04 - maio - 2024
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Vacina salva 6 vidas por minuto nas últimas 5 décadas

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Cerca de 154 milhões de vidas foram salvas, nos últimos 50 anos, graças aos esforços globais de imunização. Isso equivale a dizer, portanto, que a vacina salva seis vidas por minuto a cada ano. A grande maioria – 101 milhões – foi de crianças. Os dados fazem parte de um importante estudo a ser publicado pela revista “The Lancet”.

O estudo, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS ou WHO, na sigla em inglês), mostra que a vacina é a maior contribuição entre todas as intervenções de saúde. Isso para garantir não apenas que os bebês comemorem seu primeiro aniversário, mas para que continuem a levar uma vida saudável até à idade adulta.

Entre os imunizantes incluídos no estudo, a vacina contra o sarampo teve o impacto mais significativo na redução da mortalidade infantil. Ela representou, pois, 60% das vidas salvas devido à imunização. Esta vacina provavelmente continuará a ser o principal contribuinte para a prevenção de mortes no futuro.

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Redução da mortalidade infantil

Nos últimos 50 anos, a vacinação contra 14 doenças (difteria, Haemophilus influenzae tipo B, hepatite B, encefalite japonesa, sarampo, meningite A, coqueluche, doença pneumocócica invasiva, poliomielite, rotavírus, rubéola, tétano, tuberculose e febre amarela) contribuiu diretamente para reduzir a mortalidade infantil em 40% no mundo. E em mais de 50% na região Africana.

“As vacinas estão entre as invenções mais poderosas da história, tornando evitáveis ​​doenças outrora temidas”, disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Graças às vacinas, a varíola foi erradicada e a poliomielite está à beira disso”, ressaltou. “Com os mais recentes desenvolvimentos de vacinas contra doenças como a malária, estamos a alargar as fronteiras das doenças. Com investigação, investimento e colaboração contínuos, podemos salvar mais milhões de vidas hoje e nos próximos 50 anos”.

Saúde plena

O estudo traz outros dados importantes. Mostra, pois, ganhos além da vida que a vacina salva. Conclui, por exemplo, que ganharam-se em média 66 anos de saúde plena por meio da imunização. Isso equivale a um total de 10,2 bilhões de anos de saúde plena ganhos ao longo das cinco décadas. Como resultado da vacinação contra a pólio, mais de 20 milhões conseguem andar hoje, quando o mundo está mais perto de erradicar a paralisia infantil.

Esses ganhos reforçam a importância de proteger o progresso da imunização em todos os países do mundo. E, além disso, de acelerar os esforços para alcançar os 67 milhões de crianças que não foram vacinadas durante os anos pandêmicos.

Pólio no Brasil

Um levantamento feito pelo Fundo da Nações Unida para a Infância (Unicef) mostra que o número de crianças sem a primeira dose da vacina contra a poliomielite no Brasil em 2023 foi menor do que em 2022. Isso significa, pois, que o país conseguiu retomar os avanços na imunização infantil, após anos de queda nas coberturas vacinais. Mesmo com os avanços, ainda há crianças não vacinadas no Brasil, que precisam ser encontradas e imunizadas.

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O levantamento do Unicef, com base em dados do Ministério da Saúde, mostra que, em 2022 nasceram 2,56 milhões de crianças no Brasil. Naquele ano, foram aplicadas 2,32 milhões de primeiras doses da pólio (VIP) – o que significa que 243 mil crianças não receberam a primeira dose. Em 2023, esse dado melhorou: nasceram 2,42 milhões de crianças no Brasil e foram aplicadas 2,27 milhões de primeiras doses da pólio injetável. No ano passado,152,5 mil crianças ficaram sem vacina.

Esforços monumentais

Lançado antes do 50º aniversário do Programa Expandido de Vacinação (EPI, na sigla em inglês), a ser comemorado no mês que vem, o estudo da OMS é a análise mais abrangente do impacto do programa na saúde global e regional nas últimas cinco décadas.

Fundado em 1974 pela Assembleia Mundial da Saúde, o objetivo original do EPI era vacinar todas as crianças contra difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, tétano e tuberculose, bem como contra a varíola – a única doença humana já erradicada. Hoje, o programa, agora referido como Programa Essencial de Vacinação, inclui recomendações universais para vacinar contra 13 doenças e recomendações específicas ao contexto para outras 17, alargando o alcance da imunização para além das crianças, abrangendo adolescentes e adultos.

O estudo destaca que menos de 5% das crianças em todo o mundo tinham acesso à imunização de rotina no lançamento do EPI. Hoje, 84% das crianças estão protegidas com 3 doses da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP) – o marcador global para a cobertura vacinal.

Sarampo

Quase 94 milhões dos estimados 154 milhões de vidas salvas desde 1974 resultaram da proteção proporcionada pelas vacinas contra o sarampo. No entanto, ainda havia 33 milhões de crianças que que estavam sem uma dose da vacina contra o sarampo em 2022: quase 22 milhões, sem a primeira dose e mais 11 milhões, sem a segunda dose.

É necessária uma cobertura de 95% ou superior com 2 doses de vacina contra o sarampo para proteger as comunidades contra surtos. Atualmente, a taxa de cobertura global da primeira dose da vacina contra o sarampo é de 83% e da segunda dose é de 74%, contribuindo para um número muito elevado de surtos em todo o mundo.

Para aumentar a cobertura vacinal, o Unicef, como um dos maiores compradores de vacinas no mundo, adquire mais de 2 bilhões de doses todos os anos em nome de países e parceiros para alcançar quase metade das crianças do mundo. Também trabalha para distribuir vacinas até nas comunidades mais remotas e desfavorecidas tenham acesso aos serviços de imunização.

Vacina salva vidas

“Graças às vacinas, mais crianças sobrevivem e prosperam após o seu quinto aniversário do que em qualquer outro momento da história”, disse a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell.

Essa enorme conquista é um crédito aos esforços coletivos dos governos, parceiros, cientistas, profissionais de saúde, sociedade civil, voluntários e dos próprios pais, todos trabalhando na mesma direção para manter as crianças protegidas de doenças mortais. Devemos aproveitar a dinâmica e garantir que todas as crianças, em todos os lugares, tenham acesso a imunizações que salvam vidas.

Catherine Russell, diretora executiva da Unicef

Em 2000, a Aliança para Vacinas (Gavi), que inclui OMS, Unicef e Fundação Bill & Melinda Gates como membros fundadores principais, surgiu para expandir o impacto do EPI e ajudar os países mais pobres do mundo a aumentar a cobertura, a se beneficiar de novas vacinas e a expandir a amplitude da proteção contra um número crescente de doenças evitáveis ​​por vacinação.

Esse esforço intensificado nas partes mais vulneráveis ​​do mundo ajudou a salvar mais vidas e a promover ainda mais a equidade em termos de vacinas. Hoje, a Gavi ajudou a proteger toda uma geração de crianças e fornece agora vacinas contra 20 doenças infecciosas, incluindo as vacinas contra HPV, sarampo, cólera, febre amarela, ebola e meningite.

Foco nos mais vulneráveis

“A Gavi veio para aproveitar a parceria e o progresso possibilitados pelo EPI, intensificando o foco na proteção dos mais vulneráveis ​​em todo o mundo”, disse Sania Nishtar, CEO da Gavi. “Em pouco mais de duas décadas assistimos a um progresso incrível. Isso, protegendo bilhões de crianças, ajudando a reduzir para metade a mortalidade infantil e proporcionando milhares de milhões em benefícios económicos”, afirmou.

As vacinas são verdadeiramente o melhor investimento que podemos fazer para garantir que todas as pessoas, independentemente do local onde nasceram, tenham o mesmo direito a um futuro saudável. Temos de garantir o financiamento desses esforços para proteger o progresso alcançado e ajudar os países a enfrentar os atuais desafios.

Sania Nishtar, CEO da Gavi

Os programas de imunização tornaram-se a base dos serviços de saúde primários nas comunidades e nos países devido ao seu grande alcance e ampla cobertura. Proporcionam não só uma oportunidade para a vacinação, mas também permitem a prestação de outros cuidados que salvam vidas, incluindo apoio nutricional, prevenção do tétano materno, rastreios de doenças e distribuição de mosquiteiros para proteger as famílias de doenças como a malária.

HPV

A vacina contra o HPV, contra o câncer do colo do útero, não está no estudo. Mas espera-se que ela evite alto número de mortes à medida que os países trabalhem para eliminar a doença até 2030. Novas vacinas, como contra a malária, a Covid-19, o vírus sincicial respiratório (VSR) e a meningite salvarão ainda mais vidas nos próximos 50 anos.

“Humanamente Possível”

Os programas globais de imunização mostraram o que é humanamente possível quando se trabalha em conjunto muitas partes interessadas, incluindo chefes de estado, agências de saúde regionais e globais, cientistas, instituições de caridade, agências humanitárias, empresas e comunidades trabalham em conjunto.

Na quarta-feira (24), a OMS, o Unicef, a Gavi e a Fundação Bill Melinda Gates lançam a campanha conjunta “Humanamente Possível”. O evento marca a Semana Mundial da Imunização, que acontece anualmente de 24 a 30 de abril. A campanha apela aos líderes mundial para que defendam, apoiem e financiem vacinas e os programas de imunização – reafirmando seu compromisso com a saúde pública.

Os próximos 50 anos exigirão não só chegar às crianças sem vacinas. Mas, também, proteger avós contra a gripe, mães contra o tétano e adolescentes contra o HPV.

“É inspirador ver o que as vacinas tornaram possível ao longo dos últimos 50 anos. Isso graças aos esforços incansáveis ​​dos governos, parceiros globais e profissionais de saúde para torná-las mais acessíveis”, disse Chris Elias, presidente de Desenvolvimento Global da Fundação Bill e Melinda Gates. “Não podemos permitir que este progresso incrível vacile. Ao continuarmos a investir na imunização, podemos garantir que todos tenham a oportunidade de viver uma vida saudável e produtiva”.

Fontes: Organização Mundial da Saúde (WHO, na sigla em inglês) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês)
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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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