09 - maio - 2024
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Medo de agulha? UFMG faz teste com adesivo para vacina

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O medo de agulha afeta um em cada quatro adultos e duas em cada três crianças de 6 a 17 anos no mundo. Agora, um novo estudo feito no Brasil pode ajudar essas pessoas a aderir à vacinação. Em Minas, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) faz teste com adesivo para vacina. O dispositivo, feito a partir da disposição de centenas de microagulhas em um adesivo minúsculo, pode ser facilmente autoaplicado na superfície da pele.


Essas microagulhas para o adesivo em vacina são desenvolvidas pela Microneeds, uma startup de São Paulo, e pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), liderados pelo professor Wendel Andrade Alves. Além da UFMG, trabalham na validação das microagulhas para diferentes aplicações, cientistas parceiros de diferentes universidades brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

UFMG faz teste com adesivo para vacina


Na UFMG, o professor Guilherme Mattos Jardim Costa, do Departamento de Morfologia, lidera o grupo de pesquisadores. “Fomos convidados a colaborar testando a segurança toxicológica das microagulhas que compõem os patches e são responsáveis por carregar e liberar os imunizantes no corpo”, conta a pesquisadora Lídia Maria Andrade, em pós-doutoramento no Laboratório de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. 


“Como o objetivo é usar os adesivos em humanos, são necessários ensaios pré-clínicos, in-vitro e in-vivo, para saber se as microagulhas são capazes de entregar as substâncias que estão dentro delas e se causam algum efeito adverso, como irritação ou inflamação na pele”, esclarece Lídia.


“Aqui, na UFMG, estamos fazendo os estudos in vitro usando células de pele humana, de camundongo e de macaco que foram compradas de banco de células comerciais”, explica Lídia. Os testes utilizam células de pele humana, de fígado de camundongo e de rins de macaco, todas de linhagem comercial, obtidas em banco internacional.


“Temos aprovação do Comitê de Ética para pesquisa utilizando animais para fazer os experimentos pré-clínicos usando camundongo como modelo. Nele aplicamos as microagulhas na pele dos camundongos e analisamos se dá alguma irritação”, complementa.


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Resultados promissores 


“Um dos testes, in vitro, avalia se as células expostas às microagulhas estarão viáveis ou vão parar de crescer”, detalha a pesquisadora. “Em uma outra experiência, in vivo, nós avaliamos se a pele do camundongo fica irritada, se vai haver inflamação no local ou não, se apresenta alteração morfológica em decorrência da aplicação da microagulha”, complementa. Por fim, avalia-se fragmentos de fígado e rim para verificar a ocorrência de algum problema sistêmico. Há ainda testes bioquímicos com amostras de sangue para avaliar as funções renal e hepática dos animais.


Segundo Lídia, as microagulhas foram capazes de liberar todo o conteúdo que carregavam em aproximadamente uma hora. “Vimos também que a pele animal não fica irritada, apontando que não existe toxicidade capaz de provocar reações adversas”, afirmou. Os testes, explica a pesquisadora da UFMG, ainda vão caminhar até 2025, pelo menos. Ela diz, no entanto, que, como até agora a avaliação da função hepática não mostra alteração significativa, isso sugere que o método proposto para imunização é promissor.


Vivian Oliveira, fundadora e responsável administrativa da startup Microneeds, diz que é difícil estimar quando o adesivo para vacina deve estar disponível. “Como se trata de um dispositivo médico, precisamos cumprir todas as etapas de desenvolvimento pré-clínico exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estamos no caminho, obtendo sucesso nas etapas de validação biológica iniciais”, explica.


Tecnologia do adesivo para vacina


Imagem mostra como é o adesivo para vacina
Imagem mostra como é o adesivo para vacina. (Crédito: José Eduardo Ulloa/UFABC)

As microagulhas são compostas por polímeros – moléculas muito pequenas usadas em aplicações biomédicas. A tecnologia  de microagulhas desenvolvida pela Microneeds consiste em um dispositivo composto de microagulhas (10 x 10 unidades de microagulhas, com cada unidade apresentando 700 mm de altura x 200 mm largura de base) que, ao ser colocado sobre a pele, libera ativos localmente numa razão controlada a camada dérmica”, explica Vivian.


Segundo Vivian, estima-se que o medo de agulhas afete até 25% dos adultos e 63% das crianças (de 6 a 17 anos) no mundo. “Isso pode levar as pessoas a evitarem vacinas, procedimentos médicos e tratamentos diversos. Estima-se que 1 em cada 10 pessoas pode não estar em dia com a vacina para Covid-19 devido a esse pânico por agulhas (segundo o CDC, Center for Disease Control and Prevention, dos EUA)”, explica a responsável administrativa da Microneeds.


“Administração de vacinas através das microagulhas é uma tecnologia de ponta que oferece uma administração facilitada, isenta de dor, bom custo-benefício e com o diferencial de oferecer uma potente indução de imunidade via transdérmica”, diz Vivian. O método é simples: o adesivo repleto de microagulhas com formulação vacinal desejada faz a administração da substância desejada. 


“Uma vez na pele, produzem microporos, de modo a atingir a camada dérmica, que aborve o medicamento de forma controlada. Isso facilita a aplicação, não exige pessoal altamente qualificado”, diz Vivian. “Este dispositivo visa minimizar as barreiras da aplicação: desconforto da picada, necessidade de pessoal especializado para aplicação e dificuldades de acesso e armazenamento do produto”.

Método tem várias vantagens


A tecnologia não só ajudaria a superar o medo de agulhas, explica Vivian. Também permitiria a administração de medicamentos de maneira mais eficiente e controlada. “Nossa solução tecnológica oferece uma grande vantagem. A otimização da cadeia de frio e aumento da eficiência terapêutica, exigindo menores doses do medicamento e reduzindo o custo do tratamento, imunobiológicos são medicamentos caros, como consequência podemos contribuir com a ampliação do acesso desse tipo de terapia a população”, defende. 


A tecnologia desenvolvida de microagulhas, diz Vivian, ainda dispensa do uso de agulhas descartáveis de metal. Isso, diz, promove maior sustentabilidade no setor de saúde, reduzindo a geração de resíduos biológicos potencialmente contaminantes.


Segundo Vivian, a importância de plataformas de delivery baseada em microagulhas tem tido um amplo reconhecimento em âmbito mundial. “Em 2020, o Forum Econômico Mundial (World Economic Forum) listou as microagulhas em 1º lugar dentre as dez tecnologias emergentes mais promissoras para transformar positivamente a sociedade e a indústria.  Logo, acreditamos estar no caminho certo”, afirma. 


Existem adesivos baseados em microagulhas para vacinação em fase de desenvolvimento clínico, majoritariamente desenvolvidos por países da Ásia, pelos EUA e na Europa. “O domínio dessa tecnologia nos habilita a desenvolver microagulhas para variadas diferentes aplicações de interesse biomédico”, explica.

Matéria atualizada em 25 de agosto de 2023 a pedido da Microneeds

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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