21 - novembro - 2024
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Colesterol: onde mora o perigo?

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colesterol: excesso é risco certo
Amostras de sangue em laboratório. Exame de colesterol deve ser feito para monitoramento. Crédito: Freepik


Colesterol: onde mora o perigo? O médico cardiologista Antônio Fernandino de Castro Bahia Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), regional Minas, diz, em entrevista ao Papo no Consultório, que não devemos ignorar os riscos da hipercolesterolemia (colesterol alto) para o coração. Confira abaixo o que ele explica sobre o tema neste 8 de agosto, Dia Mundial de Combate ao Colesterol.

O que é o colesterol?


O colesterol é um tipo de gordura de origem animal que está presente na estrutura das membranas celulares. É encontrado no fígado, nos nervos, coração, no cérebro, na pele, nos músculos e no intestino. Cerca de 70% de todo o colesterol do organismo é produzido no fígado. Esse colesterol é fundamental para o bom funcionamento do corpo humano. 


“Várias das reações orgânicas dependem do colesterol produzido no nosso organismo”, explica Bahia Neto. O colesterol é usado na síntese de alguns hormônios, como cortisol, estrogênio e testosterona; na produção da vitamina D e, ainda, é importante para a construção dos neurotransmissores.

Colesterol: onde mora o perigo?


Já o colesterol proveniente do consumo de alimentos de origem animal é responsável pelos outros 30% dessa gordura presente no corpo humano. “O problema é o excesso, é o que sobra após o consumo de alimentos de origem animal”, alerta o cardiologista. 


É que essa sobra, conforme ele explica, é transportada na corrente sanguínea com destino ao intestino para ser eliminada do organismo. Mas, nesse caminho, ela vai se acumulando nas paredes internas das artérias, entupindo-as. 


“A fração do colesterol levada para que ele seja eliminado é o LDL, de baixa densidade, que tem menor chance de ser transportada e maior risco de entupir as artérias”, diz Bahia Neto. Ele ressalta, portanto, que essa é uma das principais causas das doenças ateroscleróticas, do AVC (Acidente Vascular Cerebral) e do infarto do miocárdio. É aqui que mora o perigo.

Quando dosar o colesterol?


Bahia Neto explica que é preciso fazer pelo menos uma dosagem entre o fim da infância e início da adolescência para se ter um parâmetro. Não apresentando alterações, o exame de colesterol deve ser feito anualmente a partir dos 35 ou 40 anos dependendo da história  familiar de doenças cardiovasculares.


Mas atenção: o diagnóstico para risco cardiovascular deve ser feito pelo médico. Ele avalia, além dos valores de colesterol e suas frações, a genética, a história familiar e todos os fatores de risco associados para fechar o diagnóstico e definir a conduta.

Quando e como tratar o colesterol?


“O início do tratamento vai depender dos fatores de risco e das condições de saúde de cada um”, explica o cardiologista. Quem tem outras comorbidades, como doença cardíaca, hipertensão (pressão alta), aterosclerose precisa de uma intervenção mais urgente, com o uso de medicação. “A abordagem inicial e principal é a adoção de uma atividade física aeróbica e a redução do consumo de alimentos de origem animal”, ressalta.

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Quanto ao tratamento medicamentoso, Bahia Neto diz que as estatinas ainda são a principal classe de drogas usadas para ajudar no controle do colesterol. “Desde a década de 90, para cada 40 mg por cento de redução do colesterol no sangue, diminuímos em 20% o AVC e infarto fatais e em 12% o risco de morrer por uma dessas doenças por conta hipercolesterolemia (colesterol alto). Por isso a importância da medicação”, defende.


Neste 8 de agosto, o cardiologista deixa um alerta. “É importante a gente se conscientizar da importância de se ter esse cuidado e monitorar o colesterol. Muitos acreditam que o colesterol alto não é perigoso e desprezam o perigo que ele representa. É um dos dos cinco principais fatores que levam à mortalidade por AVC e infarto. Por isso, todos precisam ficar atentos para isso”, afirma.

Tipos de colesterol


Existem três frações do chamado colesterol total.

LDL


De baixa densidade, é conhecido popularmente como colesterol “ruim”.


O LDL se acumula nas paredes das artérias sanguíneas, e quando seus níveis estão elevados também aumenta o risco de desenvolver doenças coronárias, como por exemplo: insuficiência arterial, infarto do miocárdio ou derrame cerebral.

HDL


De alta densidade, é conhecido popularmente como colesterol “bom”.


O HDL possui como principal função extrair o colesterol LDL das artérias e levá-lo até o fígado onde ele será quebrado e excretado posteriormente.

VLDL


De muita baixa densidade, é produzido no fígado. Tem como principal função transportar os triglicerídeos pela corrente sanguínea.


Essa fração do colesterol total está diretamente ligado à quantidade de triglicérides e os seus níveis são diretamente influenciados pela dieta que fazemos.

Colesterol total


É a soma dessas frações LDL, HDL e VLDL.

Colesterol: onde mora o perigo?

Conheça os níveis desejáveis para o exame de colesterol (mg/dL)


COLESTEROL TOTAL

< 190


LDL

Pessoas consideradas saudáveis < 130

Para quem tem risco cardiovascular intermediário < 100

Para quem tem alto risco cardiovascular < 70

Para quem tem muito alto risco cardiovascular < 50


HDL

Homens > 40

Mulheres > 50


TRIGLICÉRIDES

< 150

RISCO CARDIOVASCULAR


Baixo Pessoas jovens, sem doenças ou com hipertensão bem controlada, com LDL entre 70 e 189 mg/dl..


Intermediário Pessoas com 1 ou 2 fatores de risco, como tabagismo, pressão alta, obesidade, arritmia controlada,  ou diabetes que seja inicial, leve e bem controlado, dentre outros.


Alto Quem tem placas de colesterol nos vasos vistas pelo ultrassom, aneurisma de aorta abdominal, doença renal crônica, com LDL > 190mg/dL, diabetes há mais de 10 anos ou com múltiplos fatores de risco, dentre outros.


Muito alto Aqueles com angina, infarto, AVC ou outro tipo de obstrução arterial por placas de aterosclerose, ou com qualquer obstrução arterial grave observado no exame, dentre outros.


Sintomas do colesterol alto

Considerado um inimigo silencioso, o colesterol alto, geralmente, não apresenta sintomas evidentes. Muitas vezes, o problema só é descoberto quando o paciente sofre um AVC ou um infarto. Mas alguns sinais podem surgir já quando os níveis estão muito altos. Confira:

  • Pequenas bolinhas de gordura na pele nos joelhos, coxas, glúteos ou, principalmente, nas pálpebras.
  • Dores nos dedos dos pés e das mãos devido a depósitos de gordura nos vasos sanguíneos das extremidades.
  • Barriga inchada, quando não há outra razão associada.


Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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