Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco desenvolveram uma isca capaz de capturar quase o dobro de ovos de mosquitos em relação aos métodos convencionais. A isca para controle de mosquitos, que combina um extrato larval com o larvicida biológico Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), mostrou-se eficaz contra, por exemplo, o Aedes aegypti e o Culex quinquefasciatus, transmissores de doenças como dengue, zika e filariose. A pesquisa teve parceria com a Universidade da Califórnia em Davis.
A equipe responsável pela inovação aprimorou a armadilha Double BR-OVT, já usada no controle de mosquitos, e desenvolvida, avaliada e patenteada pela instituição. A pesquisadora Rosângela Barbosa, do Departamento de Entomologia liderou o estudo com a participação do pesquisador visitante da Fiocruz Pernambuco Gabriel Faierstein.
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Avanço
O diferencial está na inclusão do extrato larval de Aedes aegypti. A produção da substância ocorre a partir de larvas em estágio avançado, que são maceradas, filtradas e transformadas em isca líquida ou liofilizada. Para garantir que a armadilha não se torne um criadouro, adicionou-se o larvicida biológico Bti à mistura.
Testes realizados no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife, comprovaram a eficácia da nova abordagem. As armadilhas com a isca inovadora capturaram, cerca de 70% dos ovos de mosquitos, enquanto as armadilhas tradicionais registraram menos da metade desse desempenho. Além disso, a combinação do extrato com o Bti também foi eficaz contra o Culex quinquefasciatus, um mosquito comum em áreas urbanas.
Sustentabilidade
“Essa técnica representa uma alternativa mais sustentável e segura para o controle de mosquitos, reduzindo a dependência de inseticidas químicos. Além de conter a população de vetores, ela também permite monitorar a densidade desses insetos. Isso é fundamental para prevenir surtos de doenças”, destaca Gabriel Faierstein.
O uso excessivo de inseticidas químicos tem gerado resistência nos mosquitos e impactos negativos no meio ambiente. A armadilha aprimorada oferece, portanto, uma solução ecológica ao atrair e eliminar ovos antes que os insetos completem seu ciclo de vida, interrompendo a transmissão de doenças de forma mais segura.
Desafios
Apesar dos resultados promissores, a produção do extrato larval em larga escala ainda enfrenta desafios logísticos. É que, para atender a uma demanda maior, seria necessária a criação de biofábricas especializadas. No entanto, os pesquisadores trabalham em estratégias para simplificar o processo, como a identificação e síntese dos compostos ativos do extrato larval.
Continuam os estudos de isca para controle de mosquitos
A equipe também segue investigando formas de aprimorar a isca para controle de mosquitos, buscando, assim, entender os compostos que atraem os mosquitos e como otimizar sua liberação nas armadilhas. “Queremos desenvolver um produto ainda mais eficiente, adaptável a diferentes contextos e regiões, sem necessidade de qualquer importação”, afirma Faierstein.
Com potencial para ser uma ferramenta essencial no combate a arboviroses, a nova armadilha representa, pois, um avanço significativo para a saúde pública, oferecendo uma solução inovadora, eficaz e ambientalmente responsável no controle de mosquitos vetores de doenças.
Fonte: Agência Fiocruz