Neste Novembro Azul, segue o alerta: no Brasil, 195 homens, em média, têm o diagnóstico de câncer de próstata a cada dia. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é que mais de 71 mil novos casos em 2024. Com base em dados do Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta que a doença matou 17 mil homens no Brasil em 2023 – uma média de 47 por dia.
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens do Brasil, atrás do câncer de pele não melanoma. E, embora a maioria dos casos ocorra em homens acima dos 65 anos, o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento. As taxas de cura ficam acima de 90% em estágios iniciais. No entanto, o preconceito e a falta de conhecimento sobre a doença ainda levam muitos homens a evitar o exame preventivo.
O diagnóstico tardio, conforme alerta a SBU, reduz as possibilidades de cura e aumenta a letalidade do câncer de próstata. Para prevenir a doença e detectá-la em estágio inicial, é importante fazer consultas periódicas com o especialista e os exames solicitados, destaca a entidade.
Combater o tabu
Para salvar vidas, é fundamental falar objetivamente sobre o câncer de próstata, esclarecendo a importância do rastreamento, desmistificando o exame de toque retal e promovendo uma visão realista sobre o tratamento.
“No Brasil, a mulher vive em média mais sete anos do que o homem. E isso acontece porque a menina acaba (as consultas) com o pediatra e vai para o ginecologista. O menino acaba com o pediatra e não vai para lugar nenhum. Ele fica totalmente sem alguém para cuidar dele, até que ele chegue na idade adulta e que, muitas vezes sem estar informado de tudo o que pode acontecer, acaba tendo tumores oncológicos em estágios mais avançados”, explica o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres.
A SBU acredita ser importante que os jovens façam sempre exames anuais sobre suas condições de saúde. “Não falando apenas de urologia, a saúde do homem em geral, diabetes, hipertensão, colesterol, vida sedentária, obesidade, são fatores que estão aliados a tumores como o câncer de próstata”, diz Torres. “A importância de o homem fazer os exames e ter cuidado com a sua saúde é diagnosticar doenças numa fase inicial e poder tratá-las, aumentando a sobrevida desse homem”, ressalta.
Novembro Azul
O Novembro Azul é um movimento que começou em 2003 na Austrália. Todo ano, portanto, esse mês é dedicado à saúde do homem resulta em campanhas em vários países, inclusive no Brasil.
Uma das propostas da SBU, na campanha deste ano, é chamar a atenção para o fato de que o câncer de próstata apresenta poucos sintomas em sua fase inicial. E, por isso, se o homem esperar por esses sintomas, pode descobrir uma doença em estágio avançado e possivelmente em metástase (quando as células cancerígenas se espalham para outros órgãos).
O Instituto Vencer o Câncer, neste Novembro Azul, propõe uma conversa franca para reduzir o estigma e promover a prevenção e autocuidado. “O nosso maior desafio é prevenir e diagnosticar precocemente”, destaca o oncologista Fernando Maluf cofundador do Instituto Vencer o Câncer.
“A gente previne câncer de próstata com exercício físico, com dietas ricas em vegetais, em carnes brancas, pobres em gorduras, em açúcares, condimentados e embutidos, e mantendo o peso em ordem”, recomenda Maluf. “Outro ponto muito importante é fazendo os exames regulares, fundamentais para o diagnóstico precoce. Incluímos, a partir dos 50 anos, o toque retal, que faz parte do exame físico, e também o exame de sangue, que é o PSA”, complementa.
O que a próstata?
A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor masculino que, nos homens jovens, tem o tamanho de uma ameixa. Localizada na frente do reto e abaixo da bexiga, tem como função produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides.
Câncer de próstata
O que aumenta o risco do câncer de próstata?
- A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos.
- Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos de risco em algumas famílias.
- Excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) aumenta o risco da doença avançada.
- Os fumantes têm risco aumentado de morte, ou seja, aqueles que desenvolvem a doença têm um prognóstico significativamente pior.
- Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio), arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.
Detecção precoce
A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido.
A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópios ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).
Sinais e sintomas do câncer de próstata
Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata:
- Dificuldade de urinar;
- Diminuição do jato de urina;
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite;
- Sangue na urina;
- Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados.
Na fase avançada, pode provocar:
- Dor óssea;
- Sintomas urinários;
- Ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.
Como é feito o diagnóstico?
Faz-se o diagnóstico com a biópsia prostática por via trans-retal ou trans-perineal e guiada por ultrassonografia e/ou ressonância magnética.
A indicação de biópsia depende do toque retal e valores de PSA (um tipo de exame de sangue) e possíveis achados suspeitos no exame de RNM.
Qual é o tratamento para câncer de próstata?
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.
Cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos nos pacientes com doença localizada (que só atingiu a próstata).
Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados.
Na doença metastática (quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.
Acompanhamento após tratamento
Após o tratamento, seja após a cirurgia ou após a radioterapia, o acompanhamento se dá pelas dosagens do antígeno prostático específico (PSA) em amostras de sangue a cada 3 ou 6 meses.
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Fontes: Agência Brasil, Sociedade Brasileira de Urologia SBU), Instituto Vencer o Câncer e Instituto Nacional do Câncer (Inca)