19 - abril - 2025
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O custo da demência: paciente e família arcam com 73% dos gastos

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Quase três quartos do custo da demência relacionado à saúde no Brasil são assumidos pelos pacientes e por seus cuidadores informais — geralmente familiares ou amigos. O dado vem de um estudo publicado nesta sexta (18) na “Revista Brasileira de Psiquiatria”.

De acordo com a pesquisa, as pessoas com a doença e suas famílias arcam com mais de 73% dos custos indiretos sobre o total gasto. Em 2019, a despesa anual total com a demência chegou a R$ 87,3 bilhões. Esse conjunto de doenças afeta 1,8 milhão de brasileiros, de acordo com estimativas.

Os pesquisadores calcularam o custo da demência a partir de duas perspectivas: a da sociedade e a do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram utilizados dados públicos oficiais e entrevistas com 140 duplas de pacientes e cuidadores em 17 cidades brasileiras. O estudo abrangeu todas as regiões e diferentes tamanhos populacionais.

Custo da demência

O custo mensal por paciente cresce com o avanço da doença: vai de R$ 2.082 no estágio inicial até R$ 3.893 no estágio avançado. Ainda assim, o estágio intermediário responde pela maior parte do gasto nacional — 40,8% do total —, por concentrar a maior proporção de casos.

Os custos diretos incluíram diversos itens, tais como hospitalizações, consultas médicas e medicamentos; enquanto o tempo de cuidado informal não remunerado foi contabilizado como custo indireto . Para estimar esses valores, os pesquisadores usaram como referência o salário médio de cuidadores de idosos no Brasil e uma análise alternativa com base no salário médio nacional de 2022. Serviços sociais não médicos, como casas de repouso e centros de convivência, não foram considerados por falta de dados confiáveis e pela baixa disponibilidade no país.

A análise integra o Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (ReNaDe), conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz com apoio do Ministério da Saúde por meio do Programa Proadi-SUS. De acordo com o estudo, 69,3% das pessoas com demência entrevistadas eram mulheres, assim como 86% dos cuidadores. A maior parte dos casos (40%) estava em estágio avançado da doença, seguido pelos estágios intermediário (38%) e inicial (22%).

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Cuidadores

O estudo também chama atenção para aspectos ainda pouco reconhecidos nas políticas públicas. Um deles, pois, é a perda de produtividade dos cuidadores informais, muitas vezes obrigados a abandonar empregos ou adiar aposentadorias para cuidar de familiares.

Como essa dedicação não é contabilizada como tempo de serviço, o impacto se estende, portanto, para além do presente. E afeta também a segurança financeira futura dos cuidadores. Embora a doença cause impacto financeiro significativo, o custo da demência ainda representa apenas uma fração dos recursos destinados a outras doenças como o câncer. E isso levanta questionamentos sobre a priorização orçamentária no sistema de saúde.

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Políticas públicas

Para Cleusa Pinheiro Ferri, pesquisadora do Oswaldo Cruz e uma das autoras do estudo, os resultados evidenciam, pois, o peso desigual do cuidado com a demência. “De uma forma geral, podemos dizer que o custo da demência é mais alto nos países mais ricos. Isso devido ao fato de terem uma proporção maior de pessoas idosas, maiores taxas de diagnóstico e de tratamento e outros cuidados. Já em países como o Brasil, a parcela referente aos custos informais, que recaem sobre a família, representa a maior parcela”, afirma no artigo.

Fabiana Araújo Figueiredo da Mata, também autora e pesquisadora do Oswaldo Cruz, alerta para a urgência de ampliar políticas públicas de apoio aos cuidadores informais. “A tendência é de aumento dos casos de demência em nosso país. Precisamos de uma melhor condição de prestação de serviços que realmente atendam a essas pessoas. Isso, além de maior suporte em políticas públicas e serviços para o cuidador, que exerce um papel importante, mas pouquíssimo reconhecido”, conclui.

Fonte: Agência Bori
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