Brasileiro vai a médico, e não faz exame de próstata
Para urologista, é preciso criar a cultura do “médico do homem”
Nos últimos seis meses, 74% dos homens brasileiros foram ao médico. A maioria deles (54%) se consultou com um clínico. E, apesar de 32% conhecerem alguém próximo que teve ou tem câncer de próstata, apenas 10% realizaram o exame preventivo.
Os dados estão na conclusão de pesquisa do Instituto Lado a Lado pela Vida – divulgada na Campanha Novembro Azul, que alerta para a prevenção do câncer de próstata.
Os números são preocupantes, afirma o médico urologista Archimedes Nardozza Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). “O câncer de próstata é o segundo mais frequente entre os homens, atrás apenas do de pele”, explica.
O câncer de próstata provocou mais de 13 mil mortes no país em 2013, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) – uma a cada 40 minutos. Segundo o órgão, mais de 61 mil novos casos devem ser registrados no país em 2016. Nardozza Júnior se diz surpreso com o índice alto de visitas ao médico. Mas ele alerta que nem todos os todos os médicos clínicos estão encaminhando o paciente para a avaliação da próstata.
Médico do homem
Para o presidente da SBU, é preciso mudar a cultura no país. Ele defende que o brasileiro veja o urologista como o médico do homem – assim como o ginecologista é o médico da mulher. O urologista poderia, assim como o clínico, solicitar os exames de sangue para avaliação geral da saúde do homem.
A pesquisa mostrou que hemograma, glicemia e colesterol foram os exames feitos com maior frequência no último ano. No levantamento, 58% dos entrevistados fizeram hemograma, 48%, exames de colesterol e 44%, de glicemia. “Temos alguns projetos em andamento para capacitar o urologista a exercer a função de clínico, solicitando esses exames para fazer a avaliação geral do paciente”, diz.
O presidente da SBU admite, no entanto, que atualmente o brasileiro se identifica mais com o médico clínico. “Na verdade, eles buscam o clínico mais para fazer um check-up. E a oferta de clínicos é maior no Brasil porque o governo incentiva mais essa especialização”, diz. Por isso, uma alternativa seria capacitar os clínicos para avaliar o câncer de próstata e encaminhar o paciente ao especialista, quando necessário.
Prevenção
“Na verdade, precisamos conscientizar a população masculina para que consulte o médico na adolescência, na idade adulta e na velhice”, diz Nardozza Júnior. No estudo, 14% dos entrevistados disseram ter hipertensão, 10%, colesterol alto, 10%, doenças respiratórias e 9%, obesidade.
Dos 9% obesos, 79% estavam na faixa etária 18 e 40 anos, o que pode aumentar os riscos de câncer de próstata agressivo. “O câncer de próstata é semelhante ao de mama. Uma vida saudável reduz os riscos da doença. E a obesidade, a raça negra e o fator familiar são considerados fatores de risco”, alerta o especialista.
O médico urologista ressalta ainda a importância de se ir ao médico com frequência na adolescência e quando se tem uma vida sexual ativa devido às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e Aids. “A sífilis voltou a ser mais incidente no país e é uma grande preocupação hoje”, diz.
Perfil dos entrevistados
O levantamento divulgado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida foi realizado pela Kaiser Associated. Foram entrevistados 1.130 homens brasileiros de 18 anos de idade ou mais, sendo que 76% deles estavam empregados e 40% tinham renda acima de 5 salários mínimos. Dos entrevistados, 38% disseram se considerar uma pessoa estressada, sendo que 82% deles tinham entre 18 e 40 anos, e 82% disseram se considerar uma pessoa feliz.
Veja 10 perguntas sobre o câncer de próstata no site da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
Leia mais sobre o câncer de próstata no site do Instituto Nacional do Câncer (Inca)
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