No Dia da Síndrome de Down, combata o seu preconceito
País tem cerca de 300 mil pessoas com a condição; precisamos acabar com alguns mitos para ampliar a inclusão delas na sociedade
Neste século 21, a ignorância ainda é o principal obstáculo para vencermos o preconceito contra as pessoas que vivem com síndrome de Down. Apesar de haver cerca de 300 mil pessoas com Down no Brasil, existem muitos mitos e dúvidas em torno do assunto. O presidente do Instituto Mano Down, em Belo Horizonte, Leonardo Gontijo, lembra, neste Dia Mundial da Síndrome de Down, que ela não é uma doença e, sim, uma alteração genética.
Antes de embarcar para participar de um evento em comemoração ao Dia Mundial da Síndrome de Down fora de Minas Gerais, o músico Dudu do Cavaco, de Belo Horizonte, manda um recado em vídeo para os leitores do blog Papo no Consultório.
Gontijo ressalta também que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não há vários graus da condição. Não existem pessoas com Down mais afetadas ou menos afetadas, nem mais infantilizadas ou menos capazes. Não pode haver comparações entre as variações das capacidades físicas e mentais, explica, porque elas estão relacionadas, principalmente, à estimulação ao longo da vida.
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Além disso, muitos ainda têm dúvidas com relação à autonomia e à sexualidade da pessoa com Down. Esses assuntos, segundo Gontijo, devem ser discutidos amplamente para que essas crianças cresçam cada vez mais estimuladas e autônomas.
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Causas
Na síndrome de Down, existem 3 cromossomos 21, em vez de 2. Por isso, ela é conhecida como trissomia do 21. As células humanas possuem 46 cromossomos: 23 originários do pai e outros 23, da mãe. O erro genético ocorre no momento da divisão celular, no processo chamado meiose. Durante as etapas de divisão, na troca de material genético do pai e da mãe, há uma combinação e uma nova separação para formar as células do bebê. É nesse momento que pode surgir o terceiro cromossomo 21.
Estima-se que 5% das gestações envolvem algum erro cromossômico. Nas gestações trissômicas, a chance de um aborto espontâneo é maior. Por esse motivo, casais com altos índices de abortos espontâneos têm mais chances de gerar um filho com a síndrome.
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A importância do estímulo
A síndrome de Down não é um impeditivo para a vida em sociedade. No entanto, é necessário que essa inclusão seja iniciada desde cedo. O bebê com Down precisa de estímulos especiais para se desenvolver. A criança precisa ser incentivada a ter foco nos estudos, praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável e a fazer a prevenção e o controle de doenças mais presentes na síndrome. E esse estímulo, é claro, vai contribuir para que ela desenvolva seu potencial.
Quer conhecer um pouco mais sobre a síndrome e ajudar a quebrar os preconceitos? Confira alguns fatos sobre a síndrome de Down:
Capacidade motora
A lentidão no progresso das habilidades motoras está relacionada à hipotonia muscular e aos ligamentos articulares mais frouxos. Por isso as crianças com Down, geralmente, são menos ativas e têm dificuldades de controle da postura, de equilíbrio e de destreza manual. Em alguns casos, a taxa de metabolismo basal é menor e pode ocorrer hipotiroidismo, o que leva a ganho de peso e contribui para comprometer ainda mais a capacidade motora. O estímulo e o acompanhamento adequados resultam em progressos.
Audição
A perda auditiva, por otite, pode acontecer em 50% a 75% dos casos. Porém, são recomendados exames, desde bebês, para identificar os possíveis problemas e corrigi-los a tempo a fim de evitar atrasos na aprendizagem.
Desenvolvimento da fala
O atraso pode estar relacionado à perda auditiva e à frustração diante da expectativa das primeiras palavras. Mas é possível estabelecer métodos para que haja progressão e para tornar a comunicação mais eficiente.
Alfabetização e aprendizado
As dificuldades de alfabetização acontecem devido aos problemas motores, de visão e audição, o que prejudica a retenção da memória auditiva. O estímulo visual é o meio facilitador dessa aprendizagem. A criança com Down também precisa aprender a ler a escrever, a ir à escola e a conviver com colegas e professores. Além de incluir a criança na sociedade, isso proporciona avanços na sua autonomia.
Maturidade e autonomia
A família deve incentivar a autonomia, repreendendo atividades incorretas, incentivando a prática de tarefas desacompanhados e estimulando o aprendizado de coisas novas.
Sexualidade
A educação sexual deve ser vista com naturalidade. A pessoa com Down deve ter acesso a informações e orientações sobre sexo.
Mercado de trabalho
Trabalho é sinônimo de independência e autonomia. O mais importante é encontrar uma oportunidade que esteja de acordo com a habilidade individual. Mesmo supervisionada e contando com um preparador, a pessoa deve estar satisfeita com a função que exerce.
Envelhecimento saudável
Nas últimas décadas, a expectativa de vida das pessoas com síndrome de Down mais que dobrou, chegando aos 70 anos. Isso apenas se torna possível com a inclusão na sociedade, a prevenção de doenças e uma vida com autonomia.
Fontes: Instituto Mano Down e Incluo
*Matéria atualizada às 10h55 de 21 de março de 2024