31 - março - 2025
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Cansaço persistente e esgotamento emocional no trabalho

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O esgotamento emocional no trabalho tem uma forma sutil e própria de nos alcançar. Ele não chega com alarde, mas se instala devagar, como quem chega de mansinho, preenchendo cada espaço da nossa mente e do nosso corpo. Como se viesse subtrair um pouco da nossa essência.

Para muitos, ele vem no final de uma longa jornada de trabalho. Ou após inúmeras madrugadas acordadas, prazos que nunca cessam e aquela pressão constante que nos faz acreditar que, de alguma forma, sempre estamos devendo mais. Para mim, ele começou como um cansaço. Um cansaço persistente, que não passava. Um desconforto estranho que se repetia e se intensificava a cada novo dia da rotina. Mas logo esse desgaste tomou uma forma mais profunda e me atingiu de maneira concreta. Tive uma grave hemorragia que me obrigou a fazer o que eu adiava há tanto tempo: parar.

“Eu vivi o burnout”

Isso mesmo: eu vivi o burnout – o esgotamento emocional no trabalho – de perto e com sintomas físicos muito fortes. Fui marcada por ele de um jeito que nunca imaginei. Lembro-me do sentimento de impotência, da exaustão que paralisava e da pressão silenciosa que vinha de todas as direções, até de mim mesma. O trabalho, que sempre tinha sido uma fonte de propósito e realização, tornou-se um peso insustentável.

E foi aí que percebi que, mais do que um ambiente de produção, aquele deveria ser um espaço de acolhimento. Um lugar onde o cuidado com a saúde mental tivesse o mesmo peso que o respeito pelo horário e pelas metas. Se esse ambiente de trabalho tem o poder de exaurir, ele também deveria ter o poder de restaurar, certo?  Foi assim que tornei minha experiência de dor não apenas um ponto de parada, mas o início de uma transformação.

Mas por que estou discorrendo sobre tudo isso?  Quando soube da recente inclusão dos riscos psicossociais na Norma Regulamentadora 01 (NR 01), a norma que estabelece as diretrizes gerais de segurança e saúde no trabalho no Brasil, senti um alívio. E, ao mesmo tempo, uma enorme esperança. Pela primeira vez, reconhece-se oficialmente os riscos psicológicos e emocionais como parte das condições de trabalho a serem monitoradas e protegidas, ao lado dos riscos físicos, químicos e biológicos.

Isso significa que, finalmente, há uma compreensão oficial de que o ambiente de trabalho impacta profundamente a saúde mental e emocional dos colaboradores.

O que são riscos psicossociais?

Mas o que são, de fato, esses riscos psicossociais? Para muitas pessoas, o termo pode parecer abstrato, mas ele representa algo que é, na verdade, muito concreto e cotidiano. Riscos psicossociais são todas aquelas situações que, dia após dia, corroem nosso bem-estar: a pressão excessiva, a sobrecarga de responsabilidades, o isolamento e, muitas vezes, a falta de suporte e reconhecimento. Esses fatores, embora invisíveis, têm consequências graves, como a ansiedade, a depressão e, claro, o burnout. Para muitos, esses riscos ainda são difíceis de identificar, pois muitas vezes se manifestam de maneira silenciosa e sutil – até o momento em que se tornam insustentáveis.

Com essa atualização da NR 01, convoca-se as empresas a desenvolver um olhar mais atento, uma gestão que priorize o acolhimento e a segurança emocional dos trabalhadores. A norma agora demanda que os empregadores olhem para suas equipes e enxerguem não apenas profissionais, mas pessoas que possuem necessidades emocionais e limites que exigem respeito.

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Um novo cenário para a saúde mental no trabalho

A inclusão dos riscos psicossociais na NR 01 representa um divisor de águas. Ela legitima o que tantos de nós já sentimos na pele: o trabalho é um fator essencial na vida emocional das pessoas e, sem uma gestão saudável, ele pode se tornar uma fonte de adoecimento, de esgotamento emocional. Com as novas diretrizes, pessoas e empresas serão obrigadas a pensar mais no trabalho de forma mais humana e integral.

Com isso, abre-se um novo cenário para a cultura organizacional no Brasil, onde as empresas são chamadas a desenvolver ambientes mais saudáveis e respeitosos. Isso implica no desenvolvimento de lideranças mais empáticas, capazes de identificar sinais de esgotamento emocional, e na construção de canais internos que sejam mais do que apenas comunicativos, mas verdadeiros espaços de troca e apoio.

Estou certa de que esta norma não só legitima a importância de proteger a saúde mental no trabalho, mas também cria uma grande responsabilidade para as companhias. Elas agora têm o dever de investir em iniciativas como a promoção de um clima organizacional saudável, a criação de canais de denúncia acessíveis e o treinamento de lideranças que saibam ouvir e apoiar suas equipes.

Para onde podemos ir a partir daqui?

Para mim, essa é a verdadeira mudança. Se há uma coisa que aprendi na minha trajetória pessoal e no trabalho que realizo hoje voltado à gestão de tempo e saúde mental sobretudo de mulheres – que são as mais afetadas nesse processo todo – é que as organizações e os profissionais só podem evoluir de forma sustentável quando colocam a saúde mental como prioridade. O sucesso que realmente importa é aquele que é construído sobre o respeito e o cuidado. E onde o trabalho é um lugar de realização, e não de esgotamento emocional.

A inclusão dos riscos psicossociais na NR 01 marca o início de uma nova era para a saúde ocupacional no Brasil. E todos temos uma responsabilidade nessa construção: líderes, empresas, colaboradores e, claro, a sociedade como um todo. Que essa mudança chegue a cada empresa, a cada colaborador e a cada lar, lembrando a todos nós que ter a mente sã é um direito, e o trabalho, um espaço onde todos devem ter a chance de crescer de forma saudável e sustentável.

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Maria Resende
Maria Resende
Fundadora do Instituto Girassol de Desenvolvimento Humano e Educação Corporativa, com foco em produtividade saudável e gestão humanizada. É autora, palestrante, mentora, pós-graduada em psicologia organizacional, especialista em gestão do tempo e certificada em alta performance. Crédito da imagem: Arquivo pessoal

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