21 - novembro - 2024
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O medo que ronda o câncer

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Câncer é a doença mais temida pelos brasileiros

Para oncologista, medo se deve à falta de informação; até 90% dos casos diagnosticados precocemente têm cura

O câncer é a doença mais temida pelos brasileiros: 65% dizem que ela é a sua principal preocupação. O percentual é três vezes maior do que os 21% que afirmam temer as doenças cardiovasculares – apesar de essas estarem entre as principais causas de mortes do país. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Instituto DataFolha a pedido do laboratório farmacêutico Abbvie. O levantamento avaliou 2.026 pessoas de 133 municípios em agosto passado.

“Apesar das campanhas e dos alertas, ainda persiste aquele estigma do passado sobre o câncer. Boa parte das pessoas acredita que o câncer é uma sentença de morte. Por medo, não procuram a prevenção. Elas têm ainda aquela imagem sofrida do paciente sem cabelos, vomitando, e que hoje foi praticamente extinta”, diz o oncologista André Márcio Murad, professor adjunto da Faculdade de Medicina da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais e diretor da clínica Personal Oncologia de Precisão e Personalizada, em Belo Horizonte. “Hoje temos medicamentos mais modernos, que previnem o vômito. A quimioterapia foi substituída pelas drogas inteligentes, alvo-moleculares, que atuam na mutação do DNA herdada ou adquirida com menos toxicidade”, explica.

Aumento de casos

De um lado, as estatísticas mostram que há motivo para esse temor. “Dentro de 10, 15 anos, as mortes por câncer no país devem ultrapassar as por doenças cardiovasculares”, explica o oncologista. “O mundo é cancerígeno”, afirma Murad, citando a poluição, o sedentarismo, a luz solar, os agrotóxicos e os combustíveis fósseis como fatores predisponentes. O Inca – Instituto Nacional do Câncer estima que haverá 600 mil casos novos de câncer no país em 2017 com 65 mil mortes. A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima em 345 mil as mortes provocadas por doenças cardiovasculares no país em 2015.

Leia mais:
Nódulos: o que são e os riscos que apresentam

Murad ressalta, no entanto, que, hoje, a doença pode ter cura em 90% dos casos quando é o diagnóstico é precoce. Antes, tratava-se 100% dos casos de câncer de pulmão com quimioterapia, com sobrevida média de 14 meses. Hoje, 60% são tratados com terapia alvo-molecular ou imunoterapia, e a média de sobrevida subiu para 60 meses. “Melhorou muito. Saber disso é importante”, explica o oncologista. Ele admite que os tratamentos mais modernos têm um custo alto e ainda não estão disponíveis na rede pública. Mas o oncologista acredita que a tendência é incorporá-los à medida que os preços baixarem. Segundo o oncologista, alguns planos de saúde já disponibilizam esses tratamentos.

“Quando comecei a trabalhar, a chance de cura
ficava em torno de 20%. Hoje, esse índice
subiu para 60%.”

Prevenção

O oncologista afirma, pois, que é preciso fazer os exames preventivos – endoscopia (estômago), colonoscopia (intestino), Papanicolau (colo do útero) e mamografia (mamas) – como rotina. “Mas, por medo, as pessoas não procuram o médico”, lamenta. Se diagnosticado na fase precoce, o câncer tem praticamente 90% de chance de cura com cirurgia, imunoterapia e radioterapia. “Até para as fases mais avançadas, a resposta ao tratamento evoluiu muito. Quando comecei a trabalhar, a chance de cura ficava em torno de 20%. Hoje, esse índice subiu para 60%”, compara Murad.

“Estudos mostram que 60% dos casos de câncer
poderiam ser prevenidos com a mudança
de hábitos de vida.”

O professor ainda lembra que também é possível fazer a prevenção direta. Estudos mostram que a prevenção de 60% dos casos de câncer pode ocorrer com a mudança de hábitos de vida. Esses casos, pois, estariam relacionados à má alimentação, ao sedentarismo, à obesidade, à exposição à luz solar, ao tabagismo e ao alcoolismo. “São fatores evitáveis”, reforça. Manter a alimentação saudável e uma atividade física regular, com o peso corporal adequado, segundo o Inca, poderia evitar um em cada três casos dos tipos de câncer mais comuns. Ou seja, para cada 100 pessoas com câncer, 33 casos seriam prevenidos.

Rastreamento

Murad diz que, cada vez mais, é preciso fazer o perfil genético do paciente. Ele explica que a análise genética do tumor permite um tratamento diferenciado, e o paciente responde melhor. “Antes, esses testes eram limitados, conseguiam identificar 5 a 7 genes que tinham predisposição ao câncer. Hoje, temos um painel de pelo menos 25 genes que identifica 94% das síndromes genéticas do adulto que predispõem ao câncer”, afirma.

O exame usa coleta da saliva e custa em torno de R$ 1.000. O preço, diz, é razoável, já que existem painéis de 300 genes que custam em torno de R$ 9.000. Indica-se rastreamento genético por exemplo, para quem possui histórico de câncer na família. Segundo Murad, devem ficar mais atentas, portanto, as pessoas que têm mais de um caso de câncer em parentes de primeiro grau ou mais de dois casos em parentes de segundo grau abaixo dos 55 anos.

Leia mais sobre o câncer no site do Inca – Instituto Nacional do Câncer.

Mitos e verdades

A obesidade aumenta o risco de ter câncer.

VERDADE. O excesso de gordura corporal provoca alterações hormonais e inflamações crônicas que estimulam a proliferação celular e inibem a apoptose (morte programada das células). Dessa forma, a gordura contribui para a formação e a progressão de diversos tipos de câncer.

A atividade física previne o câncer independentemente da perda de peso.

VERDADE. Além de auxiliar no controle do peso corporal, a atividade física regular promove o equilíbrio dos níveis de hormônios (reduz a resistência à insulina e os níveis de estrogênio circulantes), reduz o tempo de trânsito gastrintestinal (com isso diminui o período de contato dos tecidos locais com substâncias que promovem o câncer) e fortalece a defesa do organismo. A recomendação é praticar pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e limitar hábitos sedentários, como assistir à televisão e jogar videogame.

É possível evitar o câncer a partir da alimentação.

VERDADE. A recomendação é evitar alimentos industrializados, carne vermelha e açúcar e consumir, no mínimo, cinco porções (400 g) por dia de vegetais (duas porções de frutas e três de verduras). Os legumes recomendados são, pois, os sem amido (cenoura, couve-flor, berinjela e tomate). Cada porção equivale a uma quantidade que caiba na palma da mão (80 g).

Os benefícios da ingestão de frutas, legumes e verduras na prevenção de câncer superam os malefícios do consumo desses alimentos com resíduos de agrotóxicos.

VERDADE. Optar por alimentos de base agroecológica ou orgânicos é sempre o ideal. Entretanto, se não for possível adquiri-los, não se deve abrir mão desses alimentos protetores, pois estudos indicam que a redução no seu consumo pode aumentar consideravelmente os casos de câncer.

Exposição ao forno de micro-ondas pode provocar câncer.

MITO. A exposição não torna o alimento radioativo e não causa risco à saúde das pessoas, desde que se siga as instruções de utilização.

Aquecer alimentos ou adicioná-los quentes a recipientes plásticos aumenta o risco de câncer.

VERDADE. O aquecimento de recipientes plásticos com alimentos pode liberar substâncias nocivas com potencial de causar câncer, como a dioxina, o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. O melhor, então, é transferir a comida para vasilhas de vidro ou de porcelana que suportem o calor.

Fonte: Inca - Instituto Nacional do Câncer
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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