Por que vacinar seu filho contra o HPV?
Já falamos por aqui, no ano passado, sobre a vacinação de meninas contra o HPV, o papilomavírus humano (“Por que vacinar sua filha contra o HPV?”). Logo após o post, o Ministério da Saúde anunciou a vacinação para meninos de 12 e 13 anos e jovens de 9 a 26 anos com HIV. A vacina já está disponível na rede pública para esses grupos. E, novamente, colocamos a questão, desta vez para os pais de meninos: por que vacinar seu filho contra o HPV?
O pediatra, epidemiologista e mestre em infectologia José Geraldo Leite Ribeiro alerta que o HPV causa câncer em outras regiões além do colo do útero, como na cavidade bucal, no ânus e no pênis. E esses cânceres também acometem o homem. “Há preocupação com o aumento dos casos de câncer da cavidade oral pelo HPV”, diz Ribeiro, que é secretário do Departamento de Vacinas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
O câncer do colo do útero mata mais de 4.000 brasileiras todos os anos. Segundo os Centers for Disease Control (CDC) dos EUA, o câncer da cavidade oral pode ultrapassar o de colo do útero em 2020. Os cânceres de garganta e de boca são o sexto tipo de câncer no mundo. São 400 mil casos ao ano e 230 mil mortes. Além disso, mais de 90% dos casos de câncer anal são atribuíveis ao HPV.
Estratégia
O esquema de vacinação para adolescentes saudáveis menores de 15 anos é o mesmo: duas doses com intervalo de seis meses. Para homens com HIV entre os 9 e 26 anos, a vacinação é feita com a apresentação de prescrição médica. Nesse caso, são três doses: a segunda, dois meses após a primeira; e a terceira, seis meses após a primeira. “Esses esquemas demonstraram boa imunogenicidade em estudos clínicos”, explica Ribeiro.
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina para os meninos é a quadrivalente, que já é oferecida desde 2014 para as meninas. Ela confere proteção contra quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia.
Em Minas Gerais, 354,9 mil meninos de 12 e 13 anos além de 1.600 jovens com HIV podem receber a vacina. A expectativa é imunizar, em 2017, mais de 3,6 milhões de meninos de 12 e 13 anos e 99,5 mil jovens de 9 a 26 anos com HIV no país.
Vanguarda
O Brasil é o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a oferecer a vacina para meninos em programas nacionais. A vacina HPV para meninos já é utilizada como estratégia de saúde pública nos Estados Unidos, na Austrália, na Áustria, em Israel, em Porto Rico e no Panamá.
A vacina é segura. Já foi aprovada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da Organização Mundial de Saúde (OMS). A ampliação da vacinação para o sexo masculino segue as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia. A faixa etária será ampliada, gradativamente, até 2020, quando serão incluídos os meninos de 9 a 13 anos.
Como será a oferta da vacina HPV para meninos por ano*:
Ano | População-alvo |
2017 | Meninos de 12 e 13 anos |
2018 | Meninos de 11 e 12 anos |
2019 | Meninos de 10 e 11 anos |
2020 | Meninos de 9 e 10 anos |
Fonte: Ministério da Saúde
*Atualização em 2 de julho de 2017: O Ministério da Saúde ampliou, em junho, a faixa etária dos garotos que podem receber, gratuitamente, a vacina contra o HPV. A vacina, agora, está disponível nos postos de saúde para meninos de 11 anos até 15 anos incompletos.
*Atualização em 13 de julho de 2023: Meninas e meninos de 9 a 14 anos devem receber o esquema de 2 doses da vacina contra o HPV. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades , poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema.
Três perguntas
Quais são os eventos adversos da vacina HPV nos meninos?
Os eventos adversos nos meninos são os mesmos das meninas. Dor local, vermelhidão e mais raramente reações alérgicas. A vacina não possui o vírus HPV, apenas uma proteína dele, resultando disso a não ocorrência de reações graves.
Há contraindicações da vacina HPV para os meninos?
A única contraindicação à vacinação é a ocorrência de reação alérgica a doses anteriores. Pode ser aplicada no mesmo dia de outras vacinas, inclusive no mesmo dia que a vacina contra meningite C, também liberada para meninos e meninas de 12 e 13 anos em 2017.
O que ocorre se, por algum motivo, o menino tomar a segunda dose da vacina HPV com atraso?
Se o (a) adolescente faltar à data da segunda dose, essa pode ser aplicada posteriormente sem perda da imunogenicidade.
Fonte: José Geraldo Leite Ribeiro, secretário do Departamento de Vacinas da Sociedade Brasileira de Pediatria e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e da Faseh.
Leia mais:
Confira as recomendações do Ministério da Saúde para a vacinação contra o HPV
Veja as orientações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) sobre o HPV
Bem esclarecedoras as informacoes acima, mas tenho uma duvida particular. Uma adolescente que tomou a primeira dose com 13 anos, nao fez as outras duas doses, agora esta com 17 anos, deve completar essas duas doses restantes ou reiniciar o esquema… agradeco desde ja e anseio pela resposta. Obrigada.
Marilene,
Bom dia.
Segundo os médicos que já entrevistei antes, essa primeira dose não é “perdida”, e o esquema deve ser completado. Mas se ela tomou a vacina na rede pública, confira no posto se eles completam o esquema acima de 15 anos. É que a orientação geral do Ministério da Saúde é vacinar meninas de até 14 anos, 11 meses e 29 dias contra o HPV. Mas procure saber porque seu caso é específico. Boa sorte!
Abraço,
Carla