No Brasil, de acordo com o Centro do IBGE de 2022, cerca de 20 milhões de pessoas – ou 10% da população – têm diabetes. Entre os tipos da doença, o diabetes na gravidez – o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) – é uma condição menos discutida, mas igualmente preocupante.
A presidente do Comitê de Gravidez de Alto Risco e Medicina Fetal da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Suzana Pires do Rio, explica que o diabetes na gravidez afeta cerca de 14% das gestações no mundo e está associado a graves complicações para as saúdes materna e neonatal.
“O DMG ocorre quando a mulher apresenta altos níveis de glicose no sangue pela primeira vez durante a gestação. Ao contrário do diabetes tipo 1 ou tipo 2, que podem ter diagnóstico em qualquer momento da vida, o DMG tem detecção especificamente durante o pré-natal e exige cuidados especiais”, afirma a especialista.
Complicações
O diabetes na gravidez que não é tratado bem como é mal controlado pode oferecer riscos. Para a mãe, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e até lacerações durante o parto devido ao tamanho do bebê. Em longo prazo, as mulheres com histórico de DMG têm um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2 e outras condições crônicas, como doenças cardiovasculares e renais.
Para o bebê, as complicações incluem malformações congênitas – quando há o diagnóstico de diabetes tipo 1 ou 2 antes da gestação e não há controle por parte da mulher, prematuridade e risco aumentado de problemas respiratórios ao nascer. Hipoglicemia neonatal e hiperbilirrubinemia também exigem cuidados intensivos.
De acordo com Suzana, o ambiente intrauterino com altos níveis de glicose pode ter impactos ao longo da vida do bebê: “Estudos mostram que filhos de mães diabéticas têm até cinco vezes mais risco de desenvolver diabetes e duas vezes mais chances de desenvolver obesidade”.
Diagnóstico e prevenção
O pré-natal é a ferramenta mais eficaz para diagnosticar e gerenciar o diabetes gestacional. No Brasil, as recomendações incluem exames de glicemia de jejum na primeira consulta pré-natal e o teste de tolerância à glicose entre a 24ª e a 28ª semana de gestação. Com a confirmação do diagnóstico de DMG, as gestantes recebem orientações sobre dieta, atividade física e, se necessário, terapia com insulina.
A terapia nutricional é, portanto, essencial para controlar a glicemia e prevenir complicações. A dieta deve ser fracionada e equilibrada, com carboidratos complexos e ricos em fibras. Do mesmo modo, o acompanhamento multidisciplinar, envolvendo endocrinologista, nutricionista e educador físico, é uma das recomendações para um tratamento eficaz.
Cuidados no pós-parto
Mesmo após o parto, o risco de diabetes persiste. Mulheres com histórico de DMG devem realizar novos exames entre 6 e 12 semanas após o nascimento e fazer triagem anual para diabetes. Mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e exercícios regulares, são algumas das recomendações para reduzir o risco de diabetes a longo prazo.
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