21 - novembro - 2024
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Reumatismo engloba mais de cem doenças

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Doenças reumáticas afetam 12 milhões de brasileiros

Médico ressalta a importância da prevenção, como adotar uma atividade física regular como rotina
reumatismo
Crédito: Freepik

O reumatismo acomete em torno de 6% do população brasileira, ou seja, 12 milhões de brasileiros sofrem de algum acometimento osteoarticular. O presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia, o médico reumatologista Enio Ribeiro Reis, explica, em entrevista para o blog, que o reumatismo engloba mais de cem doenças e fala sobre os mitos em torno desse grupo de doenças. O médico ressalta, ainda,   a importância de uma atividade regular de exercícios, o que fortalece a parte osteoarticular e ajuda a prevenir ou reduzir as dores.

Podemos falar que reumatismo, artrite, artrose e fibromialgia são todas doenças reumáticas?

Sim, O termo reumatismo engloba 107 doenças osteoarticulares e musculoesqueléticas, como a fibromialgia, a osteoartrite (ou popular artrose)e as artrites, que podem ser qualquer dor nas juntas. Por exemplo: artrite reumatoide, artrite psoriásica, artrite da gota etc.

As causas dessas doenças são as mesmas? Existem fatores de risco ou desencadeantes?

Não, na maioria dessas doenças existe uma predisposição genética, isto é, uma tendência familiar e hereditária, mas não ocorre em todas as doenças. Algumas são desencadeadas por excessos alimentares, outras por infecções ou choque emocional – que servem de gatilho para deflagrar uma doença autoimune.

Quais são os sintomas do reumatismo? O que os diferencia: tipo, intensidade e localização da dor? São doenças progressivas?

Todas têm como característica em comum as dores nas articulações e ou musculares. De acordo com o tipo de doença e tratamento utilizado, podem ser progressivas ou não. Cada doença possui uma característica própria  de local acometido, do padrão de dor, se é mais intenso de dia ou à noite. Somente um reumatologista bem-treinado será capaz de distinguir esses padrões em mais de cem tipos de doenças.

Como é feito o diagnóstico? É apenas clínico, ou há exames de imagem, de sangue…

Existem exames específicos de sangue de acordo com cada caso. Reumatograma é uma série de exames solicitados pelo clínico, mas sem um raciocínio lógico específico. O exame clínico do especialista é que irá dar pistas para detectar sinais e pedir os exames específicos, de acordo com o que encontrou no exame físico. Os exames de imagem são excelentes, pois confirmam e complementam as suspeitas das queixas. Podem ser radiografias, ultrassonografias, tomografias, ressonâncias e até mesmo o PET-Scan.

Quais os tratamentos disponíveis?

Hoje temos um arsenal de medicações clássicas, como os anti-inflamatórios, corticoides, e as drogas sintéticas modificadoras do curso da doença. A maioria dessas são drogas imunomoduladoras. Temos também as vitaminas de cálcio e a vitamina D. Porém, nos últimos 15 anos, foi descoberta uma classe de drogas que revolucionou a  reumatologia. São as drogas imunobiológicas, que agem em alvos específicos de nosso sistema imune bloqueando alguma parte específica responsável pela inflamação continuada. A fisioterapia tem um papel auxiliar importante na preservação da amplitude articular e da força muscular. Existe também a ação analgésica em alguns aparelhos e tratamentos fisioterápicos.

Existe prevenção para essas doenças? E prevenção para evitar as dores?

Sim, apesar de existir uma predisposição genética na maioria dessas doenças, uma boa prevenção seria uma rotina de exercícios de, no mínimo, três vezes por semana, controlar o peso, evitar o estresse com a ioga e meditações, alimentar-se adequadamente com uma boa qualidade alimentar, rica em ômega 3 e vitamina D. Alimentos como peixes, sardinha, salmão, laticínios e cogumelos ajudam muito nessa dieta. Para as dores, a atividade regular de exercícios fortalece a parte osteoarticular e ajuda a prevenir alguns casos leves de artrose.

Qual a prevalência dessas doenças?

As doenças reumáticas são muito variáveis. A prevalência modifica  de acordo com o sexo. A gota e as espondiloartrites acometem mais o sexo masculino. Por outro lado, a artrite reumatoide, o lúpus , a fibromialgia e a osteoporose acometem mais o sexo feminino. A prevalência varia de acordo com as regiões. Não existem dados precisos, mas a média mundial varia. Por exemplo, 25% da população já teve algum episódio de lombalgia em alguma fase de sua vida, 15% tiveram algum episódio de tendinite, 12% podem ter tido crise de osteoartrose, 10%, osteoporose, 4% ,fibromialgia, 1,5%, espondiloartrite, 1,5 %, gota, 1%, artrite reumatoide e 0,1%, lúpus.

Quais os principais mitos em torno do reumatismo?

Muitos mitos envolvem essas doenças. Não é uma doença de velhos, embora prevaleça acima de 40 anos. Pode acometer crianças e adolescentes e adultos jovens. Outro mito: que piora com o frio. De maneira simplista, a percepção dolorosa aumenta com o frio,  e o paciente pode sentir mais dor, mas a doença em si não piora. A exceção são as doenças vasculares como o fenômeno de Raynaud do lúpus e a esclerodermia. Esses, sim, pioram muito com o frio.  Outro mito: o de que alimentos ácidos aumentam o ácido úrico. O ácido úrico é um produto metabólico derivado das proteínas. Os alimentos ácidos são as frutas, ricas em ácido ascórbico, porém sem proteínas. Sendo assim, as frutas azedas não aumentam o ácido úrico. Já as carnes, o feijão, a soja e derivados são ricos em proteínas e esses aumentam – e muito – a produção de ácido úrico no organismo já predisposto. Se essas doenças entortam?  Sim, principalmente a artrite reumatoide, a artrite psoriásica e alguns tipos raros de lúpus.

O que é importante a população saber sobre o reumatismo?

Existem tratamentos disponíveis na rede pública,  com drogas específicas para essas doenças. Solicite ao seu médico especialista o preenchimento do relatório,  para que possa dar entrada na secretaria de saúde, tanto para as drogas mais simples, denominadas sintéticas, quanto as drogas mais complexas, para casos mais severos e avançados. O tratamento hoje é coparticipativo, as decisões são de comum acordo entre o médico e o paciente. Tudo visando a uma melhor aderência a um tratamento que, na maioria das vezes, é crônico ou pelo menos de longo prazo.

Fonte: Enio Ribeiro Reis. Formado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1983. Diretor Médico do Centro de imunoinfusões do Hospital Humanitas de  Varginha MG. Membro do Comitê de infecções da Sociedade Brasileira Reumatologia. Presidente da Sociedade Mineira Reumatologia Biênio 2017-2018.

 

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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