25 - abril - 2024
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Depressão: precisamos falar mais sobre esse assunto

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Vamos conversar sobre depressão?

Se você conhece alguém com a doença, escute o que ela tem a dizer. Se é você que sofre com o problema, dê o primeiro passo hoje e fale com alguém
depressão
Crédito: Freepik

Neste 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, vou falar de depressão. Não daquela tristeza inerente ao ser humano e que nos dias atuais tem sido praticamente expulsa das rodas sociais. Mas da doença que passa despercebida, inclusive, pelas pessoas mais próximas e queridas. Que, muitas vezes, é vista nos extremos: como fraqueza ou como frescura. E que, sim, precisa ser diagnosticada o mais precocemente possível e deve ser tratada.

“Há uma tendência em se confundir tristeza, que é um afeto natural frente a dificuldades e perdas, com depressão. Talvez até pela dificuldade humana em lidar com a angústia e querer soluções prontas para suas dores”, explica a psiquiatra e psicanalista Gilda Paoliello, professora do curso de pós-graduação de psiquiatria do Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (Ipemed), em Belo Horizonte.

“Depressão: vamos conversar” é o lema da campanha da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) neste Dia Mundial da Saúde. A campanha alerta para a necessidade de se falar de um assunto que, por mais que seja conhecido, ainda é tratado como tabu, como tantos outros transtornos psiquiátricos.

“A depressão afeta não só você, mas os que estão à sua volta: sua família, seus amigos e colegas. Afeta comunidades e sociedades e tem um alto custo social e econômico. Devido ao estigma associado à depressão, poucos querem falar sobre ela”, lembra Carissa F. Etienne, diretora da Opas/OMS, no vídeo da campanha divulgado pela organização.

“Do ponto de vista psiquiátrico a depressão é definida como um transtorno de humor caracterizado pela tristeza e desinteresse pela vida, nos mais diversos graus.”

Gilda Paoliello, psiquiatra

Perda da esperança

“Depressão, a dor de existir descrita pelos filósofos, é um estado de entristecimento patológico no qual a pessoa se sente desestimulada ou desesperançada frente a vida”, define Gilda. A pessoa perde a capacidade de sentir prazer, de fazer projetos, de acreditar em si mesma.

A sintomatologia é muito variada. “Pode ir desde a sensação de tristeza e desânimo até ao desespero, sendo a causa mais frequente de suicídios”, explica a psiquiatra. Os sintomas podem incluir, ainda, insônia, sonolência diurna, inapetência, desesperança e somatização – o deslocamento desses sintomas para o corpo, provocando dores e até doenças físicas.

“Não há experiência psíquica sem perdas. Transformar as perdas em produção simbólica e novas formas de subjetivação podem possibilitar uma revisão nos valores e uma nova forma de relação com a vida, com as pessoas e também consigo próprio.”

Gilda Paoliello, psiquiatra

Tratamento

“O primeiro passo para receber tratamento é falar”, alerta a diretora da Opas/OMS na campanha. “Se você conhece alguém com depressão, escute o que ela tem a dizer. Se você sofre com depressão, dê o primeiro passo hoje. Fale com alguém”,  convida. Para ela, é tempo de romper o silêncio e acabar com os preconceitos que cercam esse transtorno mental. “Toda pessoa com depressão merece apoio, respeito e bons cuidados”, ressalta.

O paciente deve ser avaliado por um psiquiatra,  que pode detectar tanto a gravidade dos sintomas quanto a interferência deles na sua vida. “As depressões leves não precisam ser medicadas e respondem muito bem a um suporte psicoterápico. As mais graves necessitam de medicações, os antidepressivos”, explica Gilda.

A psiquiatra diz que, sob o ponto de vista medicamentoso, as possibilidades de tratamento se ampliaram muito. As medicações atuais, garante, são muito mais bem-suportadas. “Mas a psicoterapia deve sempre ser associada aos medicamentos. É importante a pessoa ter possibilidade de expressar seu sofrimento para relativizar e elaborar sua dor e, principalmente, avaliar sua responsabilidade nesse sofrimento para construir mudanças positivas em sua vida”, explica a psiquiatra.

Estatísticas

Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão no mundo. Nas Américas, esse número fica em torno de 50 milhões. No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) de 2013, são 11 milhões de pessoas com a doença. A PNS 2013 aponta que a depressão é a terceira doença mais comum entre a população brasileira (7,6%). Mas, entre as mulheres, esse índice sobe para 10,8%. A cada 10 mulheres que você conhece, uma sofre com depressão.

“Vejo nesses dados questões objetivas, como o metabolismo o hormonal da mulher, sujeito a muito mais varáveis do que no homem, e as questões culturais mantendo ainda algumas mulheres mais suscetíveis a submissões, à violência contra a mulher”, analisa Gilda.

Sob o ponto de vista subjetivo, a psiquiatra lembra que a mulher tem mais facilidade para falar sobre as próprias dificuldades e dores, enquanto o homem, culturalmente, apresenta-se como “durão”. “Avalio que essa maior transparência da mulher em se expor aumente o índice feminino nas pesquisas. Essa é uma percepção minha, a partir de minha experiência clínica de 40 anos”, diz.

 Três perguntas

1) A depressão é hereditária? Se a mãe tem, o filho também apresentará o problema?

Não necessariamente, pois a posição pessoal diante da vida possibilita saídas construtivas. Mas o fator hereditário é importante, principalmente, nos quadros graves de depressão. Podemos dizer, de uma forma ampla, que as depressões podem ser reativas a acontecimentos vitais e/ou associadas a fatores cerebrais ligados às substâncias que fazem a transmissão dos impulsos cerebrais, os neurotransmissores.

2) Existem gatilhos para a depressão? Como perda de emprego, separação, diagnóstico de uma doença, morte…

A depressão pode ser causa ou consequência de outros problemas. E tem ligação de várias formas com outras doenças. Uma pessoa deprimida está mais propensa a adoecer também fisicamente. Ela se fragiliza e tem sua imunidade comprometida. Da mesma forma, vários problemas clínicos podem causar ou precipitar uma depressão. Problemas da tireoide, por exemplo, são causas frequentes de depressão. Até algumas medicações, como corticoides, hormônios e anticoncepcionais, podem ter a depressão como efeito colateral. O abuso de álcool e drogas também é causa frequente de quadros depressivos.

3) De um lado, as pessoas têm tratado casos de tristeza como depressão. Mas, muitas vezes, o que vem sendo tratado como uma simples tristeza pode ser uma depressão e precisar de ajuda profissional…

Apesar de se falar tanto em depressão atualmente e também de se ampliar “pseudodiagnósticos“  de tristeza para depressão, há ainda muitos casos não diagnosticados, por desconhecimento da pessoa, dificuldade em procurar ajuda por falta de acesso ao tratamento. Mas também, muitas vezes, por preconceito em relação às questões psiquiátricas – o que ainda existe.

Fonte: Gilda Paoliello, psiquiatra e psicanalista. Professora do curso de pós-graduação em psiquiatria do Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (Ipemed). Membro da Câmara Técnica do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG).
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    • Murilo,
      É possível superar a depressão, sim. Mas, muitas vezes, é necessária uma ajuda profissional, além, é claro de apoio na família.
      Um abraço,
      Carla

  1. Realmente muito bom este post! Conteúdo Relevante!
    Gostei bastante do site, vou ver se acompanho toda semana suas postagens.
    Trabalho pela internet a alguns anos com meu blog de decoração e adoro
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  2. Carla muito bom estar por dentro desses assuntos pois muitas vezes achamos que entendemos e na verdade nada é como imaginamos , vejo a cada vez que leio sobre o assunto que sempre aprendemos um pouco , mas continue nos alertando , abraços , johnny.

    • Johnny,
      Há muitas informações sobre saúde na internet, mas elas nem sempre são de fontes confiáveis. Espero contribuir para a divulgação de informações atualizadas e seguras para a saúde.
      Abraço,
      Carla

  3. É mesmo um tema que sempre me perdi lendo . sou uma pessoa que já passou por grandes cousas ruins , vindo de pessoas que mais amei na vida . As decepções são imensas . O que me deixa perdido na palavra depressão , e que , ou sou forte demais ou as pessoas que a têm são muito fracas e se entregam de primeira.

    • Alexandre,
      As pessoas reagem de forma diferente às doenças e com a depressão ocorre assim também. Para algumas é mais difícil.Que bom que você tem conseguido superar as coisas ruins.
      Abraço,
      Carla

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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