Enquanto durar o forte nevoeiro proveniente da fumaça de incêndios em matas e que atinge boa parte do país, a população deve evitar, ao máximo, a exposição ao ar livre e a prática de atividades físicas. “Não é hora de brincar, de andar de bicicleta, de pular corda”, alerta diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Agnes Soares, do Ministério da Saúde. Ela alerta para os riscos à saúde e os cuidados com a exposição à fumaça.
“Para os idosos, a mesma questão: não é o momento de sair para fazer atividades que não sejam estritamente necessárias. Se precisar sair, use proteção, como máscaras e bandanas, para reduzir o contato com partículas nas vias respiratórias”, orienta a diretora. O uso de máscaras permite a filtragem de partículas finas do ar.
Leia mais: Crise climática coloca em risco a saúde física e mental
Além de crianças e idosos, essas medidas preventivas são essenciais nesse momento também para pessoas com doenças prévias, como hipertensos e diabéticos. Outro grupo que deve se manter vigilante é o de pessoas com alergias e problemas respiratórios, como asma e bronquite crônica. Agnes Soares explica que essas populações reagem de forma mais rápida e intensa à contaminação por exposição à fumaça.
Os possíveis sintomas da exposição à fumaça, de acordo com a diretora, incluem:
- Ardência nos olhos;
- Irritação na garganta e sensação de fechamento da laringe;
- Manifestações mais sérias e que podem sinalizar que o pulmão foi afetado, como o chiado característico da bronquite.
Alerta
A maioria dos episódios em saúde associados à exposição à fumaça envolve doenças e queixas respiratórias. Entretanto, pessoas com problemas cardíacos e hipertensão, por exemplo, apresentam risco aumentado de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) nos dias que se seguem após o início dos incêndios.
“Se o episódio (de dispersão da fumaça) dura de três a quatro dias, pode ser mais sério para a população”, alertou. Em algumas regiões do país, o nevoeiro provocado pela fumaça dos incêndios começou no último fim de semana.
Suspensão das aulas
Questionada sobre a manutenção das aulas em regiões atingidas pela fumaça, Agnes Soares diz que não há um marco legal sobre o tema. A recomendação é que os municípios, ao tomarem suas decisões, considerem o risco aumentado para doenças respiratórias, sobretudo em meio a episódios prolongados.
A diretora lembra que cenários de umidade relativa do ar muito baixa, por si só, já prejudicam o desempenho dos estudantes e causam desconforto geral. O recomendável, segundo ela, é avaliar caso a caso, determinando desde a redução de atividades físicas até o fechamento das escolas.
Dicas
De acordo com a secretária, não há monitoramento em tempo real de casos de doenças respiratórias e outros quadros advindos da exposição à fumaça registrados em Unidades de Pronto atendimento (UPAs) e serviços de emergência. Mas já há, segundo ela, relatos de aumento desse tipo de atendimento – sobretudo nas alas de pediatria.
Os cuidados com a exposição à fumaça entre as crianças incluem evitar ao máximo a exposição prolongada à fumaça e, sempre que possível, garantir o estoque de medicações controladas, além de promover hidratação abundante, de forma a garantir que as mucosas se mantenham úmidas.
Cuidados com a exposição à fumaça
O Ministério da Saúde recomenda as seguintes orientações para a população:
- Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas;
- Reduzir ao máximo o tempo de exposição, recomendando-se que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar condicionado ou purificadores de ar;
- As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentrações de partículas, para reduzir a penetração da poluição externa;
- Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes do ar, e entre 12 e 16 horas, quando as concentrações de ozônio são mais elevadas;
- Uso de máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas podem reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, melhoram o desconforto das vias aéreas superiores. Enquanto o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população;
- Crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes devem redobrar a atenção para as recomendações descritas acima para a população em geral. Além disso, devem estar atentas a sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde e buscar atendimento médico o mais rapidamente possível.
Leia mais: Calor extremo: saiba como a alta temperatura afeta corpo e saúde
Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem ter os seguintes cuidados com a exposição à fumaça:
- Buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento;
- Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas;
- Buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises; e
- Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas.
Fontes: Agência Brasil e Ministério da Saúde