21 - novembro - 2024
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“Chips da beleza”: venda e propaganda são proibidas pela Anvisa

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a manipulação, comercialização, propaganda e uso dos chamados “chips da beleza”. Tratam-se, em outras palavras, de implantes hormonais vendidos por farmácias de manipulação em todo o país. A decisão consta em uma nova resolução da agência, publicada na última sexta-feira (18) no “Diário Oficial da União” (“DOU”), e tem força de lei.

Segundo a Anvisa, a medida é uma prevenção após denúncias de entidades médicas, entre elas a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. De acordo com essas associações, houve alta no atendimento de pacientes com problemas devido ao uso dos “chips da beleza”. São implantes que misturam diversos hormônios, em formato implantável, inclusive de substâncias que não possuem avaliação de segurança para a forma implantável.

Leia mais: Conheça o ‘chip da beleza’, condenado por entidades médicas

Outra resolução, aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no ano passado, proíbe a prescrição de terapias hormonais para fins estéticos. A determinação veta, portanto, o uso para ganho de massa muscular e melhora no desempenho esportivo.

O que são os “chips da beleza”

Os “chips da beleza” são implantes hormonais que têm amplo uso também como estratégia para emagrecimento, tratamento da menopausa e antienvelhecimento. E, ainda, para redução da gordura corporal, aumento da libido e da massa muscular.

Segundo especialistas, eles podem conter inúmeras substâncias, embora normalmente seja composto por testosterona ou por gestrinona, um progestágeno com efeito androgênico. Combinações contendo estradiol, oxandrolona, metformina, ocitocina, outros hormônios e NADH também são produzidas. Entidades médicas vinham alertando as autoridades sanitárias contra o uso abusivo dos “chips da beleza”.

Alerta a pacientes

Com a nova resolução, a Anvisa pede aos pacientes que fazem uso destes produtos a procurarem seus médicos para orientação em relação ao tratamento. Qualquer paciente que venha a ter reações pelo uso deste tipo de produto, deve fazer uma notificação ao órgão. Os chips da beleza nunca foram submetidos à avaliação da Anvisa.

A agência também publicou alerta em que destaca que implantes hormonais para fins estéticos e de desempenho podem ser prejudiciais à saúde. Além de não haver comprovação de segurança e eficácia para essas finalidades, diz.

Riscos

São várias as complicações de quem faz uso indevido desses produtos. Nesse sentido, entre elas estão: elevação de colesterol e triglicerídeos no sangue (dislipidemia), hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e arritmia cardíaca.

Além disso, pode ocorrer crescimento excessivo de pelos em mulheres (hirsutismo), queda de cabelo (alopecia), acnes, alteração na voz (disfonia), insônia e agitação.

Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou que a decisão corrobora com a Resolução CFM nº 2.333/23. Conforme o comunicado, essa resolução visa proteger a saúde da população, evitando expô-la a substâncias sem comprovação de eficácia e segurança.

A nota do CFM na íntegra

“Para o CFM, desde 2023, através da Resolução CFM 2.333, já estava vedada a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com finalidade estética, para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo, seja para atletas amadores ou profissionais, por inexistência de comprovação científica suficiente que sustente seu benefício e a segurança do paciente.

Prescrição – O CFM destaca ainda em sua nota que existe a possibilidade de prescrição de EAA, desde que justificada para o tratamento de doenças como hipogonadismo, puberdade tardia, micropênis neonatal e caquexia. A substância também pode ser indicada na terapia hormonal cruzada em transgêneros e, a curto prazo, em mulheres com diagnóstico de Desejo Sexual Hipoativo, afirma a autarquia médica.

Nestas situações, há evidências científicas que comprovam a eficácia e segurança desses tratamentos, os quais encontram alternativas disponíveis para compra no mercado brasileiro, sem necessidade de sua manipulação. No seu posicionamento, o CFM também chama a atenção para os riscos potenciais do uso de doses inadequadas de hormônios e a possibilidade de efeitos colaterais danosos.

Efeitos adversos dos “chips da beleza”

Efeitos adversos – Dentre os inúmeros efeitos adversos possíveis do uso dessas substâncias, estão os cardiovasculares, incluindo hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica e infarto agudo do miocárdio; aterosclerose; estado de hipercoagulabilidade; aumento da trombogênese; e vasoespasmo. Também entram nesse rol: doenças hepáticas, como hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda e carcinoma hepatocelular; transtornos mentais e de comportamento, incluindo depressão e dependência; além de distúrbios endócrinos, como infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.

A decisão anunciada pela Anvisa atinge os implantes hormonais manipulados em farmácias magistrais. A medida prevê a suspensão da manipulação, comercialização, propaganda e uso desses implantes. Os “chips” mais comuns têm o tamanho de um palito de fósforo e são aplicados de forma subcutânea. Eles razem na composição um ou mais tipos de hormônios. Têm sido usados inadvertidamente para fins estéticos e também para tratamento de fadiga e sintomas de menopausa. A despeito da ausência de comprovação científica segundo a literatura vigente.

Por meio de sua norma proibitiva, a Agência reconhece que não há garantia de qualidade, eficácia e nem segurança desses produtos manipulados em farmácias. Assim como não há estudos científicos que respaldem a utilização de vias alternativas de administração de hormônios, potencializando o risco de efeitos indesejáveis e graves para a saúde. A orientação da Anvisa para quem já tem um implante desse tipo é procurar seu médico e verificar a necessidade de retirá-lo imediatamente. Ou, na impossibilidade de retirada, realizar o acompanhamento a fim de se reduzir os danos causados por essa prática.”

Fontes: Agência Brasil e Conselho Federal de Medicina (CFM)
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo. E-mail: carla.chein@paponoconsultorio.com.br

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