Vamos falar sobre vacinas da gripe?
Nós nos sentimos seguros apenas em um ambiente conhecido, não é mesmo? E apenas temos confiança para tomarmos decisões quando estamos bem-informados sobre um assunto. É por isso que abro espaço aqui hoje para falar um pouco sobre as vacinas da gripe, causada pelo influenza – o vírus que ganhou fama em 2009 após o pânico disseminado com a pandemia de gripe suína (expressão que posteriormente foi abolida e substituída pelos termos influenza A H1N1 ou gripe A H1N1, ok?).
Sem pânico!
Pois bem, devemos nos familiarizar com a vacina da gripe para entender por que é importante adotá-la como uma rotina anual preventiva – sem os pânicos que costumam surgir sempre às vésperas do inverno. No ano passado, a preocupação era uma nova cepa do vírus influenza A H1N1 – a primeira grande alteração na cepa da vacina depois de 2009. O temor antes do inverno era que houvesse uma nova pandemia, mas houve redução nas mortes em consequência da gripe em 2017 em relação ao ano anterior.
Neste ano de 2018, o foco da preocupação ainda é o influenza A – mas ele migra do H1N1 para o H3N2, que provocou mortes no último inverno nos Estados Unidos. A nova cepa está na composição da atual vacina da gripe. Boatos nas redes sociais alertam para os riscos de uma epidemia de gripe pelo vírus H3N2 no Brasil. “Não aconteceu na Europa. Não dá para a gente fazer essa avaliação”, diz a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), a médica Isabella Ballalai. Ela explica que o mais importante não é a gravidade do vírus que circulou no hemisfério Norte. “É acertar aquela cepa que vai circular aqui (no hemisfério Sul) neste inverno. E a possibilidade de acerto é muito alta”, afirma.
Isabella reforça que a chegada do inverno e o consequente risco intensificado de gripe são sazonais e nunca devem ser motivo de pânico. “Em situações de pânico, criam-se muitos mitos. Infelizmente, a população só procura a prevenção quando existe o pânico. É importante buscar a prevenção sempre antes que aconteça algo potencialmente grave”, reforça. No caso da gripe, a principal medida preventiva, diz, é a vacinação. Confira o post anterior “Vacina da gripe: é hora de se prevenir!”.
Falando sobre as vacinas da gripe…
Na rede particular, há dois tipos de vacina: trivalente (contra três tipos de influenza) e tetravalente ou quadrivalente (contra quatro tipos de influenza). Esses tipos de vírus são atualizados anualmente. O vírus influenza sofre mudanças, explica a presidente da Sbim. Por isso é importante atualizar – e tomar – a vacina todo ano.
A composição das vacinas da gripe neste ano têm duas novidades em relação às de 2017. A principal delas é a mudança da cepa do influenza A H3N2. No ano passado, a cepa adotada foi de “um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2)”. Neste ano, é a de “um vírus similar ao vírus influenza A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2)”.
A vacina trivalente (contra três tipos de influenza), que é aplicada na rede pública, também teve alteração na cepa do influenza B. Em 2017, a trivalente tinha a cepa de ” um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008″. Neste ano, contém a cepa de “um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013” – que estava na composição da vacina tetravalente (contra quatro tipos de influenza) de 2017. Neste ano, a quarta cepa da tetravalente (ou quadrivalente) é de “um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008”.
Neste ano, também está disponível uma opção de vacina da gripe trivalente adjuvada – com adjuvantes, substâncias que potencializam a resposta imune. Segundo a presidente da Sbim, vacinas com os chamados adjuvantes não são novidade no Brasil. No caso da contra a gripe, não havia essa alternativa no mercado no ano passado. “Protege melhor e, às vezes, por mais tempo, mas também tem reações mais intensas de vermelhidão e dor local”, explica. Esse tipo de imunizante, diz, é mais recomendado para idosos de 60 a 65 anos.
Entenda o que mudou nas vacinas da gripe
Em 2017*
Trivalentes – continham os três tipos de cepas:
- um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2);
- e um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.
Quadrivalentes – continham, além das três cepas da trivalente, a cepa:
- um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013.
*Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Em 2018**
Trivalentes – contêm os três tipos de cepas:
- um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2);
- e um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013.
Quadrivalentes – contêm, além das três cepas da trivalente:
- um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.
Vacinas da gripe autorizadas para 2018**
- Fluarix Tetra – GlaxoSmithKline Brasil Ltda;
- Fluquadri – Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda;
- Influvac – Abbott Laboratórios do Brasil Ltda;
- Vacina influenza trivalente (fragmentada e inativada) – Instituto Butantan (disponível na rede pública);
- Vacina influenza (inativada, subunitária, adjuvada) – Medstar Importação e Exportação Ltda;
- Vacina Influenza Trivalente (subunitária, inativada) – Medstar Importação e Exportação Ltda;
- Vaxigrip – Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.
**Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)