As condições sociais e a região de residência das crianças interferem em quem faz o teste do pezinho. É o que conclui o estudo “Prevalências e Fatores Associados à Realização do Teste do Pezinho no Brasil, Unidades Federativas e Capitais”, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O trabalho foi apresentado no 4° Congresso de Enfermagem do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG), realizado no início deste mês.
Todo bebê recém-nascido deve fazer o teste do pezinho primordialmente entre o terceiro e o quinto dia de vida. O exame – aquele furo no calcanhar do recém-nascido para colher sangue – faz parte do cuidado neonatal. E é extremamente importante, porque ajuda a identificar, precocemente, doenças genéticas que vão trazer problemas para o desenvolvimento da criança.
O objetivo do estudo era analisar quem faz o teste do pezinho até o quinto dia de vida. A pesquisa avaliou crianças menores de 2 anos no Brasil, nas Unidades Federativas e nas capitais e, ainda, fatores sociodemográficos associados à realização do exame. “As crianças brancas e com melhores condições sociodemográficas realizaram mais o teste do pezinho comparada às crianças pretas e pardas e de baixo perfil socioeconômico”, diz Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de Sá. A professora orientou o estudo.
Como resultado, o trabalho mostrou que Estados e capitais localizadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram prevalências mais elevadas de realização dos testes. “Isso evidencia que desigualdades sociodemográficas e regionais influenciam na realização do exame no Brasil, nos Estados e nas capitais. Também mostra que se torna necessário o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde. Assim como investimentos e direcionamento de políticas públicas que promovam o acesso universal e equitativo ao teste do pezinho”, ressalta a professora.
Teste do pezinho
O estudo contou com a participação de 6.632 crianças com dados provenientes da Pesquisa Nacional da Saúde de 2019. Os resultados mostraram que, em 2019, a prevalência de quem faz o teste do pezinho até o 5° dia de vida é de 73,02%.
Em suma, também houve prevalências mais elevadas em crianças da raça/cor branca (79,66%), com renda familiar de cinco ou mais salários mínimos (90,69%,), moradoras das regiões Sul (88,52%) e Sudeste (83,53%), com posse de plano de saúde (83,98%) e residentes de áreas urbanas (75,58%).
Unidades federativas e capitais
Em relação às Unidades Federativas, foram mais elevadas as prevalências do teste do pezinho em crianças do Paraná (95,75%), Distrito Federal (91,26%), São Paulo (88,24%) e Minas Gerais (83,80%).
Entre as capitais do país, todavia, houve prevalências mais elevadas de realização do teste nas crianças residentes de São Paulo (96,04), Curitiba (93,39%), Distrito Federal (91,26%) e Manaus (85,89%).
O estudo
O trabalho teve autoria dos estudantes do curso de graduação em enfermagem Gabriel Soares Damaceno, Raissa Mourão Marques da Silva, Filippe Lima Cavalcante e Barbara Aguiar Carrato. O estudo conquistou o primeiro lugar no congresso de enfermagem.
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Fonte: UFMG