29 - março - 2024
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A cada 4 brasileiros, 3 compram remédio sem receita

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Três em quatro brasileiros que vão às farmácias comprar remédios o fazem sem receita médica. É o que aponta pesquisa feita pelo Ifepec – Instituto Febrafar (Federação Brasileira de Farmácias) de Pesquisa Continuada. “A compra de medicamentos sem receita é um sério problema que afeta a prática da medicina no Brasil, englobando todas as áreas”, alerta o médico clínico Pedro Nogueira Duarte, membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, regional Minas Gerais.

Para Duarte, o problema envolve três pontos importantes. Um deles, diz, é uma questão cultural do brasileiro. Outro fator é o reflexo indireto de uma relação médico-paciente que não foi bem-solidificada ou da falta de um médico de referência – aquela  figura a ser chamada de “meu médico”. O terceiro ponto, segundo ele, é o sistema de saúde brasileiro, “inchado e sem a devida assistência, que desampara o paciente, que prefere ir direto à farmácia a enfrentar longa peregrinação até o médico” para obter a receita.

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O médico clínico explica que a compra de remédios sem receita traz inúmeros riscos, que variam de reações simples a mais complexas e graves. “O uso indiscriminado de anti-inflamatórios, que ocorre com grande frequência, pode causar quadros de insuficiência renal e úlcera gástrica com sangramento intestinal”, diz. Duarte lembra, ainda, que, até pouco tempo atrás, os antibióticos também eram vendidos sem receita. “Por muito tempo, em um passado recente, isso teve forte contribuição para a resistência bacteriana, que é um dos grandes desafios da atualidade”, afirma.

Troca

A pesquisa apontou ainda que 44% dos brasileiros trocam o remédio hora da compra. A grande maioria (97%) faz a troca por um medicamento mais barato. Dos que substituem a medicação no balcão, 29% o fazem por desejo do próprio consumidor.

Essa troca sem a orientação do médico também traz riscos, segundo alerta Duarte. Ele explica que as alternativas devem estar na receita prescrita e que, se o médico não as colocar, o paciente tem todo o direito de solicitar que faça isso. “Vale a pena frisar a importância de ter uma referência médica de confiança, para conversar com liberdade e solucionar todas as dúvidas”, afirma.

Três perguntas
1) Nem todo medicamento precisa de receita médica, como os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Quais cuidados é preciso ter com relação à compra desses remédios?

Toda medicação deve ser comprada com orientação de um médico, mesmo quando a receita não é obrigatória. Devemos lembrar que a diferença entre o veneno e o remédio é somente a dose. Um exemplo clássico é o paracetamol, bastante usado para febre e dor. Doses elevadas estão relacionadas a quadro graves de comprometimento da função do fígado, podendo levar, inclusive, a sua falência. Protetores gástricos, como omeprazol e pantoprazol, também requerem cuidado em sua administração, pois são causa negligenciada de nefrite intersticial aguda, uma espécie de inflamação dos rins. Outro fator extremamente importante é o risco de mascarar uma doença mais grave em curso, o que pode prejudicar o tempo ideal de seu diagnóstico e, assim, postergar seu tratamento.

2) Quais os riscos de se trocar o remédio no balcão da farmácia sem orientação médica?

Os riscos são vários. Podemos citar inicialmente a escolha de uma medicação não adequada ao conjunto de comorbidades (dois ou mais sintomas ou doenças). Outro ponto é a escolha de uma medicação de qualidade inferior, sem a devida bioequivalência (equivalência do princípio ativo e de sua ação no organismo), o que compromete de forma muito decisiva o resultado e a qualidade do tratamento.

3) Se o médico não colocar alternativas de medicamentos mais baratos na receita, o paciente pode pedir a ele que faça isso?

Sim, o paciente pode e deve questionar o médico sobre alternativas e sua viabilidade. Isso deve fazer parte da consulta.

Fonte: Médico clínico Pedro Nogueira Duarte, médico intensivista do Hospital Felício Rocho e primeiro secretário da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, regional Minas Gerais.
Sobre a pesquisa

Entrevistados

4.000 consumidores em farmácias do país

Gênero

Masculino – 1.719

Feminino – 2.281

Faixa etária

< 25 anos – 849

De 25 a 59 anos – 1.854

> 60 anos  –  1.297

Consumo

Dos 4.000, 2.465 compraram medicamentos:

Marca ou genérico

37% genérico

32% marca

31% ambos

Com ou sem receita médica

74% não portavam receita médica

26% portavam receita médica

Troca de remédios

44% trocaram o medicamento – 15% por intervenção do atendente e 29% por desejo do consumidor.

Desses 44%, 97% fizeram a troca por preço menor e 3%, por preço maior.

Fonte: Pesquisa do Ifepec - Instituto Febrafar (Federação Brasileira de Farmácias ) de Pesquisa Continuada.
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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