25 - abril - 2024
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Antibióticos e uso consciente

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Entenda por que você nunca deve atrasar as doses do antibiótico

Cumprir horário das doses é fundamental para manter segura a concentração dos níveis do medicamento

O uso de antibióticos requer cuidados. Pensar que atrasar uma ou outra dose não faz mal pode interferir no resultado do tratamento e até mesmo contribuir para a resistência de bactérias. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou uma lista com 12 bactérias resistentes que precisam de atenção (veja neste post, abaixo da entrevista) e alertou, mais uma vez, sobre a importância do uso racional de antibióticos.

Listei 12 dúvidas mais comuns e pedi ao médico infectologista Antonio Toledo Jr., vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e professor do curso de medicina da Unifenas-BH, para esclarecer alguns pontos. Confira!

1) O que é mais importante saber quando se inicia um tratamento com antibiótico?

O antibiótico só deve ser utilizado se for prescrito por um médico. O uso incorreto desse medicamento pode ocasionar problemas graves para o indivíduo que faz o tratamento ou para outras pessoas, como o aumento da resistência bacteriana. Diz-se que uma bactéria é resistente quando o antibiótico não faz mais efeito sobre ela.

2) Por que não podemos adiantar ou atrasar as doses ministradas?

O intervalo entre as doses dos medicamentos é calculado de forma a manter a concentração deles em níveis seguros e eficazes no sangue e no restante do corpo, de forma a garantir o seu efeito completo.

3) Quais efeitos o atraso de uma dose pode ter?

O atraso da dose pode reduzir a concentração do medicamento abaixo do nível mínimo desejado, reduzindo a eficácia do tratamento. Num momento de baixo nível do antibiótico, pode aparecer uma bactéria resistente. Quanto mais irregular for o tratamento, com atrasos de doses ou perda de doses, maior o risco de resistência bacteriana.

4) O que é menos pior: adiantar ou atrasar a dose? Em casos extremos, como devemos agir?

O ideal é seguir os horários predefinidos para evitar a variação nos níveis de antibiótico. Se for impossível manter o horário, converse com seu médico. Não é possível estabelecer uma regra fixa, pois a análise depende do antibiótico e da fase do tratamento. De modo geral, adiantar é melhor do que atrasar. Mas não se deve alterar o horário em mais de 30 minutos. Mas tome cuidado, pois se você adiantar uma dose 30 minutos e atrasar a dose seguinte mais 30 minutos, o intervalo entre essas duas doses será 1 hora maior do que o recomendado, o que aumenta a chance de reduzir a concentração do medicamento no corpo.

5) Como é a ação do medicamento no organismo?

Na verdade, o antibiótico age sobre a bactéria que está causando a infecção e, não, sobre o organismo humano. É preciso garantir que ele tenha níveis satisfatórios de concentração no local da infecção. Geralmente, ele age destruindo a bactéria por diferentes mecanismos, de acordo com o tipo de antibiótico.

6) Como funcionam os picos de ação do antibiótico no organismo?

Os níveis de antibiótico no sangue e no restante do corpo são variáveis. Após a ingestão do medicamento, os níveis alcançam os valores mais altos (pico). Esses níveis vão diminuindo com o passar do tempo, até alcançarem os valores mais baixos logo antes da dose seguinte. É muito importante manter os níveis do medicamento dentro dos intervalos recomendados. Se você adiantar muito a dose do antibiótico, os níveis podem ficar muito elevados. Se você atrasar ou perder uma dose, os níveis podem ficar muito baixos, e a bactéria pode voltar a crescer. Por isso, seguir o horário indicado pelo médico é muito importante para manter os níveis corretos do antibiótico e para o sucesso do tratamento.

7) O antibiótico é um remédio agressivo para o nosso organismo?

Normalmente, o antibiótico age diretamente sobre as bactérias, mas alguns deles podem agir sobre células do corpo humano ou sobre bactérias que normalmente estão no corpo humano e não causam doença e até ajudam o funcionamento do corpo humano. Eu não diria que os antibióticos são agressivos. Eles são medicamentos críticos. Seu uso incorreto pode trazer consequências graves para o paciente, como não curar a infecção, e para o paciente e o restante da população, como a resistência bacteriana. Como qualquer medicamento, o antibiótico pode causar efeitos colaterais indesejados, como enjoos e diarreia. Caso tenha algum problema com o uso do antibiótico, não interrompa seu uso sem orientação médica.

8) Pode ser tomado com outro líquido além de água?

A princípio, o antibiótico pode ser tomado com outros líquidos, mas não é possível criar uma regra geral. Alguns líquidos, como o leite, por exemplo, podem interferir na absorção de alguns antibióticos. Se a absorção do medicamento for baixa, seus níveis no sangue e no corpo também serão baixos, o que pode reduzir o seu efeito e o sucesso do tratamento. Siga as orientações de seu médico e, em caso de dúvidas, entre em contato com ele.

9) Pode ser ingerido perto de refeições ou vai depender do antibiótico?

Assim como no caso dos líquidos, não é possível criar uma regra geral para a relação entre antibióticos e os alimentos. Alguns antibióticos devem podem ser tomados em jejum e outros podem ser tomados após as refeições, isso depende basicamente de como a acidez do estômago influencia a absorção do medicamento. Se a absorção do antibiótico for baixa, seus níveis no sangue e no corpo também serão baixos, podem reduzir o seu efeito e o sucesso do tratamento. Siga as orientações de seu médico e, em caso de dúvidas, entre em contato com ele.

10) Algumas pessoas sentem diferença no resultado de antibióticos genéricos… Muitas vezes, precisam usar mais tempo ou trocar a medicação porque ela não funciona. Existe alguma discussão no meio médico sobre isso?

Como já foi explicado, o antibiótico pode não fazer efeito por vários motivos, como interferência de alimentos na sua absorção, uso em horários irregulares e esquecimento de doses e uso por tempo inferior ao recomendado. Eventualmente, a bactéria que causa a infecção pode ser resistente ao antibiótico recomendado pelo médico. Não há como prever isso antes do tratamento. É muito importante que o paciente informe ao médico se ele usou antibiótico nos últimos 3 meses ou se ele esteve internado também nos últimos 3 meses. Essas duas situações aumentam o risco de resistência bacteriana. Teoricamente, os medicamentos genéricos têm o mesmo efeito do medicamento de referência, ou de marca. Pessoalmente, eu me oriento mais pelo laboratório que produz o medicamento e, não, pelo fato de ser genérico ou não. A política de genéricos é muito importante, mas mais importante ainda é a qualidade do medicamento.

12) Existe algum antibiótico com o qual a gente precisa ter mais cuidado com os horários das doses?

Todos antibióticos são críticos e importantes e seu uso incorreto ou desnecessário pode trazer problemas para o paciente e para outras pessoas. Só use antibiótico se receitado por um médico e da forma e pelo tempo indicados por ele. Se tiver algum problema com o tratamento, não suspenda o antibiótico sem orientação médica, pois pode ser necessária a troca do antibiótico para completar o tempo recomendado de tratamento.

Fonte: Antonio Toledo Jr. Médico infectologista. Vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. Professor do curso de medicina da Unifenas-BH.
Lista de antibióticos resistentes que preocupam a OMS

A Organização Mundial da Saúde publicou, no fim de fevereiro, sua primeira lista de bactérias resistentes aos antibióticos. São 12 famílias de bactérias que representam maior ameaça para a saúde humana. A lista foi elaborada como parte dos esforços da OMS para enfrentar a crescente resistência global aos medicamentos antimicrobianos e orientar a pesquisa e o desenvolvimento de novas drogas.

O grupo mais crítico inclui bactérias multirresistentes, comuns em hospitais, casas de repouso e entre os pacientes com ventiladores e cateteres intravenosos. Entre elas, estão Acinetobacter, Pseudomonas e várias Enterobacteriaceae. São bactérias que podem causar infecções graves, como infecções da corrente sanguínea e pneumonia, e morte.

As categorias de prioridade alta e média contêm outras bactérias que são cada vez mais resistentes aos fármacos. Elas provocam doenças comuns, como gonorreia ou intoxicação alimentar causada por salmonela.

Lista de antibióticos resistentes foi dividida em três categorias de acordo com a urgência de novos antibióticos: prioridade crítica, alta ou média

Prioridade 1: CRÍTICA

Acinetobacter baumannii, resistente a carbapenema
Pseudomonas aeruginosa, resistente a carbapenema
Enterobacteriaceae, resistente a carbapenema, produtoras de ESBL

Prioridade 2: ALTA

Enterococcus faecium, resistente à vancomicina
Staphylococcus aureus, resistente à meticilina
Helicobacter pylori, resistente à claritromicina
Campylobacter spp., resistente às fluoroquinolonas
Salmonellae, resistente às fluoroquinolonas
Neisseria gonorrhoeae, resistente a cefalosporina e às fluoroquinolonas

Prioridade 3: MÉDIA

Streptococcus pneumoniae, sem sensibilidade à penicilina
Haemophilus influenzae, resistente à ampicilina
Shigella spp., resistente às fluoroquinolonas

Fonte: Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)
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4 COMENTÁRIOS

  1. estou com o dente infeccionado o dentista receitou amoxicilina 500 mg de 12 em 12 horas tomei errado , tomei de 8em8 horas , o que pode acontecer? Me ajude!!!

    • Luana,
      Tudo bem? Conforme o médico infectologista fala neste post, é bom evitar que a próxima dose seja tomada com uma hora de atraso. Mas fale sobre isso com seu médico. Cada caso é um caso, as orientações dependem do antibiótico usado e da fase de seu tratamento, entre outros fatores que só o seu médico pode avaliar. Sucesso em seu tratamento,
      Abraços
      Carla

  2. Ola. Meu filho esta internado no hospital a 11 dias, lá eles adotaram uma regra de 1 hora e meia antes e 1 hora e meio depois do horario.

    Estou achando um absurdo, mas falaram que é normal e seguro, fazem com todas aa crianças.

    Gostaria se possível de uma opinião quanto a esse procedimento.

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Carla Chein
Carla Chein
Carla Chein é jornalista com pós-graduação em jornalismo científico. Tem experiência em jornal impresso e como professora no curso de jornalismo.

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