07 - junho - 2025
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Teste do pezinho: qual é o melhor, do SUS ou particular?

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Neste Dia Nacional do Teste do Pezinho, 6 de junho, as discussões em torno da importância do exame para a saúde e o desenvolvimento da criança ganham destaque em todo o Brasil. E aí aproveitamos para abordar uma dúvida de muitos pais. Qual seria o melhor teste do pezinho: do SUS ou particular?

O que é o teste do pezinho?

O teste do pezinho integra o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). O exame é oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de identificar quais recém-nascidos podem ter uma das doenças triadas e de se iniciar o tratamento o mais rápido possível. O objetivo, pois, é prevenir alterações no desenvolvimento físico e mental do recém-nascido desencadeadas por doenças genéticas como, por exemplo, a anemia falciforme e a fibrose cística. Com o diagnóstico, o programa prevê o acompanhamento profissional, no SUS, para a criança.

Cenário em Minas

Em abril passado, Minas Gerais ampliou o teste do pezinho feito no SUS para 60 doenças. “O Estado é o primeiro a ampliar para 60 as doenças no rol. Atualmente, só o Distrito Federal e a cidade de São Paulo ofertam essa quantidade”, explica a pediatra Keyla Cunha, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e vice-diretora do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG.

O Nupad/UFMG é responsável pela triagem neonatal em Minas. Em mais de 30 anos de atuação, já realizou a triagem de mais de 7 milhões de bebês no Estado, fazendo o acompanhamento ambulatorial de mais de 7.800 pessoas. No ano passado, logo nos primeiros dias de vida, 125 bebês foram diagnosticados para 11 doenças diferentes no Estado.

Leia mais: Doenças raras: acesso a tratamento esbarra em desigualdades

Teste do pezinho do SUS ou particular?

Além do SUS, o exame também é ofertado na rede particular, podendo ter cobertura de planos de saúde. Alguns testes do pezinho da rede privada chegam a rastrear 400 doenças. Então surge a dúvida entre os pais: qual é o melhor teste do pezinho: do SUS ou da rede particular?

Inclusão de doenças rastreadas no SUS segue referência internacional

Keyla Cunha alerta que é preciso entender quais diagnósticos são oferecidos pelo exame da rede privada. “É importante falar que a inclusão dessas doenças (no teste do pezinho feito em Minas) vem de uma referência internacional, um painel americano. Há um respaldo científico determinado pela literatura internacional para ver quais doenças possíveis e necessárias para serem rastreadas nessas crianças”, explica a vice-diretora do Nupad/UFMG.

De acordo com a pediatra, muitos dos exames da rede particular não abrangem o painel de doenças que o SUS está criando. “Não é padronizado (na rede particular)”, reforça. Por isso, ela orienta comparar o que está sendo oferecido e o exame disponível no SUS. “A maioria dessas doenças incluídas (no SUS) é rara, mas grave. Daí a necessidade de identificar e tratar antes de se ter sintomas. Muitas dessas doenças são de cometimento neurológico, afetam o desenvolvimento motor, da linguagem, interação pessoal e social. Torna-se urgente tratar para que não haja manifestação, antes que apareçam sintomas”, justifica.

No SUS, programa oferece acompanhamento multiprofissional

A pediatra ressalta, ainda, que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante o atendimento com médicos especialistas (Atenção Especializada) a todos os pacientes triados. “Além de fazer o exame, a gente tem toda a cadeia de acompanhamento disponível para essa criança – médico, fisioterapeuta, nutricionista. Também são garantidos os medicamentos e as fórmulas infantis”, conta.

“É um programa, não é só um exame, a partir do momento em que houve triagem, garante-se todo o acompanhamento desse paciente”, completa Keyla Cunha. Em Belo Horizonte, os pacientes têm tratamento no Hospital das Clínicas da UFMG, no Hospital Infantil João Paulo 2º e na Fundação Hemominas, dependendo da doença diagnosticada.

Na rede particular, interpretação do resultado pode ser tardia

Existem outros problemas, de acordo com a pediatra, quando se faz o teste do pezinho na rede particular. “Muitas vezes o laboratório não comunica automaticamente a família, e é ela que tem de procurar o resultado”, explica.

Segundo a pediatra, há casos em que as famílias não souberam interpretar o exame e chegaram tardiamente ao profissional da saúde. O que é um grande problema. “Precisamos que a criança esteja em menos de 20 dias sendo avaliada no consultório. O Nupad liga para a família e já comunica que tem consulta agendada. Isso agiliza o processo”, compara.

Na rede suplementar, muitas vezes, a família não sabe o que fazer com o exame, conta Keyla Cunha. “Até chegar no SUS demora um tempo. Precisamos de agilidade para essa criança não perder tempo, vai perder neurônio, ter atraso no desenvolvimento. Nosso objetivo é não ter sequelas. E qualquer dia, qualquer semana conta para isso”. Avaliação para profissionais de saúde, equipe multiprofissional indicada para aquela doença”.

Leia mais: Quem faz o teste do pezinho? Desigualdade social afeta realização de exame

Quando fazer o teste do pezinho?

Deve-se fazer o teste do pezinho preferencialmente entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido. É fundamental ter atenção a esse prazo, pois, quanto mais cedo se obter o diagnóstico, melhores são as chances de tratamento.

Onde fazer o teste do pezinho?

O teste do pezinho é feito gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, ainda, em maternidades cadastradas em todo o país. Em Minas, há 3.823 UBS, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

Nos casos de internação logo após o nascimento, deve-se colher o sangue, excepcionalmente, na maternidade. “Alguns lugares fazem o teste do pezinho na maternidade. O problema, no entanto, é quando a família mora em outra cidade. Nas UBS, há vínculo com a família, e as unidades são próximas da residência daquela família. É um programa, não é só um exame, e precisa de continuidade”, afirma a vice-diretora do Nupad/UFMG.

Como é feito o teste do pezinho?

Com uma lanceta, colhe-se o sangue do pé do recém-nascido em um papel-filtro (sangue seco). “A coleta é só o começo”, ressalta Keyla Cunha. “A gente não faz só o exame. A gota de sangue precisa ser boa, porque precisamos de material adequado para rastrear 60 doenças. É preciso conseguir uma gota boa, satisfatória para essa análise, que dê para fazer todos esses exames”, explica. Por isso, quando não se tem material adequado, é importante coletar novamente o sangue, reforça a pediatra.

Como pegar o resultado do teste do pezinho?

Assim que se termina de coletar o sangue do recém-nascido na unidade de saúde, a família recebe um código e uma senha para acessar o resultado no site do Nupad/UFMG. De acordo com Keyla Cunha, o envio do exame ocorre via Sedex para o Nupad, onde fica 48 horas em processamento. O resultado sai, no máximo, em três dias. Ela lembra que o núcleo faz uma média de 4.000 exames por dia e prioriza as crianças com alteração genética. “(O Nupad) só vai ligar para a família se a amostra não foi satisfatória ou se tem suspeita para confirmar. Nos demais casos, a família pode acessar o site do Nupad para pegar o resultado”, orienta.

Leia mais: Teste do pezinho pode reduzir e até evitar problemas de desenvolvimento do bebê

Evolução do teste do pezinho em Minas

2021

  • Até 2021, Minas realizava a triagem para 5 grupos de doenças: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita.
  • Em dezembro, o Estado publicou uma deliberação que ampliou o Programa de Triagem Neonatal (PTN) e, assim, passou a oferecer todo o amparo e suporte necessário para o tratamento, segmento e continuidade no cuidado na Rede de Atenção à Saúde.

2022

  • A ampliação do teste do pezinho, que passou a rastrear 14 doenças, ocorreu a partir de janeiro. Ainda na fase 1 de ampliação das doenças diagnosticadas, houve a inclusão de outras seis, totalizando 20 doenças rastreadas.

2023

  • Em novembro de 2023, houve a inclusão de três doenças: atrofia muscular espinhal (AME), imunodeficiência primária combinada grave e a gamaglobulinemia.

2025

  • Em abril, Minas ampliou o teste do pezinho para a detecção de 60 doenças.
Fontes: SES-MG, Ministério da Saúde e Nupad/UFMG
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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