Perigos para paciente devem ser discutidos com ginecologista
A pílula anticoncepcional completou 55 anos e é um dos grandes avanços da sociedade. Mas, como todo medicamento, traz riscos e benefícios, alerta o presidente da Sogimig – Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais, o médico ginecologista Agnaldo Lopes da Silva Filho.
“Essa mensuração tem que ser avaliada junto com o médico ginecologista. Quase sempre, o risco de gravidez indesejada supera qualquer outro risco”, diz.
O médico ressalta ainda que nunca se deve parar de tomar o contraceptivo sem orientação do médico, porque isso aumenta o risco de gravidez não planejada.
Leia mais:
A cada 4 brasileiros, 3 compram remédio sem receita
Silva Filho afirma que o anticoncepcional traz mais benefícios do que riscos. “Contribuiu para o planejamento familiar, para a mulher adiar a gravidez e ocupar o mercado de trabalho”, defende.
O presidente da Sogimig lembra, ainda, que, desde que a pílula anticoncepcional surgiu, houve muitos avanços: as dosagens hormonais usadas no medicamento diminuíram, e ela passou a ajudar na regularização do ciclo hormonal, na redução do sangramento e na melhora da acne e do pelo.
Mas ele faz um alerta: “Apesar da variedade e da disponibilidade de contraceptivos, hoje no mundo 50% das gestações não são planejadas”.
Tipos
No geral, os contraceptivos são divididos em dois tipos: não hormonal (diafragma, DIU e preservativo) e hormonal (implante cutâneo, adesivo, injetáveis e pílulas).
Para entender melhor, hoje há dois tipos de pílula anticoncepcional no mercado: as combinadas, que têm os hormônios estrogênio e progesterona, e as produzidas apenas com o hormônio progesterona.
Contraindicações
As pílulas combinadas (estrogênio com progesterona) são contraindicadas na amamentação, na enxaqueca com áurea, na trombose e em outras doenças cardiovasculares. Elas têm efeitos colaterais raros, mas graves, como tromboses, alterações cardiovasculares e hepáticas.
As pílulas de progesterona apenas são contraindicadas para quem tem histórico pessoal de câncer de mama. De forma geral, elas são bem-aceitas pelo organismo e apresentam baixos riscos de complicação, de náusea e de dor de cabeça.
Três perguntas
Como o uso de anticoncepcional está relacionado à trombose?
O risco de trombose na população geral é de 5 em cada 10 mil mulheres. Sobe para 10 a cada 10 mil mulheres que usam o anticoncepcional combinado. Mas esse risco é menor do que os 30 em cada 10 mil mulheres na gravidez e no pós-parto.
Quem tem varizes ou pais com varizes precisa buscar métodos alternativos à pílula?
Quem tem varizes, por si só, não tem contraindicação para o uso do anticoncepcional, mas é preciso avaliar outros fatores.
Com o uso continuado, a mulher perde a libido?
A sexualidade da mulher é extremante complexa e envolve vários aspectos. Alguns anticoncepcionais ajudam, outros atrapalham. Cada organismo tem uma reação diferente.
Mito ou verdade
Quem toma anticoncepcional tem mais dificuldade para engravidar.
Não.
É preciso usar o anticoncepcional um ou dois meses para ele ser eficaz.
Não.
O anticoncepcional causa câncer.
Não. Pode reduzir o risco de câncer de ovário.
Adesivo, implante e injeção apresentam os mesmos riscos da pílula anticoncepcional.
Sim, os mesmos riscos.
Tomar anticoncepcional engorda.
Isso é complexo. Algumas engordam com o passar do tempo, mas outras emagrecem.
Fonte: Agnaldo Lopes da Silva Filho, médico ginecologista e presidente da Sogimig – Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais
Saiba mais
Quer entender o que levar em consideração na hora de escolher o seu anticoncepcional? Veja o Manual de Anticoncepção da Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, que segue as orientações dos critérios de elegibilidade do anticonceptivo da OMS, e converse com o seu médico ginecologista.