.

Há cura?

Muitos estudos científicos buscam a cura mas, até o momento, não há previsão de cura. Portanto, os tratamentos disponíveis buscam retardar o desenvolvimento da doença, que é progressiva. É importante ressaltar que, quando se inicia o tratamento logo na primeira fase da doença, os resultados tendem a ser mais efetivos.

O primeiro sintoma é sempre a perda da memória?

É comum que a perda de memória seja o primeiro sintoma a ser percebido, mas não necessariamente é o primitivo que se manifesta. Outros sintomas podem aparecer logo no início da doença como a instabilidade emocional, mudanças comportamentais, dificuldades de concentração ou motoras, e dificuldade de tomar decisões e de realizar tarefas que eram fáceis de se executar anteriormente. Esses sintomas podem ser confundidos com estresse ou fadiga, dificultando, assim, sua identificação. Ao perceber mudanças e perdas, é importante que o paciente passe por uma avaliação médica com um clínico geral ou que procure especialistas em neurologia, geriatria e psiquiatria.

Diagnóstico

Quais exames se pedir quando existe a suspeita?

  • Exames laboratoriais: hemograma completo, sódio, potássio, ureia, creatinina, vitamina B12.
  • Exames de imagem: tomografia computadorizada, ressonância magnética, eletroencefalograma, Spect.
    Outros exames devem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças. Faz parte da bateria de exames complementares uma avaliação aprofundada das funções cognitivas. A avaliação neuropsicológica envolve o uso de testes psicológicos para a verificação do funcionamento cognitivo em várias esferas. Os resultados, associados aos dados de história e observação do comportamento do paciente, permitem identificar a intensidade das perdas em relação ao nível prévio e o perfil de funcionamento permite a indicação de hipóteses sobre a presença da doença.

O que é teste neuropsicológico, quem o aplica e onde?

A avaliação neuropsicológica compreende uma bateria de testes psicológicos para verificação de funcionamento cognitivo e deve ser feita por psicólogos especializados nessa área. O teste tem duração de cinco horas, em média. São aplicados instrumentos que avaliam memória, capacidade de planejamento, linguagem, atenção e outras funções cognitivas, com o objetivo de:

  • Auxiliar no diagnóstico.
  • Planejar estimulação cognitiva.
  • Orientar as famílias quanto às atividades, autonomia, decisões e riscos envolvidos na rotina do paciente.

O diagnóstico é 100% certo?

Não. Na prática, o diagnóstico é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico que irá definir, a partir da história e de exames, qual a principal hipótese para a causa de demência. A eficácia do tratamento também reforça a hipótese do diagnóstico. A certeza do diagnóstico só pode ser obtida através do exame microscópico do tecido cerebral, procedimento que, por apresentar riscos ao paciente, costuma ser indicado apenas em situações muito específicas. O exame pós-morte, raramente realizado, confirmaria com 100% de certeza.

Tratamento e prevenção

Exercícios que estimulem o raciocínio ajudam a evitar o declínio da memória? 

Sim. Por exemplo,  jogos, palavras cruzadas, sudoku e outros exercícios que desafiam e estimulam cognitivamente o paciente com doença de Alzheimer podem ajudar no tratamento.

Posso alterar a dose dos remédios para aumentar o efeito?

Não. Além disso, não administre outros medicamentos sem conhecimento prévio e consentimento do médico responsável, pois há risco de interações medicamentosas, ou seja, interferência no efeito dos medicamentos habituais.

Qual o efeito de produtos naturais e receitas caseiras no tratamento da doença de Alzheimer?

Então, não há comprovação científica do efeito desses produtos. Relatos de curas milagrosas são tentadores, mas cuidado! Não há cura. Portanto, é preciso aceitar essa condição para tratar o doente.

Fonte: Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz)
Leia mais:

As 10 doenças que mais afetam o brasileiro idoso

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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