27 - abril - 2024
InícioCiência na saúdeDiabetes: insulina oral pode revolucionar tratamento

Diabetes: insulina oral pode revolucionar tratamento

- Patrocinado -

Pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, estão desenvolvendo uma insulina oral que pode ser uma revolução no tratamento de pacientes com diabetes que precisam fazer o uso do medicamento na forma injetável para controlar o nível de glicose no sangue.

A substância já foi usada em ratos e camundongos com diabetes e babuínos saudáveis, mostrando ótimos resultados (publicados no periódico científico “Nature“). A expectativa é testar a nova insulina em seres humanos a partir do próximo ano.

O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela produção ineficiente ou pela resistência à ação da insulina, o hormônio produzido pelo pâncreas, que controla a quantidade de glicose no sangue para fornecer energia ao corpo humano. Segundo dados da pesquisa Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 10,2% dos brasileiros têm diabetes.

Leia mais:
Diabetes: mitos e verdades
Novo remédio para diabetes tem resultado superior ao Ozempic
Depoimento sobre diabetes tipo 1: “Minha filha é um doce. E agora?”

Até agora, o uso da insulina por via oral não era uma possibilidade, pois a substância é uma proteína, o que faz com que ela sofra a digestão no estômago e não consiga chegar intacta ao fígado, onde deve agir. “Por isso, os pesquisadores desenvolveram nanopartículas que conseguem resistir a esse processo e têm absorção adequada”, explica o endocrinologista Simão Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Facilidades da insulina oral

Segundo os especialistas ouvidos pela Agência Einstein, os efeitos obtidos com os animais dão indícios de que a nova forma de utilização da insulina leva vantagem sobre a injetável. Isso porque entrega o hormônio diretamente no fígado, onde pode ser absorvido ou entrar na circulação sanguínea.

No caso das injeções, uma grande parte da insulina acaba nos músculos e no tecido adiposo. Além de tornar a ação da substância mais eficaz, a apresentação oral pode ajudar a evitar a hipoglicemia – baixa quantidade de açúcar no sangue -, sendo um efeito colateral bem conhecido por quem utiliza a versão injetável. Isso porque, quando chega ao fígado, a insulina é quebrada por enzimas e é utilizada pelo organismo apenas quando os níveis de glicose no sangue estão altos – nada acontece se eles estiverem normais.

“Como o hormônio aplicado pela agulha impregna o tecido adiposo, parte dele é liberada mesmo quando a glicose está normal, o que pode desencadear o quadro de hipoglicemia, o que faz que a alternativa oral ofereça uma segurança muito maior”, afirma a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro.

Baixo risco de hipoglicemia

“Isso reduz o risco de hipoglicemia, ou seja, a queda do açúcar do sangue, pois a liberação ocorre de maneira controlada, de acordo com as necessidades do paciente, diferentemente do que acontece com as injeções, que fazem com que a insulina seja disponibilizada de uma vez só”, explica a médica.

Adesão ao tratamento

Outra vantagem da utilização da insulina oral é que ela provavelmente garantirá uma adesão maior ao tratamento, pois os pacientes não terão a necessidade de se picar. Segundo os médicos, muitos pacientes evitam aplicar a substância quando estão fora de casa com o receio de sofrerem um episódio de hipoglicemia, que pode provocar confusão mental, tontura, palpitações, tremores e, em casos mais graves, desencadear crises convulsivas, a perda de consciência e até o risco para a vida. “Isso sem falar que a necessidade de ficar monitorando a glicemia com um furinho na ponta do dedo seria menor”, diz a médica.

“Apesar de as insulinas atuais terem um manejo bem mais confortável do que no passado, a administração oral poderia levar à maior aderência, sim”, concorda Lottenberg. Os médicos ouvidos pela Agência Einstein dizem, no entanto, que a única má notícia é que ainda há um longo caminho a percorrer para que a insulina oral esteja acessível aos diabéticos.

O diabetes

Diabetes tipo 1

Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, há pouca ou nenhuma liberação da insulina para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o tipo 1 de diabetes, que concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença.

Aparece geralmente na infância ou adolescência, mas há diagnóstico em adultos também. O tratamento se dá com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue.

Diabetes tipo 2

Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2. Aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controla a taxa de glicemia.

Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, o controle ocorre com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose.

Diabetes gestacional

Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por mudan-ças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte importante de hor-mônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glico-se pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro.

Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem um quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando há exposição do bebê a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intrauterino, há maior risco de crescimento excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até obesidade e diabetes na vida adulta.

Sinais do diabetes gestacional

O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas são identificáveis. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana de gravidez (início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose – o teste oral de tolerância a glicose.

Quais são os fatores de risco?

  • Idade materna mais avançada;
  • Ganho de peso excessivo durante a gestação;
  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional;
  • História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos);
  • História de diabetes gestacional na mãe da gestante;
  • Hipertensão arterial na gestação;
  • Gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

Pré-diabetes

Ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de diabetes tipo 2. Obesos, hipertensos e pessoas com alterações nos lipídios estão no grupo de alto risco.

É importante destacar que 50% dos pacientes nesse estágio ‘pré’ vão desenvolver a doença. O pré-diabetes é especialmente importante por ser a única etapa que ainda pode haver reversão ou adiamento da evolução para o diabetes e suas complicações.

A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os principais fatores de sucesso para o controle. No entanto, para 60% dos pacientes, a dieta é o passo mais difícil. Ao todo, 95% têm dificuldades com o controle de peso, dieta saudável e exercícios regulares. Lembre-se: ninguém morre de diabetes, e sim do mau controle da doença.

De acordo com a International Diabetes Federation, entidade ligada à ONU, existem no mundo mais de 380 milhões de pessoas com diabetes. Na maioria dos casos, a doença tem associação com condições como obesidade e sedentarismo. É possível reduzir a taxa de glicose no sangue com medidas simples. Perder de 5 a 10% do peso por meio de alimentação saudável e exercícios faz uma grande diferença na qualidade de vida. Mexa-se!

Fatores de risco

  • Pressão alta;
  • Alto nível de LDL (‘mau’ colesterol) e triglicérides; e/ou baixo nível de HDL (‘bom’ colesterol);
  • Sobrepeso, principalmente se a gordura se concentrar em torno da cintura.
Fontes: Agência Einstein e Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)
- Patrocinado -
Leia também...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -
Papo no Consultório
Papo no Consultório
O Papo no Consultório é um espaço independente e publica o que considera relevante, considerando sempre as premissas do jornalismo. Textos e imagens podem ter direitos autorais.

MAIS POPULARES