Medicina e tecnologia andam cada vez mais juntas. Embora seja inegável afirmar que o olhar humano acerca dos procedimentos continua sendo o mais fundamental, também está evidente que os avanços tecnológicos dentro da área médica têm potencializado esse olhar e, por consequência, os resultados para profissionais e pacientes.
A cirurgia robótica é um ótimo exemplo disso. Ela tem se consolidado como uma das principais inovações na medicina moderna, especialmente a robótica na uro-oncologia. Nesse sentido, o método, cada vez mais usado no tratamento do câncer de próstata, oferece inúmeros benefícios em comparação com as técnicas cirúrgicas convencionais, como a cirurgia aberta e a laparoscopia.
Além disso, por meio da proctoria, cirurgiões têm tido a oportunidade de se capacitar de maneira mais rápida para realizar procedimentos robóticos com segurança e precisão, espalhando a técnica para mais lugares.
Tanto os benefícios clínicos desse tipo de cirurgia no tratamento do câncer de próstata quanto esse papel essencial da proctoria na formação de novos cirurgiões (particularmente aqueles que atuam em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos) são aspectos que merecem ser comentados.
Benefícios comprovados
No cenário atual da uro-oncologia, a cirurgia robótica tem se consolidado como uma das principais alternativas no tratamento do câncer de próstata, oferecendo vantagens significativas para os pacientes. Estudos recentes indicam que os procedimentos robóticos, quando comparados às abordagens convencionais, resultam em benefícios como:
Precisão milimétrica: a tecnologia robótica oferece uma visão tridimensional ampliada. Além disso, a precisão das pinças do robô permite movimentos extremamente delicados e controlados, preservando estruturas vitais ao redor da próstata, como nervos e vasos sanguíneos.
Recuperação mais rápida: pacientes submetidos à cirurgia robótica tendem a retornar às suas atividades diárias em menos tempo, devido à menor invasividade do procedimento. Isso significa menor tempo de internação hospitalar e recuperação pós-operatória acelerada e menos dolorosa.
Preservação das funções urinária e sexual: um dos principais receios dos homens em relação à cirurgia de câncer de próstata envolve a recuperação da continência urinária e da potência sexual. A precisão da cirurgia robótica na uro-oncologia permite uma maior preservação dessas funções, melhorando significativamente os desfechos clínicos para os pacientes.
O papel do “proctor”
Apesar desses e outros benefícios evidentes da cirurgia robótica, ela exige uma curva de aprendizagem que pode ser dividida em dois momentos cruciais. No primeiro momento, o cirurgião aprende a reduzir o tempo cirúrgico e a controlar o volume de sangramento durante os procedimentos. Isso é especialmente importante para minimizar o tempo de exposição do paciente à anestesia e para reduzir complicações.
Já no segundo momento da curva, ocorre o refinamento das técnicas cirúrgicas, quando o cirurgião, após adquirir experiência, passa a realizar o procedimento com maior precisão e controle. Essa fase é fundamental para garantir a preservação de estruturas nervosas e vasculares. Ela leva a melhores desfechos funcionais, como a preservação das já citadas continência urinária e da potência sexual.
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No entanto, atingir essa curva de aprendizagem de forma eficaz requer treinamento especializado. É nesse contexto que a proctoria se torna indispensável. Ela consiste em um processo de supervisão, no qual um cirurgião experiente – o proctor – orienta e acompanha outros médicos em formação durante cirurgias robóticas. Isso garante que eles adquiram as habilidades necessárias para realizar o procedimento com segurança e eficácia.
A capacitação através da proctoria envolve etapas teóricas e práticas. Após a parte teórica, o cirurgião em formação realiza procedimentos específicos no robô. Todos esses procedimentos são assistidos por um proctor, que supervisiona cada movimento, proporcionando orientações valiosas sobre técnicas e decisões cirúrgicas. Esse modelo reduz o tempo dessa curva de aprendizagem, permitindo que o médico desenvolva confiança e domínio técnico em um período mais curto.
Impacto no interior
Toda essa estrutura de formação supracitada tem um impacto direto na qualidade do atendimento oferecido aos pacientes. Mas, dentro desse contexto, ao permitir que cirurgiões do interior se qualifiquem em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, onde a tecnologia está mais disponível, a proctoria também facilita o acesso a tratamentos avançados em áreas geograficamente distantes.
Dessa forma, podemos afirmar que a ela tem um papel crucial na democratização do acesso às técnicas de cirurgia robótica. Isso porque em muitas regiões do Brasil, especialmente no interior, a falta de acesso a tecnologia avançada limita as opções de tratamento para os pacientes. No entanto, com a formação de cirurgiões especializados através de programas de proctoria, essa realidade começa a mudar.
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Cirurgiões do interior, ao se capacitarem em centros maiores, podem trazer esses conhecimentos de volta para suas regiões, melhorando a qualidade do atendimento local. Embora muitos desses médicos ainda precisem realizar os procedimentos em hospitais equipados com a tecnologia robótica, eles estão prontos para aplicar a técnica de maneira eficaz. Oferecendo, assim, aos pacientes do interior, as mesmas opções de tratamento disponíveis nas capitais, tudo sob a sua condução.
A robótica na uro-oncologia
Além disso, o avanço contínuo da tecnologia e a expansão da cirurgia robótica no Brasil indicam que, em breve, mais hospitais no interior poderão dispor de robôs cirúrgicos. Com médicos devidamente treinados, essa transição será mais fluida, e a cirurgia robótica poderá se tornar parte integral do tratamento oncológico em todo o país.
Tudo isso nos mostra que o futuro da medicina é cada vez mais promissor, com a inovação liderando transformações que trazem benefícios para médicos. E, principalmente, pacientes.