A musculação é uma das atividades físicas mais populares quando se trata de promover o bem-estar, desenvolver resistência corporal e perder gordura, entre outros benefícios. Mas também pode trazer riscos quando malfeita. Confira, abaixo, as lesões mais frequentes na academia e veja algumas dicas para reduzir esse risco.
Segundo um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o exercício é um dos mais praticados pelos brasileiros, juntamente com a caminhada e o futebol. A musculação traz melhorias na estabilidade articular, fortalecendo os músculos e reduzindo a suscetibilidade a lesões. Mas é importante estar ciente de que acidentes podem ocorrer se os movimentos forem executados de forma incorreta ou se houver aumento inadequado da carga. O risco existe tanto para iniciantes quanto para praticantes assíduos.
Em entrevista à Agência Einstein, o fisioterapeuta e presidente da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física (Sonafe), Rodrigo Oliveira, lista as lesões mais frequentes na academia. Confira:
• Lesões musculares: Lesões nos músculos ocorrem quando o músculo é esticado além de sua capacidade, geralmente devido a movimentos rápidos ou excessivamente fortes.
• Entorses articulares: Danos aos ligamentos que conectam os ossos nas articulações. Isso pode acontecer quando uma articulação é forçada a um movimento não natural ou extremo. Ocorrendo em ombro, joelho, punho e dedos.
• Tendinopatias: Mais comum nos ombros e nos cotovelos, essas alterações nos tendões são muitas vezes causadas por movimentos repetitivos ou excesso de carga. Resultam em dor e inchaço na área afetada.
• Lesões na coluna: Exercícios feitos de forma errada ou com cargas excessivas podem levar a lesões nas costas, como dor lombar e cervical. Isso ocorre especialmente se a coluna for forçada de maneira inadequada.
Classificação das lesões
As lesões musculares podem ser classificadas em grau 1, 2 e 3. As duas primeiras são mais comuns na musculação, ocorrendo quando um músculo de uma articulação se rompe parcialmente.
Já o grau 3 implica na ruptura completa do músculo ou de grande parte dele. Nestes momentos, é crucial distinguir entre uma dor típica do treinamento e uma possível dor causada por lesão. Isso pode garantir que o tratamento seja adequado ao caso.
“Muitas vezes, o praticante de musculação na academia considera apenas como uma dor muscular de treino, mas já pode se tratar de uma lesão, ainda que seja inicial. E quando se ignora uma lesão simples, ela pode piorar e se tornar algo maior”, comenta a médica do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein, Karina Hatano. Ela acrescenta que qualquer dor que limite a atividade física deve ser um motivo para procurar um médico.
Estudo sobre lesões
A pesquisa “Ocorrência e Características de Lesões entre Praticantes de Musculação”, realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicada na revista “Saúde e Pesquisa”, envolveu a análise de 45 indivíduos com idades entre 20 e 60 anos que praticavam musculação por pelo menos três meses.
Entre os participantes analisados, quase metade deles relatou ter sofrido lesões, e entre elas, 60% estavam relacionadas diretamente à prática da musculação. Os problemas mais frequentemente relatados incluíram distensão muscular, representando 35% dos casos, seguida pela tendinopatia, com 25% de ocorrência.
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Além disso, o artigo mostrou que o ombro e o joelho são as articulações mais afetadas pelas lesões. Segundo Hatano, isso se dá por conta da amplitude de movimentos e alta demanda nos exercícios.
“As pessoas que ainda não tem uma musculatura definida ou que ainda não sabem realizar os exercícios corretamente tendem a lesionar essas musculaturas. No caso do joelho, o exercício feito incorretamente não ativa as pernas e o glúteo, e acaba sobrecarregando esta articulação.”
Como evitar as lesões
A médica do esporte alerta que os cuidados para evitar lesões na academia começam antes mesmo dos exercícios. Uma alimentação balanceada pré-treino, que inclua macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas e sais minerais), como um sanduíche com fatias de pão integral, recheios ricos em proteínas, água de coco, frutas, iogurte e alimentos similares, fornece energia ao praticante e reduz esses riscos.
Além do aquecimento, que prepara a musculatura para os exercícios, o desaquecimento também é fundamental para que musculatura e batimentos cardíacos retornem ao seu estado natural após o treino. Hatano recomenda, para isso, uma caminhada leve, uma sessão de ioga ou simplesmente permitindo um período de repouso natural.
Tratamento e retorno aos treinos
Acionar um profissional de fisioterapia em caso de lesão é necessário para retornar aos treinos no momento certo. Rodrigo Oliveira, da Sonafe, destaca que, por meio da avaliação fisioterapêutica e do tratamento, que pode incluir técnicas como eletrotermofototerapia (terapia que utiliza corrente elétrica aplicada à pele por meio de eletrodos), exercícios terapêuticos, terapia manual, entre outros recursos, é possível garantir que o praticante retorne da melhor maneira possível.
“A pessoa que está retornando à prática após uma lesão deve ter um reinício com progressão gradual, não devendo retornar aos níveis de treino anteriores imediatamente, além de ficar atento na técnica adequada dos exercícios e se manter positivo em relação ao próprio progresso”, diz o fisioterapeuta.
Risco de reincidência
Ele explica, ainda, que todas as lesões têm potencial para reincidência. Aquelas classificadas como crônicas, como a tendinopatia, podem retornar sempre que houver treinamento excessivamente intenso com erros e sobrecarga. No entanto, o exercício de força realizado de forma correta pode ajudar a reduzir esses riscos.
Diante disso, demonstra-se tal importância da presença de um profissional de educação física nos treinos. “É fundamental tanto para o iniciante quanto para quem já pratica. É ele [o profissional] quem vai orientar o movimento e a mecânica correta dos exercícios, montar a planilha dos treinamentos e definir como será o aumento de carga. Com isso, prevenimos lesões e adquirimos bons resultados. Seguindo um planejamento ficamos menos expostos a riscos”, conclui a médica do esporte do Einstein.
Fonte: Agência Einstein