18 - abril - 2025
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Maior consumo de ultraprocessado aumenta risco de doenças em mulheres

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Mulheres brasileiras que têm maior consumo de ultraprocessado – como refrigerantes, biscoitos recheados e salgadinhos de pacote – e menos alimentos in natura e minimamente processados – que são mais saudáveis – têm maior risco de apresentarem doenças crônicas e uma percepção negativa da própria saúde. É o que aponta um estudo publicado nesta sexta-feira (11) na “Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde” por pesquisadores das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A pesquisa analisou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, coletados entre 2018 e 2021. Os pesquisadores entrevistaram 102.057 mulheres, nas capitais dos Estados e no Distrito Federal, que responderam sobre seus hábitos alimentares e doenças crônicas.

Os pesquisadores, então, avaliaram se a alimentação das respondentes seguia a Regra de Ouro do “Guia Alimentar para a População Brasileira”. A publicação do Ministério da Saúde define que os alimentos in natura ou minimamente processados – e as preparações culinárias feitas com esses alimentos – devem ser a base de todas as refeições. Por outro lado, recomenda se evitar o consumo de ultraprocessado.

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Consumo de ultraprocessado

As mulheres com alta adesão à Regra de Ouro do Guia – ou seja, que têm uma alimentação mais saudável – mostraram 28% menor chance de apresentar obesidade. Tiveram ainda 15% menor chance de apresentar hipertensão, 31% menor chance de apresentar depressão e 45% menor chance de uma autoavaliação negativa de saúde. Isso quando comparadas às mulheres com baixa adesão – e que possuem, portanto, uma alimentação com maior participação de ultraprocessados.

Por outro lado, as mulheres com adesão moderada à Regra de Ouro do Guia mostraram 14% menor chance de apresentar obesidade e 28% menor chance de relatar uma percepção negativa da própria saúde em comparação com as mulheres com baixa adesão.

Diferenças sociais

O trabalho também identificou diferenças socioeconômicas e demográficas entre os perfis alimentares. O grupo com alimentação menos saudável abrange, majoritariamente, mulheres com menos de 35 anos, com nove a 11 anos de escolaridade, que autodeclararam cor da pele preta ou parda e sem presença de companheiro. Por outro lado, a maior adesão à Regra de Ouro do Guia ocorreu em mulheres acima de 50 anos, com nível superior de escolaridade e com companheiro.

Taciana Maia de Sousa, professora da UERJ e uma das autoras do trabalho, ressalta a importância de pesquisas que olhem para a alimentação das mulheres. “Apesar de as mulheres serem frequentemente associadas a comportamentos mais saudáveis, as disparidades socioeconômicas de gênero impactam negativamente a sua capacidade de acessar alimentos mais saudáveis devido aos menores níveis de renda dessa população”, complementa. Sousa acrescenta que essa desigualdade agrava o risco de insegurança alimentar em famílias chefiadas por mulheres – que, hoje, representam mais da metade dos lares brasileiros.

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Entre 2017 e 2021, o Brasil presenciou aumento na prevalência combinada de obesidade, diabetes e hipertensão entre mulheres, de 5,5% para 9,6%. “A redução do consumo de refeições tradicionais, incluindo o feijão, está diretamente ligada ao menor consumo de refeições em casa e ao aumento na ingestão de ultraprocessados e de refeições prontas”, exemplifica a autora.

Estilo de vida

De acordo com Sousa, a tendência está relacionada a mudanças no estilo de vida, como o aumento da carga de trabalho. Ela também cita a crise econômica enfrentada pelo país na última década bem como a crise climática. Combinadas, elas refletem no aumento do preço dos alimentos saudáveis, reduzindo o acesso a esses itens.

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A fim de minimizar a presença de doenças crônicas em mulheres brasileiras, a professora defende ações que incentivem a adesão a uma alimentação mais saudável. Ela diz que políticas fiscais que reduzam impostos sobre alimentos in natura e minimamente processados são essenciais. “E que aumentem a tributação sobre ultraprocessados e promovam a segurança alimentar,” complementa.

Sousa também destaca a importância de medidas mais amplas. “É necessário investir na infraestrutura urbana e nas condições de transporte, por exemplo”, diz. De acordo com ela, o longo tempo de deslocamento nas cidades reduz o tempo disponível para planejar e preparar refeições, favorecendo o consumo de ultraprocessado.

Fonte: Agência Bori
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