28 - março - 2024
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Câncer infantil: o depoimento de uma mãe que luta há um ano contra a doença

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“Aos 5 anos, Caroline apresentava
sinais incomuns para a idade”

“Em outubro de 2006, quando eu tinha 19 anos, perdi minha mãe. Ela descobriu o câncer de mama quando eu estava com 11 anos. Retirou o seio e fez a quimioterapia em Belo Horizonte (MG). Nos meus 15 anos, o câncer dela voltou, dessa vez no estômago. Ela retirou parte do estômago e ficou livre. Eu tinha 19 anos quando minha mãe descobriu uma recidiva agressiva que acometeu o pâncreas dela. Ela morreu três meses após a minha formatura no ensino médio.

Meu mundo caiu. Eu me senti sem chão. Uma dor horrível, sem explicação. Fiquei deprimida, desestruturada.Recebia muito apoio do meu pai e dos meus quatro irmãos – somos três mulheres e um homem. Mas não era o mesmo apoio da minha mãe.

Gravidez não planejada

Em 2009, meu pai conheceu a avó da Caroline, por meio de uma tia minha que reside em Boa Esperança (MG). Nessa época, eu morava em Belo Horizonte. Fui até Boa Esperança, onde conheci o pai da Caroline. Ficamos, e engravidei em um curto período de tempo.

Resultado: uma gravidez não planejada. Fui rejeitada inicialmente pelo pai da Caroline, passei os nove meses aflita e sozinha. O pai dela não me acompanhou durante a gestação. Mas recebi um grande apoio do meu pai e dos meus irmãos.

Ganhei a Caroline no dia 19 de julho de 2010. Inicialmente, foi muito difícil, até porque não tinha o pai dela nem a família dele para me ajudar, não tinha minha mãe… E cuidar de um recém-nascido foi um desafio bem grande. Mas tive ajuda de uma grande amiga, Samira, que me levou para a casa dela.

A Samira e a mãe dela me ajudaram a cuidar de Caroline, ensinaram-me a amamentar, a dar banho, trocar fraldas, curar umbigo. Após os primeiros meses, passei a ter mais segurança para cuidar de minha filha. Ela foi crescendo, e fui aprendendo a ser mãe, a cuidar dela da melhor forma que eu podia.

Perda do pai

Em 2012, meu pai foi diagnosticado com um câncer no esôfago. Em julho de 2014, ele faleceu. Foi também um período difícil, doloroso. Saber que nunca mais veria meu pai foi uma dor indescritível. Quando ele morreu, Caroline tinha 4 anos. Para ela, também foi difícil, pois a referência dela era o avô, já que o pai dela era bem ausente.

Aos  5 anos, Caroline apresentava alguns sinais que não eram comuns para a idade. Tinha odor debaixo do braço, acne na região da testa e pelos pubianos (virilização). No início, eu achava que podia ser um descontrole hormonal, mas, não, um câncer, pois ela não reclamava de dor. Tinha febre, mas sempre relacionada a alguma dor de garganta ou de ouvido.

Câncer infantil

câncer infantil
Crédito: Arquivo Pessoal/Mari Diniz

Caroline fez ultrassom em janeiro de 2016 e logo foi diagnosticada uma massa suspeita do tamanho aproximado de uma laranja entre o baço e o rim. Ela foi encaminhada por um endocrinologista para um hospital em São Paulo. Em fevereiro, retirou o tumor. A biópsia revelou um câncer no córtex da suprarrenal (glândula localizada acima de cada rim) – um tipo de câncer raro.

Em junho, exames de controle mostraram que o tumor havia voltado, dessa vez para o pulmão e com múltiplos nódulos (esse tipo de câncer dá metástase para o pulmão, cérebro e ossos). Não seria possível a cirurgia, pois eram vários, e estavam na base dos dois pulmões dela. Em julho, ela iniciou as quimioterapias…

“Aí, tirei força de onde não tinha. Ajoelhei, pedi a Deus pela vida dela, entreguei a vida dela em Suas mãos e pensei, Deus me deu ela, Deus me tira. Em oração, apenas relatei a Ele que achava que eu não suportaria viver sem meu anjo, sem Caroline…”

Caroline tomava três tipos de drogas diferentes (cisplatina, doxorrubicina, e etoposídeo). Ela recebia essas drogas durante sete dias (o chamado ciclo quimioterápico) e tinha um intervalo de 21 dias entre um ciclo e outro. Além de sete comprimidos de 500 mg (mitotano/lisodren) que ela tinha que tomar diariamente, o medicamento ficava em torno de R$ 3.000. O hospital de São Paulo não tinha para nos fornecer. Nesse período, a Prefeitura de Santo Antônio do Amparo comprou os medicamentos orais para ela.

Lembranças da mãe

O cabelo da minha filha começou a cair, e o meu coração a despedaçar também, porque ela trazia lembranças minha mãe… Nesse período, fiquei em uma casa de apoio em São Paulo. Mas, quando o tratamento estava na metade, precisei lutar por um tratamento melhor, pois o hospital em São Paulo estava em crise. Caroline tomava uma droga que se chamava cisplatina, a medicação causava dores de cabeça e, no hospital, não tinha dipirona ,devido às crises financeiras. O tratamento era feito pelo SUS.

No meio do tratamento, conseguimos transferir Caroline para o convênio e fomos para o hospital São Lucas, em Belo Horizonte. O tratamento foi bem melhor, completo, com um médico bem-conceituado e empenhado pela causa dela.

Remissão do câncer

Em fevereiro deste ano, ela concluiu todas as quimioterapias com a doença em remissão. Mas, como foi um tratamento bem agressivo, Caroline não se alimentava bem e tinha dificuldades para tomar o medicamento oral (mitotano). Após as sessões das quimioterapias endovenosas (pela veia), ela teve um desidratação intensa e chegou em choque hipovolêmico no hospital São Lucas. Nesse dia, o coração apertou mais uma vez e senti que iria perdê-la. Pedi a Deus força e ajuda.

Caroline ficou um dia no CTI. O caso foi revertido e, aos poucos, ela foi melhorando. Os remédios orais (quimioterápicos) foram suspensos. Durante o tratamento, Caroline também precisou tomar soro algumas vezes e de transfusões de sangue.

Fomos, neste mês de junho, a um retorno em Belo Horizonte, e os exames estavam todos bons. Caroline está limpa. Bom, ela ainda irá precisar de um controle com exames de sangue (o SDHEA, que é um exame de sangue hormonal específico que pode determinar, juntamente com outros, se ela tem ou não a presença do câncer do córtex da suprarrenal) e exames de imagem durante um bom tempo.

Controle e acompanhamento

câncer infantil
Crédito: Reprodução/Twitter

Desde o início das quimioterapias, Caroline precisou iniciar o uso de dois medicamentos: o fludrocortisona e o prednisolona, que são corticoides para controlar a insuficiência adrenal decorrente da retirada da glândula suprarrenal esquerda e das quimioterapias que afetaram a adrenal direita. Ela ainda usa esses medicamentos e faz controle com o médico endocrinologista.

Como o convênio é participativo, claro que nos gerou altos custos. Minha irmã estava me ajudando a pagar, mas os boletos vêm altos demais durante alguns meses. Como minha renda que é o benefício que recebo de Caroline (LOAS) e a pensão, que é baixa, é bem difícil manter as contas em dia. Daí decidi lançar algumas campanhas para pedir ajuda e conseguimos quitar um dos boletos que vieram mais altos. Agora, o desafio será manter o plano de saúde, já que transferir a Caroline para o SUS não será viável no momento.

Leia mais:

País tem 35 casos de câncer infantil por dia

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6 COMENTÁRIOS

    • Oi André! Sou Mariana mãe de Caroline, caso queira contribuir pra campanha tem os dados no banner do depoimento. Ou pelos dados desta conta;
      Conta Mariana Avelar Diniz (mãe de Caroline) / agência 0364-6 / conta corrente 64148-0 / banco do Brasil / CPF 08090721656
      Conta Caroline Aparecida Diniz Moscardini / agência 6564-1 / conta poupança 1001166-3 / banco Bradesco/ CPF 128877196-70

      • Oieee !! Muito bom saber que ela está limpa e vc num caminho abençoado e FÉ. Pode contar com minha ajuda mensal enquanto Caroline estiver tomando seus remédios para a cura definitiva.
        Que Deus esteja sempre com vcs.

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Mari Diniz
Mari Diniz
Mari, 30, mãe da Caroline, 6, que foi diagnosticada com câncer no córtex da suprarrenal em 2016. Aqui, em depoimento ao Papo no Consultório, ela conta sua luta para conseguir tratamento para a filha. Crédito da foto: Mari Diniz/Arquivo pessoal.

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