27 - abril - 2024
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O que você precisa saber sobre os testes de dengue

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Você tem dúvidas sobre os exames para diagnosticar dengue?
Sorologia apresenta riscos de reação cruzada com outras doenças e testes rápidos podem ter resultado falso-positivo; exame mais preciso é o teste molecular

Há mais de 20 anos, sofremos com epidemias de dengue. Neste ano, até 24 de julho, foram registrados mais de 1,5 milhão de casos prováveis (que incluem os confirmados e os ainda em investigação) de dengue no país. Isso representa, em média, 73 casos por dia. Foram 864 mortes no período –  o que significa que a dengue matou, em média, uma pessoa a cada seis horas no país.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Papo no Consultório, os testes para detectar dengue já estão bem-estabelecidos no Brasil. Mas alguns apresentam reação cruzada com outras doenças e resultado falso positivo-negativo. Por isso, é importante que o médico analise os resultados considerando o quadro clínico do paciente e a situação endêmica local. E o paciente precisa ficar atento ao início dos sintomas. O tipo de teste a ser realizado vai depender se a doença está na fase aguda (inicial) ou não.

Fase inicial

O médico patologista Celso Granato, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), explica que a dengue (como a zika e a chikungunya) tem duas características. Uma delas é que o vírus que provoca a doença só pode ser detectado na primeira semana, até 5 dias após o início dos sintomas. “O organismo demora a perceber que está tendo uma infecção e o organismo, a produzir anticorpos”, justifica.

Nesse período, na chamada fase aguda, podem ser feitos dois exames para diagnóstico da dengue. Um deles é o teste para antígeno NS1 (proteína produzida intensamente pelo vírus da dengue). O exame é semelhante ao teste de gravidez: separa-se o sangue e goteja o soro em uma tira de papel. O resultado sai em até 30 minutos. Mas a entrega do resultado para o paciente pode demorar até um dia útil dependendo da logística de cada laboratório.

O exame NS1

“Quando doente, o NS1 é fundamental para o diagnóstico da dengue”, afirma a diretora médica do Laboratório São Marcos, em Belo Horizonte, a médica hematologista Mariana Cerqueira. Ela ressalta que os períodos de dengue grave geralmente ocorrem a partir do terceiro dia. “Quanto mais precoce o diagnóstico, mais rápido o tratamento adequado”, justifica.

O outro exame que pode ser realizado na fase inicial da dengue é o teste molecular ou PCR, que avalia o RNA do vírus. “É o mais assertivo porque não dá falso positivo”, defende o bioquímico e farmacêutico Adriano Basques, gerente técnico do Laboratório Geraldo Lustosa, em Belo Horizonte. Mas ainda é um exame muito caro (em torno de R$ 400). E seus resultados demoram mais – dependendo do laboratório, de 4 a 6 dias úteis.

Anticorpos

A partir da segunda semana de sintomas (8 dias), é possível detectar apenas os anticorpos. São dois: o IgM, produzido na fase aguda, e o IgG, que demora mais a ser produzido. Geralmente, o IgG detecta uma infecção antiga, mas, a partir do 8º a 10º dia de sintomas, já pode dar positivo para uma doença recente.

Reação cruzada

No começo da segunda semana, o organismo começa a “abafar o incêndio” para não deixar a infecção tomar conta do organismo. “Aí temos um problema com o IgM. Pode ocorrer reação cruzada entre várias doenças – por exemplo, mononucleose e toxoplasmose”, explica o médico patologista. Esses detalhes podem induzir o médico a erro. “Ele precisa analisar o quadro clínico do paciente com cuidado”, diz Granato.

Além disso, os vírus da dengue e da zika são da mesma família (flavivírus). Ao avaliar o resultado dos exames de anticorpos IgM para dengue, o médico deve considerar a situação endêmica local (quais vírus circulam na região, se há surto ou epidemia) e os dados clínicos do paciente (evolução dos sintomas). Granato esclarece que a dengue se caracteriza mais por fraqueza e dores de cabeça e nos olhos. A zika, por dores mais intensas no corpo e olhos vermelhos (conjuntivite). Já a chikungunya, diz, caracteriza-se mais pela artrite (dores nas articulações).

Reinfecção

Com o IgG, o problema de reação cruzada ocorre menos. “É importante fazer o IgG junto com IgM para o médico saber se é reinfecção”, defende Granato. É que existem quatro tipos de vírus da dengue, e uma pessoa pode ser infectada mais de uma vez. Na primeira infecção, 3 em cada 1.000 casos se tornam graves. Na reinfecção, a incidência da gravidade aumenta dez vezes – sobe para 3 em cada 100 casos. O exame IgG, no entanto, não detecta se é a segunda ou a terceira infecção.

A diretora médica do Laboratório São Marcos explica que o IgG pode ser feito com segurança a partir do 5º dia de sintomas. “No 6º dia com dengue, 100% da população apresenta esse anticorpo. Tem gente que dá positivo já no 1º dia de sintoma e 60%, no terceiro”, diz Mariana Cerqueira.

Testes rápidos para dengue

A segunda característica da dengue, segundo Granato, refere-se aos exames para diagnóstico. “Os testes rápidos, que levam de 15 minutos a 30 minutos depois da coleta do sangue, não têm a mesma qualidade. Talvez sejam duas vezes menos precisos do que os outros, que demoram de 2 a 3 dias para ficarem prontos”, compara.

Segundo o médico patologista, o resultado dos exames mais comuns de IgM (feitos entre o 5º e 6º dia de sintomas) demora 4 horas. Já o teste PCR (molecular) não tem como ser rápido. “Existem alguns equipamentos que fazem o processo em 1 hora e 30 minutos, mas são poucos”, diz o médico patologista.

Combo de testes rápidos para dengue

Para tentar reduzir o risco de falso negativo-positivo dos testes rápidos da dengue e agilizar a entrega dos resultados, o Laboratório São Marcos, em Belo Horizonte, está oferecendo um combo. São três testes rápidos para dengue (IgM, IgG e NS1) e, se o paciente quiser, mais o hemograma para avaliar o número de plaquetas. “O combo melhora a performance do teste rápido. A chance de falso positivo ou falso negativo cai demais. E permite o melhor tratamento para o paciente”, explica Mariana Cerqueira.

Demora no resultado

A diretora médica do São Marcos diz que os testes rápidos estão no rol da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar desde 2016. Mas que nem sempre os laboratórios conseguem liberar o resultado em 30 minutos por causa da logística. A coleta de sangue é feita em todas as unidades, mas quase sempre o exame é realizado em uma central.

Por isso, geralmente, quando o sangue é colhido pela manhã, o resultado sai apenas de tarde. Se a coleta de sangue é feita de tarde, o resultado é liberado no dia seguinte. “É o fluxo normal em um laboratório”, explica. Segundo ela, o São Marcos concentrou a oferta do combo na unidade do bairro Serra para agilizar a entrega dos resultados em até 30 minutos.

PCR para dengue, zica e chikungunya

Já o Laboratório Geraldo Lustosa, em Belo Horizonte, oferece o PCR Trio (combo de teste moleculares) para diagnóstico de dengue, zika e chikungunya. “A sorologia para zika e chikungunya tem reações cruzadas com dengue. Não é uma excelente ferramenta de diagnóstico. O combo de testes moleculares acaba com esse problema”, diz Adriano Basques. Outra vantagem é que pode ser feito quando os sintomas ainda são inespecíficos. O teste molecular identifica o material genético do vírus presente no sangue no início da doença. Por isso, a coleta de sangue deve ser feita até o 6º dia após os sintomas. Não é necessário jejum.

“Infelizmente, ainda não temos testes rápidos para detectar os vírus zika e chikungunya”, diz Granato. Por isso, ele explica que, na suspeita dessas doenças, deve ser feito o teste molecular na primeira semana de sintomas. “É um exame mais caro e mais demorado, feito apenas nos grandes laboratórios. O custo de controle para 1 ou 10 testes é o mesmo”, justifica o médico patologista. O PCR Trio sai mais barato do que fazer os três exames separadamente. É que o processo mais caro da execução do exame é a extração do material genético do vírus para a análise. Ao fazer o trio, o valor dessa etapa é diluído por três.

Adriano Basques ressalta que uma gestante não pode ter dúvida sobre a infecção por zika. “A grávida deve fazer o PCR mesmo assintomática, caso ela ou marido tenham estado em região com casos da doença”, diz ele, lembrando que 80% dos casos de zica são assintomáticos. Segundo o gerente técnico do Geraldo Lustosa, o laboratório realiza também o exame de urina para detectar zica. Nesse caso, explica ele, a urina deve ser colhida até 21 dias após a picada do mosquito.

*Matéria atualizada com dados dos Ministério da Saúde referentes a 2023, até o dia 24 de julho.

Serviço


Veja quando o exame deve ser pedido de acordo com o tempo de sintomas apresentados em caso de suspeita de dengue:

  1. PCR (diagnóstico molecular e tipagem do vírus da dengue)
    Amostras de sangue
    Preferencialmente, nos primeiros 5 dias dos sintomas
    O tempo de liberação dos resultados é de 4 dias úteis
  2. NS1 (identificação de antígeno viral)
    Amostra de sangue
    Deve ser realizado nos primeiros 5 dias de doença
    O tempo de liberação dos resultados é de, aproximadamente, 1 dia útil
  3. Sorologia IgM e IgG (identificação de anticorpos)
    Amostra de sangue.
    Deve ser realizado a partir do 5º dia dos sintomas
    O tempo de liberação dos resultados é de 3 dias úteis para ambos os testes
Fonte: Priscila Saleme, médica infectologista do setor de vacinas do Grupo Hermes Pardini.


Veja os tipos de exames diferenciais oferecidos para o diagnóstico de dengue na rede particular* em Belo Horizonte:

* Para saber se o teste solicitado por seu médico é coberto pelo seu plano de saúde, é preciso ligar para o laboratório e verificar.

Combo de testes rápidos para dengue (NS1, IgM e IgG) + o hemograma

Oferecido pelo Laboratório São Marcos**, apenas na unidade do bairro Serra, inclui os exames:

  1. NS1 – Detecta o antígeno NS1– um proteína específica – do vírus da dengue
  2. IgM – Detecta o anticorpo de defesa presente no organismo que tem doença ativa
  3. IgG – Detecta anticorpo presente no organismo que teve infecção passada
  4. Hemograma – Detecta alterações no número de plaqueta e de trombócitos.
  • Como é feito o combo:

Com amostra de sangue

Ao apresentar sintomas

Resultado em 30 minutos

** O atendimento precisa ser agendado pelo telefone 2104-0100. As outras unidades também oferecem os exames, mas o resultado demora mais para ser entregue.

PCR Trio (dengue, zika ou chikungunya)

Oferecido pelo Laboratório Geraldo Lustosa***, inclui os exames:

  1. PCR para dengue
  2. PCR para chikungunya
  3. PCR para zika
  • Como é feito o PCR Trio:

Com amostra de sangue

Até o 6º dia de sintomas

Resultados em 6 dias úteis

*** Também oferece os exames de sorologia e testes rápidos para detectar dengue.

Fontes: Mariana Cerqueira, médica hematologista e diretora médica do Laboratório São Marcos; e Adriano Basques, bioquímico e farmacêutico, gerente técnico do Laboratório Geraldo Lustosa.
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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