03 - dezembro - 2024
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Meningite: a importância da prevenção

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Vamos falar um pouco sobre as vacinas contra meningite?

Falar sobre meningite sempre dá um frio na barriga, porque sabemos que as complicações dessa doença podem ser irreversíveis. A meningite pode deixar sequelas importantes e até levar à morte. Mas há vários tipos de vírus e bactérias que provocam a doença meningocócica. E a vacina contra o meningococo C, por exemplo, não protege contra a doença provocada pelo meningococo B.

Neste ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliou a faixa etária da vacina contra a meningite C para adolescentes de 12 e 13 anos. Mas a vacina meningocócica B e a ACWY ainda não estão disponíveis na rede pública. Elas podem ser encontradas, com alguma dificuldade, na rede privada, em clínicas e laboratórios particulares. Cada dose (confira no fim do post os esquemas de cada uma de acordo com a idade) custa em torno de R$ 690 (B) e R$ 340 (ACWY).

A vacina meningite C é oferecida nos postos de saúde desde 2009 em Minas Gerais, para crianças abaixo de 2 anos, e na Bahia, para uma faixa etária mais ampla. Em 2010, foi disponibilizada em todo o país para crianças abaixo de 2 anos. Antes da inclusão da vacina na rede pública, o meningococo C era responsável por 80% dos casos das meningites em crianças.

Redução

Segundo o pediatra José Geraldo Ribeiro Leite, secretário do Departamento de Vacinas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os casos de meningites pelo grupo C diminuíram na população vacinada em todo o país. “Em Minas Gerais, não tivemos casos em menores de 5 anos nos últimos anos”, afirma o médico. Ele também é epidemiologista, mestre em medicina tropical e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

Como a vacinação das crianças não reduziu o risco de doença nos adolescentes, o PNI decidiu pela inclusão da vacina no calendário dos jovens de 12 e 13 anos. “A imunização pode ser feita no mesmo dia de outras vacinas, inclusive da vacina HPV que, neste ano, também está à disposição dos garotos de 12 e 13 anos”, explica o médico.

A pediatra Isabella Ballalai, presidente da SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações, alerta que a doença meningocócica é uma importante causa de mortalidade e sequelas graves. “Então é essencial fazer uso de todas as ferramentas que nos permitem evitá-la”, reforça a médica.

Sintomas

A meningite é uma infecção do sistema nervoso central e pode ser causada por bactéria ou vírus. No entanto, algumas espécies têm maior probabilidade de causá-las. “Para as principais bactérias causadoras já existem vacinas no calendário do Programa Nacional de Imunizações”, diz Ribeiro Leite.

O pediatra explica que, geralmente, o quadro se inicia com febre alta, irritabilidade e vômitos. As crianças maiores queixam-se de dor de cabeça e na nuca. Em crianças pequenas, podem ocorrer convulsões no início do quadro.

Proteção

“A melhor proteção contra a doença é a vacinação”, diz Ribeiro Leite. A vacina não contém a bactéria em sua integralidade e, por isso, afirma o médico, é muito segura. De acordo com a SBIm, em média, mais de 95% dos vacinados ficam protegidos. Mas a proteção das vacinas conjugadas (meningocócica C e ACWY) não dura toda a vida. Daí a importância das doses de reforço conforme as recomendações da SBIm e da SBP.

A presidente da SBIm alerta que a vacinação atrasada pode – e deve – ser regularizada o mais breve possível desde que não haja contraindicação. “É importante destacar que dose dada é dose contabilizada, ou seja, não é necessário reiniciar o esquema”, explica a médica.

Vacinas da rede particular

Segundo a presidente da SBIm, as vacinas meningocócica B e ACWY são bastante novas no Brasil. “A entrada delas no PNI demanda a avaliação de diversas variáveis, entre as quais a epidemiologia dessas e de outras doenças’, explica Isabella.

Como a meningite C respondia por 80% dos casos de doença meningocócica, o Ministério da Saúde entendeu que outros imunobiológicos deveriam ser incluídos antes. “Infelizmente, não é possível afirmar se serão oferecidas ou não na rede pública”, diz a pediatra.

Veja abaixo as orientações referentes às vacinas meningocócica B e C/ACWY:
Meningocócica B

Padrão

Três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade e reforço entre 12 e 15 meses.

Com atraso

Para crianças que iniciaram o esquema entre 6 e 11 meses: duas doses com intervalo de dois meses e uma dose de reforço no segundo ano de vida, respeitando-se um intervalo mínimo de dois meses.

Para crianças entre 12 meses e 10 anos: duas doses com intervalo de dois meses.

Adolescentes: duas doses com intervalo de 1 a 2 meses.

Adultos: duas doses com intervalo de 1 a 2 meses. A indicação depende da situação epidemiológica

Meningocócicas C ou ACWY

Há duas vacinas menACWY licenciadas no Brasil: menACWY-CRM, para crianças a partir de 2 meses, e a menACWY-TT, para crianças a partir de 1 ano. Os esquemas variam de acordo com a vacina usada.

Padrão

Meningocócica C: duas doses, aos 3 e 5 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Indicado reforço com MenACWY entre os 5 e 6 anos.

MenACWY-CRM: três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade e reforços entre 12-15 meses e entre 5 e 6 anos.

Com atraso

Crianças que não receberam menC e que iniciaram a vacinação em atraso com menACWY-CRM entre 7 e 23 meses de idade: duas doses, sendo que a segunda deve ser aplicada após a idade de 1 ano. O intervalo mínimo entre as doses é de dois meses. Um reforço deve ser feito entre os cinco e seis anos.

Crianças que não receberam menC e que iniciaram a vacinação em atraso com menACWY-CRM após os 24 meses: uma dose entre 5 e 6 anos.

Crianças que não receberam menC e que iniciaram a vacinação em atraso com MenACWY-TT após 12 meses de idade: uma dose e reforço entre 5 e 6 anos.

Em todos os casos, é necessário dar um segundo reforço após cinco anos. Adolescentes vacinados na infância devem recebê-lo aos 11 anos ou cinco anos depois da última dose.

Adolescentes que não foram vacinados na infância: duas doses com intervalo de cinco anos.

Adultos: Uma dose. A indicação e a necessidade de reforços dependem da situação epidemiológica.

Idosos: uma dose apenas em casos de surtos ou de viagens a áreas de risco. A necessidade de reforços depende da situação epidemiológica.

Fonte: Isabella Ballalai, pediatra e presidente da SBIm - Sociedade Brasileira de Imunizações. Formada pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, também é membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Estado do RJ, Membro do Comitê de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro e coordenadora médica do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante.
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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