03 - maio - 2024
InícioSua saúdeDiagnóstico e Tratamento45% das mulheres que não fazem Papanicolau têm de 25 a 34...

45% das mulheres que não fazem Papanicolau têm de 25 a 34 anos

- Patrocinado -
mulheres que não fazem Papanicolau
Poucas mulheres procuram fazer o Papanicolau como rotina. Crédito: Pexels


Entre as mulheres que não fazem o Papanicolau (exame para rastrear o câncer de colo de útero) no Brasil, 45,7% estão na faixa de 25 a 34 anos. É o que mostra o estudo “Um Olhar sobre o Diagnóstico do Câncer do Colo do Útero no Brasil”, feito pela Fundação do Câncer. Esse padrão se repete em todas as regiões do país. No Norte e Centro-Oeste, contudo, os índices alcançaram 51,5% e 52,9%, respectivamente. “Isso está refletido nos números de mortalidade, que são muito maiores lá do que aqui”, diz Flávia Corrêa, consultora médica da Fundação do Câncer e colaboradora do estudo.


As mulheres que estão em dia com o preventivo (menos de três anos) encontram-se na faixa de 35 a 49 anos em todo o Brasil, com taxa de 43,7%. O índice para as mulheres que não fazem Papanicolau na faixa de 35 a 49 anos atingiu 29,8%, ficando em 24,5% para a faixa de 20 a 64 anos.


O levantamento foi feito com base em dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Ministério da Saúde, divulgada no ano passado. O exame deve ser realizado de três em três anos por mulheres que já tenham iniciado a atividade sexual, homens trans e pessoas não binárias designadas mulher ao nascer. O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que o Papanicolau seja feito na faixa etária entre 25 e 64 anos.

Leia mais

Câncer de colo do útero

Brasileiro teme o câncer por falta de informação


Resultado do Papanicolau demora


De acordo com a pesquisa, apenas 40% das mulheres que realizaram o exame pelo SUS receberam o resultado em até 30 dias. Na rede privada esse percentual supera 90%. Cerca de 10% das mulheres que realizaram o Papanicolau via SUS nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Norte nunca tiveram acesso aos resultados dos exames. Na rede privada de todo o país, esse número cai para 2%.


Flávia esclareceu que como o rastreamento pelo Papanicolau não é uma emergência, o resultado não costuma sair em cinco dias ou uma semana. “O que ocorre é que a organização da rede pública de saúde não funciona muito bem e o pessoal da atenção básica de saúde pede para a mulher retornar em 30 ou 60 dias”. Muitas vezes, essa mulher retorna nesse prazo e o exame não chegou ainda. Uma das causas para isso é que nem todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) são informatizadas. “Isso facilitaria muito o encaminhamento do laudo pela internet.

Dificuldade de deslocamento


Em decorrência disso, muitas mulheres, que já têm dificuldade de ir até uma unidade de saúde por questão financeira, não conseguem sair do trabalho ou não têm com quem deixar os filhos, por exemplo, acabam frustradas e insatisfeitas quando vão buscar o resultado e este não está pronto.


“Isso compromete toda a linha de cuidado daí para a frente porque, se tiver uma alteração no preventivo, a mulher não buscou o resultado, a unidade de saúde não fez uma busca ativa dessa mulher e não adiantou nada ela ter feito o exame. Porque ela não fez a confirmação do diagnóstico e um eventual tratamento, se fosse o caso”, argumentou a consultora médica da Fundação do Câncer.

Escolaridade interfere na realização do exame


O diretor executivo da Fundação do Câncer, cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, chamou atenção que a baixa escolaridade é uma das características entre as mulheres que não fazem Papanicolau.


Entre essas últimas, além da baixa escolaridade (56,9%), elas apresentam baixa renda (70,7%), estão no grupo das que se definem como não casadas (73,9%) e têm cor negra ou parda (62,5%). “Tem toda uma conjuntura aí: quem mais precisa é quem menos recebe”, analisou Flávia Corrêa.


As mulheres que realizaram o preventivo há mais de três anos possuem baixa escolaridade em todas as regiões do Brasil. Os destaques são o Norte (62,5%) e o Nordeste (68,8%), cujos percentuais superam a média brasileira (60,8%). Já entre as mulheres que nunca fizeram preventivo, a baixa escolaridade lidera em todo o país, com média de 56,9%, à exceção do Centro-Oeste, que mostra distribuição próxima entre as mulheres com ensino fundamental completo (48,4%) e ensino médio completo (43,3%).

Teste molecular é alternativa ao Papanicolau


Enquanto não houver mudança de método para o rastreamento do câncer de colo de útero no Brasil, a Fundação do Câncer orienta que a população feminina brasileira atenda à recomendação da OMS e do Ministério da Saúde em relação à população-alvo e à periodicidade para realização do Papanicolau.


Flávia disse que esse modelo de rastreamento adotado no Brasil não é o mais indicado. Isso porque é do tipo oportunístico – quando a mulher procura um serviço de saúde para realizar o exame ou quando o profissional de saúde oferece o teste. “Por isso, muitas mulheres são rastreadas em excesso e outras sequer fizeram o exame”.


A OMS recomenda, aos países de baixa e média renda, como método preferencial, o teste molecular para detectar o HPV, o teste de DNA-HPV. Flávia afirmou que esse teste é muito mais sensível e mais objetivo, porque é feito por máquina, enquanto o exame citopatológico depende do ser humano.

Novo método alternativo ao Papanicolau


O epidemiologista Alfredo Scaff, coordenador do estudo, comentou que o novo teste antecipa em quase dez anos o tratamento dos casos de câncer. Entre as vantagens do teste molecular DNA-HPV, Scaff cita o aumento da idade de início de realização do exame para 30 anos. Também limita o exame para até 49 anos e tem maior espaço de tempo (de cinco em cinco anos). O teste molecular detecta mais as lesões precursoras e câncer em estágio inicial e, principalmente, reduz o custo do tratamento. Flávia acrescentou que vários países desenvolvidos já mudaram de método para rastreamento do câncer de colo de útero. A adoção desse exame ainda está em estudos pelo Ministério da Saúde.


A doutora em saúde pública comentou, por outro lado, que não adianta só mudar o método. “Enquanto a gente não garantir adesão às recomendações, tem que atualizar as diretrizes. E divulgá-las nas universidades, aos profissionais de saúde, e promover a capacitação das equipes da atenção primária, que colhe o material para exame”. Segundo indicou, é preciso ter um mecanismo de gestão que só aceite a priorização do teste nessas condições de periodicidade e população-alvo recomendadas. A realização fora dessas especificidades tem que ter uma justificativa. “E tem que ter um sistema que comporte tudo isso”. (Com Agência Brasil)

- Patrocinado -
Leia também...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -
Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

MAIS POPULARES