22 - novembro - 2024
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Comer muito tarde aumenta o risco de obesidade

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O hábito de comer muito tarde aumenta o risco de obesidade e de desenvolver complicações relacionadas à síndrome metabólica, como diabetes e Acidente Vascular Cerebral (AVC), entre outras condições. Isso é o que aponta um estudo inédito da Universidade Federal de Uberlândia, publicado no “Clinical Nutrition“. A pesquisa trata de uma área relativamente nova chamada crononutrição, o estudo da relação entre o horário das refeições e a saúde.

Nosso relógio biológico é ajustado por vários fatores, incluindo a luz e a alimentação. Pesquisas anteriores já haviam constatado que antecipar a última refeição está associado a uma melhor composição da massa corporal. Também contribuiu para a redução da gordura visceral e da porcentagem de gordura corporal.

Associação com horário

O novo estudo acrescenta dados epidemiológicos sobre o tema, que ainda são escassos. E reforça os achados clínicos anteriores, como relata a nutricionista Cibele Aparecida Crispim, professora da Universidade Federal de Uberlândia e uma das autoras do estudo.

Os cientistas analisaram informações de 7.379 adultos do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), um programa dos EUA destinado a avaliar a saúde e o estado nutricional dos americanos. Os pesquisadores identificaram uma associação entre a realização de refeições tardias e maiores taxas de obesidade abdominal e glicemia de jejum.

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Esses valores eram mais elevados entre aqueles que fizeram sua última refeição por volta das 22h em comparação com aqueles que jantaram por volta das 18h30. Sabe-se que o acúmulo de gordura na região abdominal aumenta o risco de resistência à insulina e síndrome metabólica. Essa síndrome consiste em uma série de alterações envolvendo os níveis de colesterol, insulina e pressão arterial.

A influência do horário

O horário das refeições pode influenciar o ganho de peso e o acúmulo de gordura, uma vez que o nosso corpo segue um ritmo circadiano que regula o metabolismo e a digestão. Nossos hormônios, incluindo os hormônios sexuais, cortisol, de crescimento, insulina e adrenalina, oscilam de acordo com o horário. Portanto, o padrão de resposta dos órgãos envolvidos no metabolismo, como o fígado, o pâncreas, os músculos e o tecido adiposo, varia ao longo do dia. Comer tarde da noite pode desregular esse ritmo, afetando a forma como o corpo processa os alimentos e armazena energia. “Somos animais diurnos e o metabolismo dos alimentos é pior à noite”, explica Crispim.

“Há uma redução do gasto energético basal no fim do dia e início da noite, redução da oxidação e da queima de gordura à noite quando há comida presente e, ainda, a glicose pós-prandial [depois da refeição] e resistência à insulina são maiores à noite”, diz o endocrinologista Clayton Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Além disso, comer tarde pode levar a um consumo excessivo de calorias. É que muitas vezes nesse horário come-se por ansiedade, compulsão noturna, cansaço, distúrbios do sono, tédio, depressão, por exemplo”, explica o endocrinologista.

Quando ter a última refeição?

Segundo Crispim, não há um momento ideal estabelecido para fazer a última refeição. O horário da comida é influenciado por diversos fatores, incluindo aspectos culturais, estações do ano, incidência de luz solar e até mesmo o cronotipo da pessoa, ou seja, o horário em que cada um funciona melhor.

“É importante respeitar os sinais do corpo, aumentar a quantidade ingerida no café da manhã, que é sabidamente uma refeição protetora da saúde. E reduzir no jantar, que deve ser apenas um complemento. Deve-se parar de comer cerca de três horas antes de se deitar”, orienta a especialista.

Regularidade

Além disso, Macedo diz que é importante procurar manter um horário regular de refeições. Além de prestar atenção à qualidade dos alimentos consumidos e à distribuição de nutrientes ao longo do dia.

“Deve-se evitar pular refeições pois isso leva a um consumo excessivo de calorias em outras, fazer as refeições mais pesadas durante o dia e evitar grandes quantidades de comida antes de dormir”, completa o médico.

Fonte: Agência Einstein
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