Ao menos uma em dez mulheres não tem desejo
Desinteresse sexual no relacionamento mais longo não pode ser visto como normal e deve ser tratado, defende médico
Quando a falta de desejo da mulher deixa de ser pontual e se torna um problema a ser tratado? A flutuação do interesse da mulher por sexo durante um relacionamento mais longo é considerada normal. “Pode haver períodos de mais ou de menos desejo. Isso varia conforme o tempo de relacionamento”, explica o médico ginecologista e sexólogo Gerson Lopes, membro do Conselho Consultivo da Sogimig – Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais.
É que, diferente do que ocorre com o homem, o desejo da mulher depende de fatores ambientais, emocionais e hormonais. No entanto, quando a falta de interesse é persistente e recorrente, ocorre o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH). “Esse transtorno é um processo que persiste há pelo menos seis meses consecutivos sem desejo, vontade ou interesse no ter sexo e de ausência de fantasia sexual ou de desejo responsivo”, explica Lopes.
No Brasil, as estatísticas mostram que entre 10 e 25 mulheres a cada 100 possuem o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo. Isso significa que, pelo menos, uma em cada dez mulheres que você conhece enfrenta esse problema, muitas delas de forma silenciosa e com consequências diretas no seu relacionamento. “É a principal disfunção sexual da mulher”, ressalta o médico.
Falta de desejo
As causas para o TDSH são muitas e estão relacionadas à história emocional ou conjugal da mulher. Variam de infidelidade a agressão física e abuso sexual. Estudos apontam que, em termos cerebrais, o transtorno está ligado a neurotransmissores inibitórios inadequados. Mas o diagnóstico é clínico.
Primeiro, é preciso excluir patologias orgânicas como, por exemplo, hipotireoidismo e depressão, e o uso de alguns medicamentos, como antidepressivos e pílula anticoncepcional. Aqui é importante lembrar que há casos de falta de desejo provocada por outros motivos, como menopausa, pós-parto e amamentação, e que não são considerados como TDSH.
Aversão
O médico ginecologista e sexólogo alerta que é importante diferenciar, dentro desse tipo de transtorno, os casos em que a mulher enxerga o sexo apenas como obrigação, já apresentando repúdio e aversão ao ato. “Esses casos são mais graves. A mulher tem nojo, raiva, apresenta sudorese e taquicardia. Às vezes, temos que entrar com psicotrópicos para reduzir a ansiedade da paciente”, diz.
A fase não aversiva é mais fácil de ser tratada, compara o Lopes. O tratamento para os casos mais simples se restringe à terapia sexual. Os resultados são bons, mas demorados, conforme admite o médico. São necessárias entre 25 e 30 sessões, o que significa de sete a oito meses de tratamento.
“Em princípio, a presença do parceiro se faz necessária”, alerta o sexólogo, explicando que os resultados são pífios quando só a mulher faz o tratamento. A terapia, diz Lopes, corrige o jogo sexual inadequado. “A terapia trabalha a compreensão do parceiro. Retoma-se o jogo sexual sem coito, sem toque genital”, afirma. A intenção é reaproximar o casal e reconquistar a confiança no parceiro.
Frequência ideal não existe
O sexólogo avisa que não existe uma frequência ideal para se fazer sexo em um relacionamento mais longo. “Isso depende do casal. Há cônjuges que fazem sexo uma vez a cada 15 dias e estão bem. O problema é quando ocorre o transtorno de distúrbio de frequência, quando um quer mais sexo do que o outro e é visto como tarado”, alerta.
Lopes conta que alguns homens chegam a ficar mais agressivos quando não têm o sexo na frequência desejada. Não significa que um dos dois esteja errado. “Os dois são normais. Mas é preciso trabalhar o conceito de sexualidade para chegar a uma harmonia. Isso não é tão fácil. Depende do estilo de cada um. Muitas vezes, os dois têm que rever conceitos”, afirma.
Despreparo
O sexólogo alerta que a maioria dos ginecologistas ainda não está preparada para lidar com o TDSH, apesar de esse ser um problema frequente. “Muitos acreditam que, nos relacionamentos mais longos, ocorre perda de desejo mesmo ou que tudo deve ser tratado com medicação. Mas não é bem assim. Isso envolve conflito conjugal”, explica.
Lopes reconhece, no entanto, que existe uma preocupação atual em qualificar o ginecologista para que tenha um olhar diferenciado para as questões sexuais. “A Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras tem uma comissão só para tratar do assunto, e os congressos também têm abordado cada vez mais essas questões”, diz.
Estou passando por isso , no caso minha namorada não demonstra interesse , estamos juntos a 3 anos , no primeiro ano tudo corria bem , mais já estamos muito tempo sem aquele “fogo” , as coisas não andam como antigamente , acredito que seja pela nossa rotina do dia a dia que mudou bastante também … Esse post me ajudou bastante , obrigado por me tirar essa dúvida !!!
David,
Que bom que esse post ajudou a esclarecer um pouco mais esse tema tão permeado de tabus.
Abraço,
Carla
Gostei muito do post. Conseguiram abrir minha mente para que eu possa me ajudar e ajudar minha esposa a voltar aos anos dourados. São 13 anos juntos e acredito que problemas hormonais deram ignição aos desinteresse dela e depois o lance cresceu ficou na psicológico. Vou reaver meus conceitos e fazer as coisas diferente.
Salomão, fico feliz que o post tenha ajudado a entender um pouco sobre um assunto que nem sempre é falado por ser considerado ainda um tabu! Sejam felizes!
Abraços
Carla
Obrigada jamais tinha ouvido falar sobre esse transtorno , e agora eu sei que não sou nenhum monstro, pois era assim que me sentia até descobrir esse transtorno, e agora sei que isso tem como ser tratado, desde já agradeço.
Graziele,
Obrigada pelo retorno. Bom saber que as informações do site ajudam as pessoas.
Abraço,
Carla
Muito bom, obrigada pelos exclarecimentos!
Mari,
Que bom que gostou do post!
Abraço,
Carla
muito bom o seu artigo
Obrigada, Janete!
Abraços,
Carla
Estão de parabéns, ótimo conteudo! Obrigada!!!
Obrigada, Amanda!
Abraço,
Carla