19 - abril - 2024
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Quais vacinas o bebê de 0 a 2 anos precisa tomar?

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Tire dúvidas sobre vacinação de crianças de até 2 anos

Um bebê no Brasil precisa tomar em torno de 12 a 14 vacinas até o segundo ano de vida. Já ao nascer, deve receber a dose única da BCG (tuberculose) e a primeira dose da Hepatite B. Considerando que algumas vacinas precisam de reforço, a criança toma mais de 20 picadas de injeção nos dois primeiros anos.

A maioria das vacinas para essa faixa etária faz parte do PNI – Programa Nacional de Imunização e é gratuita. São aquelas dadas nos postos de saúde e que constam na Caderneta de Vacinação da Criança.

Há ainda as vacinas ofertadas nas campanhas do Ministério da Saúde, como a Influenza, que inclui a faixa etária de 6 meses a 2 anos. Outras, indicadas pelas sociedades Brasileiras de Imunização (SBIm) e de Pediatria (SBP), são encontradas apenas na rede particular. Nesse post, a pediatra Isabella Ballalai, presidente da SBIm (gestão de 2015 a 2018) e hoje segunda secretária da sociedade, esclarece algumas dúvidas sobre os imunobiológicos disponíveis no país.

Diferenças entre as vacinas

Comparando os calendários, observa-se que as vacinas acelulares (penta e hexa), pneumocócica 13-valente, meningocócicas ACWY e B e rotavírus pentavalente não estão disponíveis na rede pública. “Além disso, o SUS – Sistema Único de Saúde não oferece as segundas doses das vacinas varicela (catapora) e da hepatite A”, diz Isabella.

A pediatra explica que determinadas vacinas pagas são menos reatogênicas (causam menos reações), como a tríplice bacteriana acelular (DTPa), e outras são mais abrangentes. “O Programa Nacional de Imunização oferece a pneumocócica 10-valente (VPC10), por exemplo, enquanto as clínicas também dispõem da 13-valente (VPC13). O mesmo vale para a meningite ACWY e rotavírus pentavalente. No SUS, há apenas a meningite C e a rotavírus”, compara.

Programa exemplar

Se avaliarmos esses aspectos, podemos dizer que alguns imunobiológicos pagos têm vantagens. No entanto, Isabella ressalta que é um equívoco afirmar que uns são melhores que os outros. “Esse discurso pode dar a entender que as vacinas gratuitas são perigosas ou pouco eficazes, o que não é verdade. A população pode ficar tranquila porque temos um dos melhores programas de imunização do mundo”, defende.

A pediatra diz que, apesar de terem pontos de vista diferentes, os calendários objetivam elaborar estratégias de proteção. Essas estratégias, ressalta Isabella, são baseadas em evidências científicas, nas características de cada vacina, em dados epidemiológicos e na relação custo/benefício individual e coletiva. “De um lado, (existe) a responsabilidade dos governos em investir na saúde da coletividade. De outro, (existe) a responsabilidade médica também com a proteção individual”, afirma.

Proteção coletiva

“São vários os critérios considerados para introduzir novas vacinas em um programa público de vacinação”, diz Isabella. Entre eles, explica a pediatra, há fatores políticos, programáticos e relacionados à implementação da decisão. Devem ser considerados os dados epidemiológicos, as especificações das vacinas e suas fontes de suprimento, o custo-eficácia e a logística das operações. A sustentabilidade econômica do programa com a introdução da nova vacina também precisa ser avaliada, afirma.

“A decisão de incluir ou não uma vacina no calendário ultrapassa os limites de uma análise puramente sobre qual é a melhor vacina”, afirma Isabella. “Implica também, muitas vezes, a oferta da vacina para parte da população (considerada de maior risco ou estratégica para o controle da doença) ou a adoção de esquemas alternativos de doses”, explica. Ela lembra que há questões políticas e econômicas que têm implicações na segurança sanitária do país a curto, médio e longo prazos.

Prevenção individual

Já os calendários de vacinação das sociedades médicas recomendam, além das vacinas incluídas nos programas públicos, aquelas consideradas benéficas para a saúde do indivíduo. Eles consideram a eficácia e a segurança, a epidemiologia local e os riscos a que essas pessoas possam estar expostas. “Pretendem servir de orientação para o médico na definição do programa de vacinação para seu paciente”, diz Isabella.

Código de ética

A pediatra ressalta que o paciente deve receber informações justas, claras e adequadas sobre todos os imunobiológicos recomendados de forma que possa tomar suas decisões. Isabella cita o Código de Ética Médica Brasileiro (CEM), segundo o qual “o médico deve respeitar a autonomia do paciente”, não devendo tomar decisões por ele “a não ser em risco iminente de vida”.

Ainda de acordo com o CEM, lembra a pediatra, “comete falta ética o médico que realiza procedimento não autorizado pelo paciente desobedecendo o princípio da autonomia, ainda que movido por boas intenções”. O código também estabelece que o médico deve aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.

Calendário da SBIm (confira em que idade da criança a vacina deve ser dada)

Calendário do PNI 

Recomendações sobre a vacina da febre amarela (nesse post, há um quadro com as orientações do Ministério da Saúde)

Serviço

A SBIm preconiza as seguintes vacinas para crianças de até 2 anos de idade:

Hepatite B

Poliomielite inativada

Tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche)

Heamophilus inluenzae B

* As 4 vacinas acima podem ser aplicadas em combinações diferentes, como pente de células inteiras, penta acelular e hexa acelular

BCG (tuberculose)

Rotavírus

Pneumocócicas conjugadas

Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)

Varicela (catapora)

* As duas últimas vacinas acima podem ser administradas na forma de tetraviral – sarampo, caxumba, rubéola e varicela

Meningocócica B (disponível apenas na rede particular)

Meningocócica ACWY (é encontrada na rede particular; na rede pública, está disponível para adolescentes de 11 e 12 anos e durante campanhas específicas)

Influenza (gripe)

Hepatite A

Febre amarela

Fonte: Isabella Ballalai, pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Formada pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, também é membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Estado do RJ, Membro do Comitê de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro e coordenadora médica do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante.

Três perguntas

1) Existe alguma vacina com a qual mãe/pai precisa ter mais atenção com relação aos efeitos colaterais?

Todas as vacinas são bastante seguras, mas as que contêm a tríplice bacteriana de células inteiras podem dar mais reações, como febre e dor, do que as acelulares. Eventos mais graves são muito raros. Também podemos citar as vacinas pneumocócicas, que costumam ocasionar febre e dor no local da injeção; a vacina contra a meningite B, que, nas primeiras seis horas após a administração, pode causar febre durante cerca de 24 horas; e a vacina rotavírus, que pode causar um leve sangramento nas fezes, sem que isso represente perigo para a criança. Muito raramente, ela pode levar à intussepção intestinal (entrada de um segmento do intestino em outra parte do mesmo órgão).

2) Como agir quando o bebê não estiver bem (febre, mal-estar, alimentando-se mal)? É melhor atrasar a vacina?

Em geral, recomenda-se adiar a vacinação apenas em casos de febre moderada a alta (acima de 38ºC). De qualquer modo, a melhor atitude é consultar o pediatra que acompanha a criança.

3) Um assunto polêmico: vacina e autismo. Muitas pessoas acreditam na relação entre eles e têm receio de vacinar os filhos. O que tem de concreto sobre essa relação?

Nada. O boato de que a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) poderia causar autismo surgiu a partir de um estudo fraudulento publicado em 1998. Além de os resultados terem sido desmentidos por outras pesquisas, descobriu-se, posteriormente, que o autor recebeu pagamento de escritórios de advocacia envolvidos com processos contra a indústria farmacêutica. Ele foi responsabilizado criminalmente, teve o registro médico cassado e o artigo foi retirado dos arquivos da revista científica “Lancet”, que o divulgou.

Fonte: Isabella Ballalai, pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (2015 a 2018). Formada pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, também é membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Estado do RJ, Membro do Comitê de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro e coordenadora médica do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante.

Matéria atualizada em 25 de agosto de 2023

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    • Enoch,
      A vacina contra meningite ACWY e a vacina contra meningite B estão disponíveis apenas na rede particular. É preciso que o senhor verifique, na cidade onde mora, os locais que oferecem essas vacinas, o preço de cada dose e se tem vacina disponível. Mas antes converse com o pediatra de seu neto.
      Abraço,
      Carla

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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