01 - abril - 2025
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Popular nas redes sociais, ‘terapia da rejeição’ traz riscos para saúde mental

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A “terapia da rejeição” ganhou popularidade nas redes sociais, especialmente no TikTok, com centenas de usuários compartilhando experiências. Eles dizem que o método, que não tem embasamento científico, os ajudou a lidar com a ansiedade, a autoestima e até o medo. A prática consiste em se expor a situações desconfortáveis ou vergonhosas no trabalho, no transporte coletivo ou nas interações com pessoas desconhecidas. E que, muito provavelmente, vão resultar em rejeição.

A ideia é diminuir o medo da rejeição ao ouvir um “não”. Ao conseguir enfrentar essas situações, a pessoa se tornaria mais resiliente e confiante para lidar com o fracasso ou a falta de aceitação.

São várias as situações constrangedoras a que os jovens se submetem. Entre elas, estão pedir dinheiro emprestado a um estranho na rua ou um abraço em meio à multidão. Ou cumprimentar desconhecidos no metrô e até ir a uma cafeteria e pedir um produto de graça. Na realidade, porém, a pessoa não quer nada disso e não se importa com a resposta que vai receber. O ponto, portanto, é vencer a barreira e conseguir fazer a pergunta. Tudo isso registrado pela câmera do celular e compartilhado nas redes sociais.

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‘Terapia da rejeição’ versus ‘terapia da exposição’

A “terapia da rejeição” seria uma forma simplificada da “terapia de exposição”. Essa, sim, é uma técnica consagrada e amplamente utilizada por psicólogos como parte da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). É usada no tratamento de transtornos específicos, como síndrome do pânico, fobias sociais, medo de andar de avião e ansiedade generalizada, entre outros.

Como o próprio nome diz, a “terapia de exposição” consiste em expor o paciente gradualmente a uma situação que ele teme para diminuir sua resposta excessiva de medo por meio da dessensibilização. Normalmente começa com imagens, uso de realidade virtual e só depois a pessoa tenta ter contato direto com a situação temida ou o objeto fóbico.

“O medo pode até persistir por um período, mas de uma forma mais controlada, diminuindo o nível de sofrimento”, explica o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein. Em paralelo, o paciente também costuma treinar técnicas de relaxamento para diminuir seus níveis de ansiedade e tensão.

A “terapia da rejeição”, ao contrário, não é um tratamento formal. Além disso, o fato de a pessoa filmar e postar situações constrangedoras nas redes sociais pode até piorar quadros de ansiedade em indivíduos predispostos.

“A ideia de se expor a contextos muito bizarros não faz sentido. Teria algum sentido se a pessoa se expusesse a situações do seu cotidiano para desenvolver habilidades sociais e socioemocionais para a vida. Mas passar vergonha por passar é um desgaste emocional desnecessário e não traz nenhum ganho”, observa Kanomata.

Riscos para a saúde mental

As consequências para a saúde mental, portanto, podem ir além daquele momento em que a pessoa ouviu o “não” e foi rejeitada. Ao publicar a experiência nas redes sociais, o indivíduo volta a se expor e se coloca sob julgamentos e críticas de inúmeras pessoas. “As novas gerações não estão acostumadas a ouvir ‘não’, e muitas pessoas saem em busca de soluções rápidas e simplificadas. Se essa pessoa não conseguir o engajamento que gostaria nas redes sociais e receber comentários ruins, por exemplo, isso pode piorar um quadro emocional”, alerta o psiquiatra.

A “terapia da rejeição” pode até parecer uma abordagem interessante para quem busca superar a insegurança. No entanto, Kanomata ressalta que ela não deve ser encarada como uma solução imediata nem substituir tratamentos reconhecidos.

“Se for para trabalhar de fato essa questão da rejeição e da frustração, é importante que um profissional acompanhe o paciente ao longo das sessões e discuta situações, para ajudá-lo a lidar com o enfrentamento das situações e evitar que ele se sinta mais ansioso ou desvalorizado”, propõe o médico.

Fonte: Agência Einstein
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