21 - novembro - 2024
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Pé diabético: sinais e formas de prevenção

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Saiba mais sobre o pé diabético

Enfermeira especialista no tratamento de feridas alerta para importância da prevenção.

Estima-se que 50% das pessoas que têm diabetes não estão diagnosticadas. E uma pessoa que tem a doença sem saber também pode apresentar o chamado “pé diabético”. Esse é o maior risco. “Quando a pessoa desconhece que tem diabetes, não controla a glicemia, e as taxas elevadas ocasionam os danos”, alerta a enfermeira estomaterapeuta Suely Rodrigues Thuler, especialista em podiatria e diretora do Departamento de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Estomaterapia (Sobest).

O pé diabético é uma séria complicação do diabetes. “Compreende todas as situações de risco para os pés, decorrentes, principalmente, da lesão dos nervos (neuropatia) e dos vasos (vasculopatia)”, explica Suely. E essas alterações, sem tratamento, podem levar a graves consequências como a amputação dos pés, de parte deles ou de todo o membro inferior.

O exame para detecção do diabetes é simples, e, principalmente, todos que têm história familiar, obesidade e sedentários devem fazê-lo, orienta a enfermeira. “Existem sinais, daí a importância da avaliação do grau de risco”, diz.

De acordo com a especialista, o Consenso Internacional do Pé Diabético, em publicação recente, recomenda que todas as pessoas com diabetes tenham seus pés examinados por profissionais uma vez por ano. Mas, de acordo com o resultado, o exame deve ser feito a cada seis meses, três meses ou até uma vez por mês.

O que pode desencadear o pé diabético?

Então, segundo o cirurgião vascular e membro da Comissão de Pé Diabético da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Afonso Cesar Polimanti, o descontrole da glicemia é o principal fator de risco para o pé diabético.

A hiperglicemia – taxa aumentada de glicose (açúcar) no sangue – prejudica as artérias (vasos que levam nutrientes e oxigênio a todas as células do corpo) e os nervos – responsáveis por informar ao cérebro, como as sensações de temperatura (quente e frio), de dor, de tato e de pressão.

“Quando os níveis de açúcar no sangue permanecem elevados por longos períodos, [eles] podem obstruir os vasos sanguíneos de menor calibre, afetando o corpo de maneira semelhante ao cigarro, que também restringe as artérias das pernas. No entanto, ao contrário do cigarro, o açúcar causa uma obstrução mais calcificada, geralmente nas artérias menores, o que torna o tratamento ainda mais difícil e aumenta o risco de perda do membro (pé)”, explica ele.

Quais as principais complicações?
A lesão dos nervos causa:
  • Redução da sensibilidade, que leva ao risco de queimaduras, cortes, bolhas etc que não são percebidas pelas pessoas, podendo evoluir para feridas extensas, profundas e infectadas.
  • Redução da umidade dos pés, tornando a pele seca e com tendência a fissuras (rachaduras), mais comuns nos calcanhares.
  • Alterações do formato dos pés, que passam a ter áreas com maior pressão e, como consequência, formação de calosidades espessas que pressionam os tecidos abaixo da pele, ocasionando sangramentos internos e feridas.
A doença dos vasos causa:
  • Diminuição da nutrição dos tecidos, facilitando o aparecimento de feridas.
  • Pele seca, com tendência a fissuras.
  • Dificuldade de cicatrização.
  • Gangrena.
Quais as formas de prevenção?

Suely defende, pois, que é preciso orientar e conscientizar a pessoa com diabetes e seus cuidadores e familiares sobre a importância da prevenção. “Toda prevenção começa com o esforço para manter uma boa compensação das taxas de glicemia e com a identificação dos pacientes sob risco, através de exames de sensibilidade, da estrutura e da circulação sanguínea nos pés”, explica a enfermeira.

Para Polimanti, pessoas com diabetes precisam observar sempre os sinais de alerta, como o surgimento de feridas novas, áreas avermelhadas ou quentes, dor nas pernas ou uma descompensação súbita no controle do açúcar no sangue acompanhada de febre. Esses são indícios de que algo grave pode estar ocorrendo e que o indivíduo deve procurar um médico o quanto antes.

Sensibilidade

O médico esclarece, também, que, nas fases iniciais, alterações como ressecamento na pele dos pés, dormência ou sensação de queimação, principalmente à noite, são comuns e indicam problemas na sensibilidade.

“Muitos relatam até a “perda do chinelo” ao caminhar, pois não percebem quando ele sai do pé. Identificar essas alterações precocemente permite um impacto positivo no controle da saúde e na prevenção de complicações mais sérias”, enfatiza.

A orientação do médico, portanto, é que medidas preventivas – como o uso de calçados adequados (com bico largo, sem costuras internas e meias claras) – são fundamentais para proteger os pés, além de manter a pele hidratada para prevenir rachaduras e de ter cuidado ao cortar as unhas para evitar cortes.

Lesões

“O autoexame diário também permite identificar lesões e alterações iniciais como ressecamento, dormência e sensação de queimação, sinais de alerta que não devem ser ignorados”, acentua o médico.

Polimanti destaca ainda que, com a perda de sensibilidade e as alterações no formato do pé, feridas na planta do pé podem se desenvolver e, se infectadas, levar a complicações sérias, incluindo infecções generalizadas que podem exigir amputações.

“Ao serem informados sobre os cuidados essenciais, os pacientes conseguem identificar essas alterações precocemente. O perigo, portanto, está nas feridas que passam despercebidas, especialmente considerando que o diabetes também afeta a visão devido a lesões na retina”, assegura.

Em suma, o médico indica a atividade física como essencial para o controle do diabetes, englobando exercícios aeróbicos, como corrida e ciclismo, e resistivos, que incluem os exercícios de força, usando peso do próprio corpo ou halteres e pesos.

Medidas preventivas:
  • Educação e informação à população sobre a diabetes e possíveis complicações.
  • Controle rigoroso da glicemia.
  • Autoexame diário dos pés ou pelo cuidador.
  • Avaliação do grau de risco para desenvolver lesões, por profissionais da saúde (todas pessoas com diabetes – uma vez por ano).
  • Uso de calçados que acomodem os pés sem apertá-los ou “amontoar” os dedos por terem os bicos estreitos.
  • Hidratação da pele (não passar creme entre os dedos).
  • Tratamento médico da neuropatia e da vasculopatia.
  • Corte das unhas sem aprofundar nos cantos (de forma mais reta).
  • Não cortar as cutículas (elas protegem a raiz da unha).
  • Tratamento de calos enfermeiro podiatra ou enfermeiro com capacitação procedimentos podiátricos em pés diabético.
  • Tratamento das úlceras isquêmicas e neuropáticas por enfermeira especialista.
 Como é o tratamento do pé diabético?

O tratamento das úlceras (feridas) deve ser realizado por uma equipe interdisciplinar e especializada. “É importante que a pessoa procure ajuda profissional assim que perceber qualquer alteração, o que facilitará e proporcionará bons resultados no tratamento”, orienta Suely.

A enfermeira explica que o agravamento das lesões pode ser muito rápido e grave, podendo levar a internações e até amputações. “Quanto à imobilização, dependendo do local da ferida, será fundamental o uso de medidas especiais que eliminem a pressão sobre o local da ferida (andadores, muletas e calçados especiais, entre outros)”, alerta. (Com Agência Brasil)

Três perguntas
  1. Qual profissional pode tratar o pé diabético? O ideal é que seja tratado por uma equipe interdisciplinar constituída por médico especialista em diabetes, enfermeiro, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta.
  2. O que é proibido para quem tem pé diabético? Deixar de observar os pés diariamente. Quem tem dificuldade pode utilizar um espelho para visualizar melhor ou solicitar que um familiar examine.
  3. E o que todo diabético deve fazer? Observar bem o tipo de calçado que adquire e seguir as orientações dos profissionais especializados.
Fonte: Suely Rodrigues Thuler. Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST. Especialista em Podiatria. Diretora do Departamento de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Estomaterapia (Sobest).
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* Matéria atualizada em 14 de novembro de 2024 para incluir informações do cirurgião vascular e membro da Comissão de Pé Diabético, da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Afonso Cesar Polimanti, dadas à Agência Brasil

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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