29 - março - 2024
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Aneurisma cerebral e os desafios para o diagnóstico precoce

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Veja os riscos do aneurisma cerebral

Manter hábitos saudáveis e doenças crônicas sob controle ajuda na prevenção
aneurisma cerebral
Crédito: Feepik

O aneurisma cerebral atinge 2% da população mundial ao ano. O maior risco é o seu rompimento e a consequente hemorragia. O grande problema para médicos e pacientes é que, antes de se romper e sangrar, o aneurisma é silencioso.E, quando há sangramento, a taxa de mortalidade é muito alta: em torno de 40% a 50% dos casos. Um em cada quatro pacientes morre quando o aneurisma se rompe. Dos que sobrevivem, apenas cerca de 10% a 15% voltam a realizar as mesmas atividades de antes.

O médico neurocirurgião Luiz Daniel Cetl, preceptor de cirurgia de tumores cerebrais no Departamento de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o aneurisma cerebral surge devido a um defeito da parede da artéria. Essa fraqueza da parede da artéria é congênita (a pessoa nasce com ela). Mas o aneurisma leva décadas para se desenvolver e, geralmente, só é diagnosticado quando ocorre hemorragia.

Sintomas após o sangramento

Quando ele se rompe, o principal sintoma relatado é uma intensa e repentina dor de cabeça. O paciente apresenta rigidez na nuca e pode ter perda de consciência e vômitos. Em alguns casos, explica o médico, o paciente também pode ter sintomas neurológicos. Pode haver perda de força, de sensibilidade, de coordenação ou de equilíbrio e dificuldade para falar. Diante desses sintomas, deve-se sempre procurar imediatamente um pronto-socorro.

Estatísticas apontam que um aneurisma cerebral apresenta em média 1% a 2% de risco de ruptura ao ano. “O problema é que a ruptura de um aneurisma, apesar de incomum, é um evento dramático”, explica o neurocirurgião.

Cerca de 15% dos pacientes morrem antes de chegar ao hospital. E metade morre no primeiro mês da ruptura. “Aproximadamente, 30% dos pacientes com ruptura de aneurisma têm déficits de moderados a severos. Estima-se que, entre 8% a 20%, são dependentes de auxílio para atividades diárias”, diz o médico.

“E vale destacar ainda que em torno de 65% dos pacientes com aneurisma roto (rompido) que têm os aneurismas tratados com sucesso não retornam ao mesmo nível de qualidade de vida de antes do sangramento”, alerta Cetl.

 

Diagnóstico

Por ser assintomática, a doença costuma ser identificada acidentalmente, quando são realizados exames para outras queixas do paciente. “A partir dessa identificação, é possível determinar o procedimento e o tratamento adequados”, explica o neurocirurgião.

Infelizmente, na maioria dos casos, o diagnóstico de um aneurisma cerebral é feito quando ele sangra, o que pode provocar uma terrível e súbita dor de cabeça, além de perda da consciência.

“Está sendo estudada a criação de rotinas de diagnóstico, mas que ainda não evoluíram devido à complexidade de identificação em exames mais comuns de imagem”, diz Cetl. Ele explica que a angioressonância (exame de imagem) pode ser uma das indicações para a identificação da doença, embora não detecte 100% dos casos.

Tratamento

Quando o aneurisma é diagnosticado a tempo, é indicado o seu monitoramento. Detectado antes do rompimento, ou mesmo em casos de urgência/emergência, são indicados os procedimentos endovascular (para isolamento do aneurisma) ou de microcirurgia (cirurgia aberta com auxílio de microscópio cirúrgico). “O objetivo de todo tratamento é excluir o aneurisma da circulação sanguínea, evitando-se assim a ruptura e o sangramento, que pode ser fatal em 25% dos casos”, diz o médico

Na embolização, é colocada uma mola na região interna do aneurisma cerebral, através de cateterismo, por angiografia cerebral digital. “Através da introdução de um cateter na artéria femoral na região inguinal (coxa) é possível chegar até o aneurisma no cérebro”, explica o neurocirurgião.

O procedimento não exclui o risco de parte do aneurisma não ficar completamente isolada, podendo ocorrer um crescimento no futuro. “Na recidiva, ele é mais difícil de ser tratado”, alerta o médico.

Outra técnica é a microcirurgia para clipagem do aneurisma. Nesse procedimento, é usado um microscópio cirúrgico para abrir o crânio e visualizar o aneurisma. É feito o afastamento cerebral e colocada uma delicada peça metálica (clip) no colo do aneurisma para bloquear a circulação do sangue no cérebro. Assim, evita-se um novo sangramento.

Complicações

O grande risco do aneurisma é a ruptura e a consequente hemorragia no cérebro. “Nesses casos, é imprescindível que se leve o paciente imediatamente ao hospital. Uma vez que houve um sangramento, existe a possibilidade de uma contração dos vasos, e o sangue pode ter se esparramado no cérebro, levando as artérias a se contraírem”, alerta Cetl. Além disso, dependendo da intensidade e da gravidade, o aneurisma pode levar a uma isquemia cerebral ou vasoespasmo – que podem deixar sequelas neurológicas.

O volume do sangramento intracraniano é a principal causa de morte de casos de aneurisma. “O sangramento faz com que a pressão intracraniana aumente, diminuindo a perfusão cerebral e, sem sangue, o cérebro morre. A mortalidade em alguns casos ocorre também devido a ressangramentos e vasoespasmos”, explica o médico.

Prevenção

Embora não se possa antever um aneurisma cerebral, algumas mudanças de comportamento ajudam na prevenção. Recomenda-se praticar atividade física com frequência, ter uma boa alimentação, abandonar o cigarro e, pelo menos, reduzir a ingestão de bebida alcoólica, além de manter controladas doenças crônicas como hipertensão, diabetes e colesterol, entre outras.

 

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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