03 - dezembro - 2024

Caxumba

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Tire suas dúvidas sobre a vacina contra a caxumba

Não se tem registro da cobertura vacinal de adolescentes no país

O registro de casos de caxumba entre adolescentes e jovens adultos tem crescido em várias capitais e cidades do Brasil nos últimos dois anos. “É um número muito maior nos últimos anos, mas ainda menor do registrado antes da era vacinal”, explica Isabella Ballalai, presidente da SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações.

A vacina contra a caxumba (a tríplice viral, que também previne o sarampo e a rubéola) somente foi introduzida em 2003 na rede pública. Atualmente, os casos têm ocorrido entre adolescentes e jovens adultos. “Não se tem registro da cobertura vacinal nesse grupo. Muitos não receberam a tríplice viral, mas a dupla viral (contra sarampo e rubéola) na infância”, diz Isabella. 

Em Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram confirmados 428 casos da doença entre janeiro e 19 de dezembro deste ano – mais de dez vezes do que foi registrado em 2014 e, em média, mais de um a cada dia. Em 2015, foram 288 pessoas infectadas. Em 2014, 41. Surtos também foram observados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, o órgão não tem registro do total de casos no país porque a doença não é de notificação obrigatória.

Baixa eficácia

Isabella lembra que, além de a tríplice viral ter sido introduzida apenas em 2003, a eficácia dela contra a caxumba é baixa, em torno de 80% na segunda dose. “Isso significa que podem ocorrer casos em pessoas vacinadas”, explica. Para a presidente da SBIm, ainda não há necessidade de uma campanha destinada aos adolescentes e jovens. “Mas temos que melhorar a cobertura vacinal nesses grupos com duas doses. Se aumentarmos a cobertura vacinal, reduzimos a circulação do vírus”, afirma.

A presidente da SBIm orienta conferir se os adolescentes e jovens têm o registro de duas doses da vacina contra a caxumba – que é o indicado para obter a prevenção com até 80% de eficácia. Quem não tiver esse registro deve procurar um posto de saúde para se vacinar. “Não faz mal se já tiver tomado duas doses sem saber. Mas já está comprovado que uma terceira dose não aumenta a eficácia”, explica.

O Ministério da Saúde, segundo a assessoria de imprensa, alega que, no momento, não existe possibilidade de campanha contra a caxumba. E que cabe a cada município avaliar a necessidade de vacinação em massa. Hoje, a orientação da pasta, informa a assessoria, é o município ou o Estado vacinar as pessoas na área onde ocorrerem surtos. Isabella diz que, atualmente, a cobertura vacinal nas crianças fica em torno de 95%.

Orientações

Para crianças, a SBIm e a SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam como rotina duas doses da vacina contra a caxumba – a primeira aos 12 meses e a segunda, quando a criança tiver entre 1 ano e 3 meses e 2 anos de idade, junto com a vacina varicela (catapora). Na segunda dose, podem ser usadas as vacinas separadas (tríplice viral mais a varicela) ou combinada (quádrupla viral, que inclui sarampo, rubéola, caxumba e catapora). Crianças mais velhas, adolescentes e adultos não vacinados devem, segundo SBim, tomar duas doses com intervalo de um a dois meses.

Os postos de saúde disponibilizam duas doses da tríplice viral para crianças e jovens de até 19 anos, mas apenas uma dose para adultos de 20 a 49 anos. Isabella admite que o ideal é tomar duas doses para manter a proteção. Segundo ela, a estratégia da imunização com a tríplice viral nunca foi a caxumba, mas o sarampo e a rubéola. No entanto, agora, com o aumento de casos, diz, o Ministério da Saúde pode rever esse esquema para adultos. A assessoria de imprensa da pasta diz que não há estudos em andamento para alterar as doses da tríplice viral para adultos de 20 a 49 anos, mas que o ministério está sempre reavaliando o programa de acordo com a situação epidemiológica no país.

Caxumba

A caxumba é uma virose geralmente benigna. Causada pelo Paramyxovirus, é transmitida pelo contato com gotículas de saliva da pessoa infectada. É mais frequente na infância e produz imunidade permanente. O inchaço (“papo”) nas bochechas e mandíbulas que ocorre em mais de 65% dos casos se deve ao aumento das glândulas salivares.
O vírus também provoca febre e dor de cabeça e pode infectar outras glândulas, como testículos e ovários, com risco de esterilidade. Além disso, uma em cada dez pessoas pode desenvolver meningite viral (inflamação das membranas do cérebro). “Essa meningite viral não é tão grave como a bacteriana, mas sempre preocupa”, diz Isabella.

Três perguntas
O adolescente ou adulto que ainda não foi imunizado deve se vacinar apenas quando houver casos da doença perto dele?

A vacina apenas se torna eficaz em torno de dez dias. Então, não dá para esperar o início de um surto. Pode ser tarde demais.

O Ministério da Saúde disponibiliza dois tipos de tríplice viral – um deles contém traços de leite. Como saber se a vacina tríplice viral oferecida no posto de saúde contém traços de leite?

O adulto que tiver alergia à proteína do leite – veja bem, não confundir com intolerância, que não tem problema algum – e que procurar o posto para se vacinar deve perguntar qual é a vacina disponível. Ele pode tomar a vacina com traços de leite em ambiente hospitalar, sob supervisão médica, para prevenir casos de anafilaxia.

Se a vacina contra a caxumba foi introduzida em 2003 e estamos em 2016, então todos a partir de 13 anos devem se vacinar?

Não existe uma idade para se vacinar. É preciso verificar se o adolescente ou adulto recebeu as duas doses da tríplice viral. Se recebeu, não precisa. A recomendação é: se não tem registro da vacinação, a pessoa precisa tomar as duas doses. Não há nenhum problema se ela já foi vacinada, mas não sabe porque não tem registro, e se vacinar de novo.

Fonte: Pediatra Isabella Ballalai, presidente da SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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