A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou a interditar cautelarmente o dentifrício Colgate Total Clean Mint na última quarta-feira (30 de abril). A medida estava suspensa em razão de um recurso da fabricante solicitando a suspensão da interdição. No entanto, a própria empresa retirou o recurso, informou a Anvisa.
Com isso, a suspensão da venda e do consumo do produto, determinada no fim de março pela agência reguladora, segue em vigor. A interdição havia sido determinada no último dia 23 de março após relatos de consumidores que teriam apresentado reações e suspensa após recurso apresentado pela empresa.
Lançado no país em julho de 2024, o produto traz nova formulação, substituindo a linha Total 12 da marca. Em nota à imprensa, a empresa Colgate confirmou que, na última quarta-feira (30 de abril) apresentou à Anvisa o pedido de retirada do recurso contra a decisão que determinou a interdição temporária do produto. A iniciativa resultou na retomada da medida cautelar pelo órgão.
A decisão da Colgate é incentivada pela colaboração contínua com a Anvisa e pelo avanço das investigações técnicas junto à agência. A empresa acredita numa resolução oportuna do tema
Nota da Colgate
No texto, a Colgate também reafirmou a segurança e qualidade do creme dental da marca e garante que o Colgate Total Clean Mint “segue os rígidos padrões das agências regulatórias”.
Reações
Os relatos dos consumidores incluem reações como:
- Lesões bucais
- Sensações dolorosas
- Sensação de queimação/ardência
- Inflamação gengival
- Edema labial
“Estes sintomas têm impactado significativamente a qualidade de vida dos consumidores, resultando, em alguns casos, em custos médicos, afastamento do trabalho, dificuldades para se alimentar e se comunicar, e sofrimento emocional”, chegou a informar a Anvisa.
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O que fazer se tiver dentifrício da Colgate em casa
De acordo com a Anvisa, caso o consumidor tenha o dentifrício com a embalagem secundária (cartucho de cartolina), deve procurar no rótulo o número do processo, na Anvisa, que é 25351.159395/2024-82. Caso tenha somente a bisnaga, deve verificar se na composição há “fluoreto estanhoso”.
“A recomendação é para que os consumidores observem sinais de irritação e interrompam o uso do produto nessa situação. Caso o desconforto seja persistente é importante procurar um profissional de saúde”, acrescentou a agência em nota.
Consumidores e profissionais de saúde devem notificar as reações adversas às autoridades sanitárias pelo sistema e-Notivisa. Já os profissionais de saúde devem monitorar sinais de alterações bucais, orientar os pacientes sobre possíveis reações adversas e recomendar alternativas para indivíduos sensíveis. Ainda, segundo a Anvisa, os fabricantes devem garantir que os rótulos dos produtos contenham informações claras sobre possíveis reações adversas e instruções de uso adequadas.
O que fazer diante de reações ao dentifrício da Colgate
De acordo com a agência, consumidores que sofreram eventos indesejados relacionados ao uso do produto devem comunicar imediatamente a Anvisa por meio dos canais de notificação Limesurvey e e-Notivisa. Profissionais de saúde, de vigilância sanitária e empresas devem fazer a notificação no Notivisa.
Em nota, a Colgate diz que o produto não oferece riscos à saúde, mas reconhece que algumas pessoas podem apresentar sensibilidade a certos ingredientes. A empresa informou ainda que está trabalhando em colaboração com as autoridades e providenciando os esclarecimentos necessários.
Procon
O Procon-SP notificou a Colgate para esclarecer sobre as providências que a empresa está adotando em função da suspensão. O órgão de defesa do consumidor questiona a multinacional sobre como o consumidor pode identificar os produtos interditados, quais os lotes envolvidos e quais as orientações prévias.
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Reações
De acordo com nota do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), a Anvisa aprova todos os ingredientes em dentifrícios (pasta, creme ou géis dentais) para a escovação dos dentes como seguros à saúde geral dos consumidores, e reações são raras. Pesquisas da área atribuem essa sensibilidade aos agentes flavorizantes usados (essências de óleos) e ao detergente aniônico laurilsulfato de sódio.
“Tem havido relato de pessoas que tiveram reações bucais de sensibilidade a dentifrícios. Algumas marcas modificaram suas fórmulas e retiraram o fluoreto de sódio (NaF) e substituíram por fluoreto estanhoso (SnF2). Porém, as reações adversas bucais relatadas não podem ser atribuídas ao íon flúor (fluoreto) porque este é comum nas duas formulações”, explica o cirurgião-dentista Jaime Aparecido Cury, da Unicamp.
O uso do estanho na formulação tem o objetivo de melhorar a prevenção de doenças da gengiva, por conta de sua eficácia antibacteriana. Reações como as desse caso em geral param logo após a interrupção do uso do produto, o que o conselho recomenda caso haja reações.
Fonte: Agência Brasil
*Matéria atualizada em 2 de maio para incluir que a Colgate pediu a retirada do recurso, o que fez com a interdição da Anvisa voltasse a valer.