21 - janeiro - 2025
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É possível aumentar a imunidade? Veja mitos e verdades sobre o tema

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As redes sociais têm sido povoadas por textos e vídeos com receitas milagrosas para aumentar a imunidade. Preparações caseiras, shots, “gominhas” e até soro de vitaminas prometem fazer com que você nunca mais fique doente. Mas a verdade é que a nossa reação a agentes infecciosos é fruto de um sistema complexo — e o caminho para ter uma saúde de ferro pode ser mais simples do que se pensa.

A imunidade de uma pessoa é definida pela capacidade de seu sistema imunológico manter as células de defesa ativas para reconhecer e combater bactérias, vírus, fungos, parasitas ou até mesmo células cancerígenas. Essa “habilidade” do organismo pode ser adquirida tanto naturalmente, por exposição prévia, ou por meio da imunização.

“O sistema imune funciona de forma equilibrada em nosso organismo. É estimulado quando há riscos e essa resposta é controlada para não causar prejuízos. Portanto, a estimulação sem controle ou exagerada pode prejudicar a saúde do indivíduo”, explica a imunologista Anete Grumach, membro do Departamento Científico de Erros Inatos da Imunidade da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

Nosso sistema imune é dividido em inato — primeira linha de defesa, que inclui barreiras como a pele e mucosas — e adaptativo, aquele que se adquire com o tempo e exposições do indivíduo, seja por infecções ou por vacinação. Existe também a imunidade passiva, na qual ocorre a transferência de anticorpos entre indivíduos, como nos bebês que recebem os anticorpos da mãe durante a gestação.

Como aumentar a imunidade

Em geral, não há necessidade de se monitorar a imunidade. Manter uma boa alimentação, fazer exercícios físicos regularmente e dormir bem já resultam nesse equilíbrio do organismo. Eventuais problemas devem ser diagnosticados corretamente para estabelecer um tratamento adequado.

“Pessoas que apresentem sintomas como resfriados e gripes muito frequentes, muito estresse, problemas gastrointestinais recorrentes, feridas que demoram a cicatrizar, infecções frequentes ou cansaço excessivo podem ter imunidade baixa. Nesses casos, deve-se procurar um médico para avaliação”, orienta a imunologista Cristina Kokron, do Hospital Israelita Albert Einstein.

A seguir, conheça alguns dos principais mitos e verdades sobre como aumentar a imunidade:

1. A suplementação de vitaminas é importante para aumentar a imunidade.

MITO. Segundo Kokron, pessoas saudáveis, que se alimentam bem e de forma equilibrada, não precisam fazer suplementação de vitaminas – nem por comprimidos, nem por meio de soros. A menos, claro, que se constate alguma deficiência em exames. Aí, sim, pode haver indicação de suplementação, sempre com a orientação de um profissional da saúde e de acordo com as necessidades individuais.

Não há evidências de que o uso de altas doses de uma única vitamina ou de suplemento polivitamínico ajude o sistema imune. Além disso, certos nutrientes podem ser tóxicos ao organismo quando consumidos em excesso.

2. Fazer exercícios regularmente ajuda o sistema imune.

VERDADE. Estudos mostram que exercícios físicos moderados melhoram a resposta imune, reduzindo mediadores inflamatórios, diminuindo o risco de doenças cardiorrespiratórias e doenças crônicas metabólicas (como diabetes e obesidade).

A atividade física moderada melhora a circulação sanguínea e linfática, aumentando a circulação das células do sistema imune e facilitando a eliminação de patógenos. Isso ajuda também a eliminar bactérias das vias aéreas e dos pulmões.

Cristina Kokron, imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Além disso, o aumento da temperatura corporal durante o exercício físico reduz o crescimento bacteriano. Já a liberação mais lenta de hormônios do estresse reduz o risco de contrair doenças.

Por outro lado, o treino prolongado de alta intensidade pode suprimir o sistema imune e aumentar a frequência de infecções respiratórias, por exemplo. “Por isso, ao fazer exercícios, é importante deixar tempo suficiente para o organismo se recuperar”, orienta a especialista do Einstein.

3. A alimentação influencia na capacidade de reagir a patógenos.

VERDADE. Ter uma dieta equilibrada e variada é, pois, importante para uma vida saudável, em qualquer idade. O consumo de alimentos naturais — como frutas, hortaliças, oleaginosas, sementes, grãos integrais e legumes — fornece antioxidantes e outros nutrientes que reduzem a inflamação do organismo e ajuda a aumentar a imunidade.

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Guia alimentar traz dez passos para criar hábitos saudáveis
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Um cardápio variado também garante vitaminas A, C, E e D, além de minerais que ajudam a manter o sistema imune funcionando adequadamente. Evite, pois, que produtos ultraprocessados e preparações com excesso de gordura, açúcar e sódio, como fast foods, predominem na sua rotina alimentar.

4. É importante suplementar vitamina C para garantir uma saúde mais forte.

MITO. A vitamina C de fato desempenha um papel importante no funcionamento do sistema imunológico. A reposição desse nutriente para aumentar a imunidade, assim como qualquer outro, é um assunto que sempre gera dúvida.

Sabe-se que a deficiência de vitamina C, devido a uma baixa ingesta nutricional, pode levar a uma maior suscetibilidade a infecções. Porém, não há comprovação científica de que a suplementação seria benéfica para a função imunológica de indivíduos saudáveis. Pelo contrário, estudos enfatizam que essa prática é ineficaz na prevenção do resfriado comum e de infecções virais na maioria das pessoas.

Vale ressaltar que deve ser estimulado o consumo adequado da vitamina C em uma alimentação natural envolvendo frutas, principalmente as cítricas, hortaliças e outros alimentos, como parte de uma dieta saudável.

Anete Grumach, imunologista e membro do Departamento Científico de Erros Inatos da Imunidade da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai)

5. Mel com própolis turbina o sistema imune.

MITO. De acordo com Kokron, apesar de o mel e o própolis terem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e imunomoduladores, ainda não existem estudos robustos que confirmem que seu uso regular ajuda a aumentar a imunidade.

6. Pessoas mais velhas têm baixa imunidade.

NEM SEMPRE. O envelhecimento realmente modifica o sistema imune, que pode ser menos responsivo em certos aspectos. Mas alguns hábitos e práticas podem minimizar isso. “Esta transição deve ser combatida com uma vida saudável, com foco na boa alimentação, prática de esportes e sono reparador”, diz a imunologista da Asbai.
Além de um estilo de vida equilibrado, pessoas idosas devem, inclusive, manter a caderneta de vacinação atualizada de acordo com sua faixa etária.

7. Hidratação é essencial para uma boa saúde.

VERDADE. A hidratação é importante para o funcionamento de todo organismo, afinal, a água representa entre 60% e 70% da composição do corpo humano. Ela auxilia no transporte de nutrientes, na eliminação de substâncias, lubrificação, regulação da temperatura, dentre outras funções.

8. Vitamina D é fundamental para aumentar a imunidade.

DEPENDE. Todas as vitaminas exercem algum papel na resposta imune em geral. Por esse motivo, então, é importante que a pessoa mantenha um balanço nutricional adequado. A deficiência pode prejudicar o mecanismo de defesa do nosso corpo.

Entretanto, é importante que um profissional de saúde diagnostique esse déficit e oriente sobre a necessidade (ou não) de suplementação. “É importante ressaltar que a administração de doses altas de vitamina D por conta própria pode causar efeitos adversos e de risco para a saúde”, alerta Grumach.

9. O estresse pode baixar a resistência a infecções.

VERDADE. Para a imunologista da Asbai, está cada vez mais popular a ideia de que o estresse contribui para a baixa imunidade. “Essa observação está atualmente associada a estudos que comprovam o prejuízo da imunidade nessas situações (de estresse), portanto, deve-se buscar o equilíbrio”, observa.

10. Vacinas enfraquecem o sistema imunológico.

MITO. É exatamente o contrário: as vacinas representam um avanço para a defesa contra infecções e fortalecem a resposta imune, estimulando a reação do organismo contra agentes infecciosos.

“As vacinas são recomendadas, e as pessoas devem seguir o calendário estabelecido com base em dados epidemiológicos, isto é, que consideram a idade de maior ocorrência de certas infecções e a resposta imune do indivíduo”, orienta Grumach. Isso vale inclusive para os reforços vacinais, necessários após um certo período, dependendo do imunizante.

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Fonte: Agência Einstein
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