Um estudante de design da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou um dispositivo para transportar órgãos destinados a transplantes mais seguro. Como resultado, a caixa de transporte de órgãos aumenta a segurança e a viabilidade do uso do órgão doado. A universidade já depositou o pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) em julho deste ano. Agora, um projeto-piloto no Hospital das Clínicas da UFMG vai usar o dispositivo para transportar órgãos.
“Não encontramos tecnologias similares a essa. Ela não carrega um alto nível de complexidade, o que facilita sua produção por parte de empresas do ramo. Também apresenta elementos novos e interessantes para serem incorporados ao transporte de órgãos no Brasil”, destaca o redator de patentes da UFMG, Nathan Giovanni.
“Ainda hoje, os órgãos são transportados de forma quase artesanal. Ou seja, naqueles coolers encontrados em supermercados, onde colocamos gelo e órgão lá dentro”, explica Marcelo Sanches, professor da Faculdade de Medicina da UFMG. Ele é coordenador do Instituto Alfa Gastro, do Hospital das Clínicas da UFMG e um dos co-orientadores do estudo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é quem define os regulamentos para o transporte de órgãos, para garantir sua integridade e evitar sua contaminação. Mesmo assim, de acordo com a Organização Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a logística inadequada responde por 5% a 10% das doações não concretizadas.
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Os transplantes são procedimentos complexos, pois envolvem a substituição de órgãos doentes por saudáveis, e têm o transporte desempenhando um papel crítico. Por isso, nessa jornada, os profissionais de saúde lutam contra o tempo. É que cada órgão tem um tempo máximo diferente para ser retirado e doado a um receptor. Portanto, a escolha da via de transporte e embalagem é crucial para evitar a perda de órgãos.
O novo dispositivo para transportar órgãos
O dispositivo para acondicionamento, preservação e transporte de órgãos para transplante é feito à base de polipropileno, um termoplástico. Seu objetivo é, primordialmente, oferecer facilidade, estabilidade e segurança no transporte de órgãos para transplante. “Criamos uma alça adaptada que serve tanto para a movimentação horizontal como para a vertical, por exemplo, ao carregar a caixa para o porta-malas e depois subir escadas”, explica Wallace Terra. Ele apresentou o novo design para transporte de órgãos como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso de design.
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Ainda há, na parte interna do novo dispositivo para transportar órgãos, uma espécie de bolsa de silicone, com filamentos, segundo os inventores, inspirados nas estrelas do mar. Isso para que o órgão fique suspenso, em meio à solução aquosa, e não sofra impactos no interior da caixa, como ocorre hoje. Assim, o objetivo é diminuir o estresse do órgão e aumentar a viabilidade dele para o transplante.
O Núcleo de Inovação da Universidade procura, agora, empresas parceiras para a fabricação dos dispositivos.
O estudo
“Durante toda a graduação pensava em como aplicar meus conhecimentos na logística de transporte. Quando me deparei com o transplante de órgãos, vi que ali havia muitos problemas a serem enfrentados”, conta Terra.
Assim que conheceram a proposta, profissionais do Hospital das Clínicas receberam a ideia de um novo dispositivo para transportar órgãos com entusiasmo. Durante um ano, eles trabalharam com o estudante para desenvolver a tecnologia. “Recebemos como uma grata surpresa um aluno da graduação com essa ideia. Já que, com o trabalho em conjunto, temos, hoje, uma excelente alternativa para enfrentar o problema do transporte de órgãos no Brasil”, diz Sanches.
O trabalho teve orientação da professora Laura Cota, da Escola de Arquitetura da UFMG. Também deve a co-orientação de Luan Moura, do Centro Universitário Teresa D’Ávila (Unifatea), além de Sanches.
Em 27 de setembro, comemora-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos. No Brasil, mais de 40 mil pessoas aguardam por um transplante de órgãos, segundo o Ministério da Saúde.
Fonte: UFMG